Fala, galera! Beleza? Biel Furlaneto voltando de um hiato (explico no final a ausência) para trazer para vocês o Além do Óbvio de uma das bandas mais importantes do rock mundial.

Antes de mais nada, não: eu não sou fã de Queen. Tampouco acho Freddie a maior voz de todos os tempos. Mas não se pode negar a importância histórica que o quarteto possui para a música. Sendo assim, hora de garimpar! Fui pescando faixas de álbuns aleatoriamente até encontrar essas dez escolhas.

Certamente quem me conhece vai ler este texto e perguntar: “Is this the real life? Is this just fantasy?”

Bora lá?

The Prophet’s Song (A Night at the Opera, 1975)

Presente no mesmo álbum que o colosso Bohemian Rhapsody, tem uma levada um pouco mais dramática do que a canção mais famosa da banda. Eu costumo dizer que todo esse exagero operístico é o que me mantém distante do Queen, mas nesta faixa específica me agradou o quão bem o grupo inteiro casa com a orquestra. Você consegue ouvir perfeitamente Brian, John e Roger carregando a música. Se tirasse os dois minutos de psicodelia vocal no meio (ou pelo menos diminuísse para uns 30 segundos), teria tudo para se tornar uma das minhas favoritas.

All Dead, All Dead (News of the World, 1977)

Gosto do piano e da melancolia da composição. É um clima de intimidade e delicadeza, com o versátil Freddie cantando de forma suave. Destaque para o genial Brian May e sua guitarra cheia de feeling, que aparece de forma discreta, mas muito marcante. Inclusive, pesquisando, vi que é uma criação do guitarrista como homenagem ao seu gato, que faleceu quando ele era criança.

It’s Late (News of the World, 1977)

Esse é o Queen que eu gosto! Banda on fire, Roger Taylor amassando as peles, John Deacon conduzindo a canção com seu baixo marcante e Brian May com mais um de seus incríveis riffs. Quando é um rock de verdade e não uma ópera, até os corais ficam mais interessantes. A performance vocal de Freddie é excelente — mas isso é redundante dizer. Assim como a faixa anterior, está no álbum das pedradas We Will Rock You e We Are the Champions, o que torna ambas bastante ofuscadas.

White Man (A Day at the Races, 1976)

O primeiro minuto engana: Freddie em um tom quase falado, acompanhado de uma guitarra abafada. A partir daí, tudo fica mais pesado e firme. Uma canção de protesto, cheia de riffs impactantes e com a cozinha Taylor/Deacon novamente na mais perfeita harmonia. Está no mesmo álbum da clássica Somebody to Love.

The Loser in the End (Queen II)

Uma das músicas mais diretas dentre as que ouvi para esta matéria. Destaque para o vocal de Roger Taylor, que é um verdadeiro absurdo. Claro que, quando você tem um cantor praticamente “sagrado” para o mundo, os outros acabam ofuscados. Mas aqui o baterista brilha em tudo. Sua levada na bateria casa muito bem com o solo de Brian, e a mistura com o baixo mostra que John e Roger nasceram para tocar juntos. Bela pérola do segundo disco da banda.

She Makes Me (Stormtrooper in Stilettos) (Sheer Heart Attack, 1974)

Eu gostei da vibe experimental e atmosférica que a faixa traz. Um violãozinho bem honesto, com uma bateria que mantém as mesmas batidas do começo ao fim e a voz suave de Freddie novamente. No final, uns barulhos de sirene e o que parecem ser as navinhas “pew pew pew” de Star Wars (não sei se o nome da música me levou a isso inconscientemente) fazem você viajar legal.

Son and Daughter (Queen, 1973)

Queen meets Black Sabbath? TEMOS! Pelo menos no começo. O riff inicial parece ter vindo das mãos mágicas de Tony Iommi. A levada lembra algo dos pais do heavy metal, claro, misturado com a sofisticação dos membros da Rainha. Três minutinhos de uma (à época) excelente e promissora banda de rock n’ roll.

Dead on Time (Jazz, 1978)

Freddie e sua turma continuam sua saga. Após encontrarem o Sabbath na música anterior, é hora de jogar uma pitada de Rush! O instrumental beira o insano de tão perfeito. Tudo encaixa como um quebra-cabeças. Uma verdadeira aula do quarteto, cada integrante brilhando intensamente no que se propôs a fazer. Virou uma das minhas favoritas. Talvez, se tivesse saído antes da fase ópera, teria sido mais um dos grandes hits.

Gimme the Prize (Kurgan’s Theme) (A Kind of Magic, 1986)

Trilha sonora do filme Highlander, é uma canção típica dos anos 80. Bateria com um reverb simplesmente absurdo, cheia de distorção nas guitarras. As falas dos personagens em momentos-chave dão um charme especial. E, senhoras e senhores, o que o Sir Brian Harold May faz com o solo desta faixa é algo que não consigo descrever em palavras.

Por estar no álbum de sucessos — como a faixa-título, além de Who Wants to Live Forever e Friends Will Be Friends — fica injustamente em um limbo.
Obs.: o disco tem outra música ótima que é tema do mesmo filme, a maravilhosa Princes of the Universe, que está no nosso “Além do Óbvio – Trilhas Sonoras”, que você pode conferir clicando AQUI.

Was It All Worth It (The Miracle, 1989)

Finalizamos com outra porrada! Épica e grandiosa, mas sem exageros. Quando o Queen acertava a mão nesse equilíbrio, ficava difícil errar. Mais um riff pesadíssimo de Brian. A letra me pareceu quase autobiográfica, com a banda olhando para trás e se perguntando se tudo valeu a pena. O vocal de Freddie não é ruim nunca, mas nesta faixa específica parece ter algo a mais: intensidade e vitalidade, como se ele estivesse de fato afirmando o legado imensurável que o quarteto criou. Uma canção linda e emocionante.

BÔNUS TRACK – The Greatest

Série do canal oficial do Queen, com mais de 100 vídeos de depoimentos dos membros da banda a respeito dos diversos momentos da história do Queen. São, no geral, vídeos curtos, de 5 a 6 minutos cada. Uma verdadeira aula de história do rock de uma das maiores bandas do planeta.

Playlist completa:

Galera, explicando rapidamente: recentemente perdi o melhor amigo que eu tinha na vida, e a equipe do Headbangers Brasil me acolheu da forma mais carinhosa possível, me dando tempo indeterminado para a recuperação, e eu agradeço demais a todos por isso. Porém, como diz o próprio Queen, “The Show Must Go On”.

Sendo assim, semana que vem a gente tá de volta.

Valeeeeeeeeeeeeeeeeu!