Além do Óbvio, DU BRAZIL!
UM, DOIS, TRÊS, VAI!
Fala, galera, beleza? Biel Furlaneto na área e hoje é dia de falar da maior banda de rock que este país já produziu.
Não é segredo pra você que me acompanha há algum tempo que minhas raízes estão fincadas no Hard Rock, mas não tem como não se animar pra falar de Sepultura.
A banda que começou com um Black/Death que não devia nada pra galera gringa, e que se aperfeiçoou a ponto de mudar o jogo em 1996, sendo referência pra quase tudo na música pesada desde então.
Geralmente, quando se fala da banda, o pensamento vai direto pra músicas como “Roots Bloody Roots”, “Territory”, “Sepulnation” e afins.
Mas hoje eu tô aqui pra te mostrar que eles vão muito além dessas pérolas.
Bora lá, então?
Altered State – Álbum: Arise (1991)
Riffs rasgando a garganta, bateria martelando a cabeça, a voz de Max crua e cruel. Sepultura na sua forma mais bruta, porém já com uma excelente técnica.
Raging Void – Álbum: Quadra (2020)
Eu sou do time que prefere o Sepultura mais recente, e o motivo é a criatividade que vai além da porradaria desenfreada (que também é legal!). Aqui temos uma composição moderna, intensa e com um clima épico. “Raging Void” une o peso tradicional da banda com uma ambientação quase progressiva, além de letras que tocam o existencialismo. É uma das melhores provas de como o Sepultura segue se reinventando com inteligência e brutalidade.
Breed Apart – Álbum: Roots (1996)
Em meio aos hits que marcaram o maior disco da carreira da banda, essa é uma música mais sombria e direta, que passa despercebida por muita gente. Carregada no groove e na atmosfera tribal, ela é uma pancada seca que mostra o quanto o Sepultura mergulhou de cabeça em suas raízes culturais e sonoras. O instrumental é denso, quase ritualístico. Uma verdadeira joia ignorada pelos ouvintes mais casuais.
Uma Cura – Álbum: Nation (2001)
Apesar de ser só refrão, é curioso pensar que foi com um vocalista americano que o Sepultura lançou uma música com título em português, né?
Obs.: Vale lembrar que no álbum Against (1998) tem a faixa “Reza”, cantada totalmente na nossa língua, mas quem canta é o João Gordo em participação especial.
“Uma Cura” é um daqueles momentos que passam batido até por fãs mais atentos. A canção traz um Sepultura sombrio, arrastado, quase doom em certos momentos. Derrick Green transmite dor e desespero com vocais rasgados e sinceros, enquanto a banda entrega uma sonoridade opressiva. É algo que foge tanto dos discos clássicos quanto do que se esperava da nova fase — e por isso mesmo merece ser redescoberta.
Grief – Álbum: The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (2013)
Mais uma faixa super criativa, misturando o peso característico nos refrãos com estrofes extremamente melancólicas. O vocal que começa com um sussurro e explode no refrão quase como um grito de socorro é espetacular. Eu não sou dono da opinião alheia, mas pensar que em 2025 ainda tem gente subestimando o que o Derrick faz no Sepultura é triste.
Funeral Rites – Álbum: Morbid Visions (1986)
Tirem os ouvidos sensíveis da sala. Faixa crua e violenta que mostra o Sepultura no início da carreira, ainda com forte influência do death e do black metal da época. “Funeral Rites” tem riffs rápidos, uma atmosfera obscura e um ritmo acelerado que capturam a essência underground da banda. O gutural de Max é um show à parte pra quem curte esse estilo.
Dialog – Álbum: Kairos (2011)
Uma sonoridade mais moderna, porém muito agradável. Coloquei essa música para destacar o baterista Jean Dolabella. Não é fácil ser o cara que ocupa a bateria entre Iggor Cavalera e Eloy Casagrande. Mas são em faixas como essa que você percebe que foi, sim, uma escolha acertada. Fora os riffs de Andreas Kisser que continuam matadores (o que acontece desde 1987, mas vale sempre lembrar, até porque tem uma turma que acha que ele deixou de ser gênio por ter tocado com a Ivete Sangalo).
Mass Hypnosis – Álbum: Beneath the Remains (1989)
Estava há pouco falando da genialidade de Andreas, então nada mais justo do que mostrar do que eu tô falando. Do que conheço da banda (que nem é tanto assim), essa música tem um dos riffs de abertura mais insanos do grupo, além de um solo espetacular, cheio de feeling, contrastando com um peso absurdo. Destaque também para Iggor, que transforma sua bateria numa metralhadora de balas infinitas. São 4 minutos de pancadaria pura.
I Am the Enemy – Álbum: Machine Messiah (2017)
Pancadaria pura! Lembra da escola, quando você propunha aqueles “Dois minutinhos sem perder a amizade”?
Pois bem, se forem dois minutos com a intensidade dessa música, a chance de perder a amizade é enorme.
Não há tempo pra respirar. Eloy e Paulo colocam fogo na cozinha, Andreas frita o caos e Derrick berra o terror.
Biotech is Godzilla – Álbum: Chaos A.D. (1993)
Mais brutalidade. Com o Sepultura do velho testamento, havia pouco espaço pra descanso. Aqui temos mais uma prova de por que nenhuma banda brasileira chegou onde eles chegaram. É um som que não deve nada pras gigantes dos EUA. Criatividade em alta. Paulo Jr. Entrega um baixo marcante, Max canta demais, Iggor espanca tudo com braços e pernas incansáveis, e Andreas leva seus riffs a outro patamar. Em um disco com músicas como “Refuse/Resist” e “Territory”, é natural que outras fiquem ofuscadas — mas isso não as torna menos incríveis.
BÔNUS TRACK
Bônus – SepulQuarta
Como bônus, não poderia deixar de citar esse projeto maravilhoso que salvou a pandemia de muita gente com música de qualidade. No SepulQuarta, músicos do calibre de David Ellefson, Phil Campbell, João Barone, Devin Townsend e Fernanda Lira se juntavam à banda em performances simplesmente alucinantes. Vale demais o play!
