Fala galera, beleza? Após duas semana de “férias”, o além do obvio está de volta! E quando as férias vão chegando aos seus últimos dias, aquele sentimento de tristeza consome a gente né?
Pois é, e por falar em tristeza, vamos falar da banda que eu considero o supra sumo das musicas tristes e reflexivas. Capitaneadas pelo genial Robert Smith, o The Cure enfileirou hits durante os anos 80 e 90. Como não lembrar de “Boys Don’t Cry”, “Pictures of You”, “Lullaby”, “Friday I’m Love”, “Lovesong”, “Just Like Heaven” e mais um monte de hinos do post punk?
Porém atrás de toda essa densidade há ainda mais neblina. Pérolas que fazem você refletir o que é a vida de verdade, músicas com aquela bateria com a caixa gritando e a cama de teclado que você debruça e abre a mente.
Bora lá?
The Same Deep Water As You – Para este que vos escreve, Desintegration (1989) é o maior e melhor álbum de post punk da história. Top 10 albuns da década juntando todas as vertentes (tirando o Kiss que não conta). Hinos como “Pictures of You”, “Lullaby”, “Desintegration”, “Plainsong” e “Fascination Street” dão o ar da graça nesse clássico. E entre elas, existe uma obra prima de quase 10 minutos. O forte do The Cure sempre foram as letras, e em “The Same Deep Water As You” Robet tenta ilustrar complexidade de uma profunda (trocadilho não intencional com “deep”) exploração das emoções e da conexão humana, envolta em metáforas aquáticas. A fórmula teclado + bateria + baixo que consagrou o estilo está evidente como em poucos momentos na história.
All I Want – Presente no também icónico “Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me” (1987), lar do super hit “Just Like Heaven”, essa tem uma pegada um pouco mais “alegre” por assim dizer. Nessa há muito mais destaque para a guitarra de Porl Thompson e a bateria está bem menos cadenciada do que de costume. É uma faceta nova apresentada pelo Cure, uma música que não exala tanta tristeza, apesar de mais uma letra profunda.
Warsong – O The Cure ficou bons anos sem lançar álbum (16 para ser mais exato), e os últimos lançados não agradavam tanto assim. Isso mudou quando em 2024 veio ao mundo Songs of a Lost World, que resgatou os bons momentos vividos pela banda em outrora. A música em questão é até curta, e boa parte dela (se bobear quase metade) é instrumental. Mas meu amigo, quando Robert começa a cantar com a sua voz sofrida, não sobra nada pelo caminho.There Is No If – Robert é um poeta, e quando ele resolve se declarar é pra sair chorando mesmo. There is no If, presente no álbum Bloodflowers (2000), tem vibe daquelas músicas que você está sentado na cama com sua guitarra e sai tocando e uma letra daquelas que sua namorada vai ficar bem feliz em receber como lembrança. Os anos 2000 trouxeram uma banda diferente, então os teclados estão mais escondidos por aqui, o que não atrapalha em nada essa ótima música.
Faith – Apresentando uma reflexão sobre a perda de fé e a busca por significado em meio ao desespero e à desilusão, a música que fecha o álbum de mesmo nome lançado em 1981 é mais um dos poemas de Robert Smith. Dessa vez o baixo de Simon Gallup (um dos mais subestimados baixistas da história) é quem dita o andamento das coisas enquanto um ainda jovem Robert despeja as suas reflexões e agonias durante quase 7 minutos.
A Short Term Effect – O instrumental quase agoniante, a voz com tom intenso que vai crescendo a cada verso, a letra que aborda a brevidade da vida. O álbum Pornography (1982) é o auge do Cure mais introspectivo. Novamente um baixo pulsante desde a primeira nota…uma aula de post punk
It’s Not You – A vez em que o Cure quase esqueceu o “post” e ficou só com o “punk”. O álbum de estréia da banda (Three Imaginary Boys, 1979) talvez seja o álbum que menos converse com resto da discografia da fase clássica. Uma canção curta, rápida e visceral, porem sem os protestos dos punks tradicionais. Novamente uma música sobre relacionamentos, tema que acompanha a banda até hoje.
From The Edge Of The Deep Green Sea – Não, eu não sei explicar a fascinação de Robert Smith pelas profundezas do oceano. Talvez seja a facilidade em encontrar metáforas com a profundidade que suas letras precisem. É mais uma música falando de relacionamentos, mais precisamente de um com os dias bem contados. Prova disso é a repetição de ‘nunca me deixe ir’ e o pedido para que o momento não acabe, que refletem um desejo desesperado de preservar um amor que parece estar sempre à beira do colapso. A parte instrumental é um show a parte, lembrando que o álbum Wish (1992) já é uma sonoridade diferente do obscuro dos álbuns anteriores, mesmo assim enxerga se uma melancolia no som.
Us and Then – O som mais “moderninho” do álbum “The Cure” (2004) faz com que ele seja frequentemente citado como uma das obras menos inspiradas da banda, mas ainda sim se acham bons momentos. A música citada mescla a voz característica de Robert em um novo mundo, com uma bateria descaracterizada e cheia de viradas mirabolantes, uma guitarra bem suja. É interessante de se ouvir justamente por ser diferente de tudo o que você já ouviu da banda. Mas a voz potente, desesperada e desajustada do vocalista continua a mesma, e isso é maravilhoso.
Six Different Ways – Eu poderia usar a frase “Robert Smith e seu falsete” e terminar por aqui, mas não serei tão cruel. É uma música que mostra toda a versatilidade do som da banda. Bateria, baixo, guitarra e até o que parece ser um xilofone em perfeita harmonia fazendo uma melodia tão esquisita como intrigante. E quando voce está lá se divertindo e descobrindo novos sons que vem surgindo, ela simplesmente acaba bruscamente e te deixa maluco. É a loucura dos gênios, ou a genialidade dos loucos, depende da perspectiva. A música está no aclamado “The Head on the Door” (1985), lar das gigantescas “In Between Days” e “Close to Me”.
Bônus
Não tem muito de onde tirar bônus porque Robert Smith é o The Cure e o The Cure é Robert Smith, então vou destacar aqui um cover e uma participação especial:
Hello Goodbye – No Tributo “The Art of McCartney” (2014), Robert faz uma bela interpretação de um dos maiores clássicos dos Beatles, respeitando a melodia original, mas encaixando bem a sua voz característica no projeto.
Make me Bad / In Between Days – Encerrando esse quadro, apresento a participação de Robert no Mtv Unplugged do Korn. Sim, uma banda de new metal. Para voce entender o tamanho desse cara e como ele tem fãs em todas as vertentes. É um dueto de vozes desesperadas, já que Jonathan Davis tambem canta absurdamente bem nesse estilo. A performance começa com a canção do Korn, emenda com uma releitura desse clássico absoluto do The Cure e finaliza voltando para a musica da banda de New Metal. Uma mescla interessantíssima de se ouvir.
Então é isso meus amigos, semana que vem a gente ta de volta, manda aí nos comentários e no nosso Instagram quais bandas voce quer ver aqui nas edições seguintes do Além do Obvio.
Até a próxima!!
Foto de capa por por Marcela Müller (@thedudesclub.studio)