Aproveitando o anúncio do tão aguardado retorno dos SMF’s, que vão estrear sua turnê mundial de reunião no Bangers Open Air (mais informações AQUI), vamos adentrar no mundo de laquê, maquiagem e atitude de uma das bandas mais subestimadas que existem.

Se você tem um sistema auditivo funcional, você já ouviu “I Wanna Rock”. Isso é factual, não cabe discussão. O megahit “We’re Not Gonna Take It” é usado como música de protesto desde que nasceu e 10 entre 10 roqueiros já gritaram “We’re Not Gonna Take It, anymoooooooore!”. Fora essas duas, ainda há aqueles grandes sucessos como a balada “The Price” e as potentes “The Kids Are Back” e “Burn in Hell”.

Hoje vamos mergulhar mais a fundo nos sons que você deveria prestar um pouco mais de atenção.

Will You Wanna Rock? Então toma!

Tear It Loose – Under the Blade (1982)

Ainda antes de começar a criar hinos por aí, o TS traz um disco de estreia bem consistente e variado. A primeira faixa desse álbum a ser recomendada é a potente “Tear It Loose”, que já começa com a bateria frenética de AJ Pero apresentando os trabalhos. Rápida, agressiva e com uma pegada quase heavy metal. Eddie Ojeda destrói na guitarra. É o tipo de música que, se fosse de uma banda britânica da NWOBHM, seria cult hoje.

Destroyer – Under the Blade (1982)

Não costumo usar duas músicas do mesmo álbum, mas tive que abrir uma exceção para esse flerte com o doom. Pitadas “Sabbathzísticas” trazem um som arrastado, pesado e nebuloso. Dee canta de forma ameaçadora e raivosa, enquanto o refrão em coro bradando o título da música também tira a gente do eixo.

“You’re Not Alone (Suzette’s Song)” – You Can’t Stop Rock ’n’ Roll (1983)

A faixa mais íntima do Twisted Sister foi escrita por Dee Snider para sua esposa Suzette, que sempre apoiou o músico e a banda nos bastidores. Diferente do som agressivo típico, a música aposta em um hard rock suave, com vocais limpos e arranjo simples que reforça o tom emocional. Sem exageros, ela se destaca pela sinceridade e pelo apoio explícito que Dee oferece a quem foi sua base desde o começo. Uma joia escondida em meio ao caos sonoro dos anos 80.

“Don’t Let Me Down” – Stay Hungry (1984)

Estar no lar das maiores músicas da banda naturalmente deixa tudo em segundo, terceiro, quarto plano. Aqui temos mais uma porrada que simplesmente é apagada por “I Wanna Rock”, “We’re Not Gonna Take It”, “The Price”, “Burn in Hell” e “SMF”. Simplesmente 6 das 9 músicas estão nos greatest hits da banda. A citada aqui merecia muito mais atenção. Com riffs diretos, refrão forte e uma energia explícita, a música contrasta com os hits do álbum por trazer um lado mais sério e menos caricatural da banda.

Be Chrool to Your Scuel – Come Out and Play (1985)

Os primeiros segundos te fazem pensar que está em um álbum do Journey, com a tecladeira em peso! O que vem a seguir é uma faixa divertidíssima, cheia de energia vocal e um refrão ótimo. Como se isso não bastasse, ainda temos a presença do lendário Alice Cooper em dueto com Dee.

Obs: Curte a Tia Alice? Temos um Além do Óbvio bem legal pra você AQUI.

Yeah Right – Love Is for Suckers (1987)

Bateria quase tribal, riffs pesados e bem sujos, refrão com um grito quase protestante. É quase um “Beastie Boys meets Sepultura” regado à voz rouca e emputecida de Dee. É a última faixa de um álbum que, por si só, já não tem metade do reconhecimento que mereceria.

I Believe in You – Come Out and Play (1985)

Não é exatamente uma música desconhecida, talvez um lado B+ (ou A-), mas é uma balada extremamente emocionante. Claro que todos adoramos a voz rasgada de Dee Snider, mas quando ele canta limpo como faz nessa faixa, as coisas vão bem demais. Assim como a balada mais famosa da banda (“The Price”), essa também carrega um clima mais carregado que a festa costumeira dos rapazes de New Jersey. Um refrão bem power ballad, que poderia brigar com as grandes da época, mas acabou ficando esquecida.

Pay the Price – Club Daze Volume 1: The Studio Sessions (1999)

Após “Love Is for Suckers” em 1987, o TS não gravou mais álbuns de estúdio, mas a coletânea “Club Daze” foi lançada resgatando músicas perdidas no tempo. Aqui temos uma muito boa, com a voz claramente jovial de Dee cantando em tom limpo, enquanto o ritmo meio “Deep Purple” invade o local com muita propriedade. A canção é pegajosa, grudenta, do jeito que tem de ser um bom rock. Apresenta uma sonoridade bem mais setentista do que a banda fez durante toda a sua carreira.

Blastin’ Fast & Loud – Club Daze Volume 2: The Studio Sessions (2001)

A segunda parte da coletânea é um pouco diferente. Traz raridades ao vivo da banda em programas de rádio e duas faixas inéditas gravadas na época. Escolhi essa porque é um hard ’n’ heavy inquestionável. A bateria vem como uma locomotiva, os riffs são furiosos, o baixo bem gorduroso e Dee Snider cheio de atitude basicamente bradando durante toda a canção. Destaque para o solo de guitarra, que é sensacional, acompanhado por uma linha de baixo completamente deliciosa. Essa música acabou indo parar em “Still Hungry” (2004), que é a regravação do clássico “Stay Hungry” com alguns bônus.

Bônus – A Twisted Christmas (2006)

Já que estamos no clima do último mês do ano, que tal dar um chute nas “jingle bells” do bom velhinho e passar a data com os SMF’s???

Versões de clássicos natalinos repaginados ao melhor estilo “TS”. Um álbum divertidíssimo, com irreverência e nostalgia, mostrando que o grupo sabia se divertir sem perder identidade. Prova disso é “Oh Come All Ye Faithful” (“Ó Vinde, Fiéis”, em português) tocada com o instrumental de “We’re Not Gonna Take It”. Um amigo meu uma vez me deu a definição perfeita desse álbum quando disse: “O maior mérito do Twisted Sister é que eles costumam abraçar o absurdo com convicção.