Quarto álbum da banda cearense de Grindcore Facada. Por Alex Melo.
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Há poucos dias fiz um post sobre o disco Animalism do S.O.H., e esse, sobre o Facada, vai ser uma espécie de continuação; primeiro porque é mais uma banda foda da minha cidade (Fortaleza) e isso me enche mais uma vez de orgulho; segundo, porque tenho lembranças do underground cearense da década de 1990, e isso me remete à banda, apesar dela ter se formado somente nos anos 2000.
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Em 1998, prestes a casar, botei na cabeça que queria tocar bateria e comprei uma. A noiva não achou muito legal, mas não interferiu. Logo eu estava com um amigo tocando guitarra tentando fazer algo que se encaixasse. Outros amigos vieram e novas amizades foram feitas. Num dos ensaios apareceu o então baterista da Lost Valley, Mário Filho (também conhecido como Mário Miranda ou Mário Pacheco) que viria a tornar-se um dos maiores amigos que tenho até hoje. Nesse dia ele tocou baixo e no final do ensaio pediu pra tocar um pouco de bateria. Sentou-se no banco e começou a tocar a introdução de Territory do Sepultura. Isso tudo na casa dos meus pais. Eu fiquei paralisado e sentado ao lado tentando extrair alguma coisa. Eu sequer tinha agilidade na munheca, tocava todo duro e ver aquilo me impressionou bastante. Fiquei com pena da minha bateria, porque achei que ele tocou com força e ele disse “Precisa ver o Dangelo” tocando!“.Dalí em diante eu passei a ir com mais frequência aos festivais e shows das bandas locais. Certo dia vi a Obskure, que havia lançado há pouco tempo o álbum Overcasting. Fiquei na lateral do palco e vi o bate-estaca em forma humana sentado na bateria. Mas não era só força! Num determinado momento, Dangelo fez uma virada na caixa com uma mão só que, tenho certeza que, se eu usasse as duas mãos, talvez eu não conseguisse fazer igual. Era uma verdadeira máquina destruidora. Ainda o vi tocar algumas vezes, até que deixei de frequentar a cena. Fiquei mais caseiro, casado e com filhos.
Muito tempo depois, em 2017, no mesmo festival Garage Sounds onde vi o S.O.H., também vi o Facada e vou dizer uma coisa: nunca vi tanta podreira junta da melhor qualidade! Senti aquela monstruosidade sonora batendo em mim e mais uma vez me impressionei com o nível dessas bandas. Eu não me controlava e ria com as introduções das músicas do Facada, pois em vez de anunciar as faixas no chimbal ou batendo as baquetas, Dangelo desvia a porrada na caixa como se contasse o “um, dois, três” em forma de tiro de canhão. Ouça a faixa “Ele Não Voltará” pra entender o que estou dizendo. Depois a banda entrava com tudo trazendo o apocalipse em forma de Grindcore. Quanta brutalidade! Foi lindo!
Um ano depois desse show, a banda lancou esse disco e comprei-o ainda quentinho. Em pouco mais de meia hora, você escuta 23 belíssimas canções. Não sei vocês, mas esse estilo de música me acalma pra caramba! Sinto que expulsa de mim todo e qualquer sentimento ruim. Pura terapia! A primeira faixa ” Deixa o Caos Entrar” é instrumental e serve como aperitivo pro restante do disco. A partir da segunda faixa, entra um vocal, ora gutural, ora rasgado, que me lembra Chris Barnes, principalmente no estilo “rasgado”. Raras são as vezes que você consegue entender alguma coisa, mas se quiser saber a letra, vai lá no belo encarte que estão todas lá, mesmo que não seja garantido que você consiga acompanhar. Talvez até dê certo em “Tudo Me Faltará” ou “A Maldição da Rede”, que tem um riff inicial bem Punk. A velocidade das músicas chega a ser impressionante e me vem a curiosidade para saber como é o processo de criação. A faixa “Quebrante” tem uma bela introdução na bateria, algo meio tribal como o Sepultura já fez um dia. Mas logo entra a avalanche e o pau come de novo. A faixa “Apenas Mais Um Igual A Mim” tem um riff bem Thrash! “Sumir” é um Punk elevado à décima potência pra entrar num mosh pra matar ou morrer. Nos momentos finais ela vira uma espécie de Doom; A faixa “A Vitória da Diva” me lembra uma música entoada por uma torcida de futebol, mas não vou citar pra não gerar polêmica. As faixas “A Verdade Gera o Ódio“, “A Vida é Uma Armadilha” e “Feliz Ano Novo” são excelentes! Essa última é a maior do disco com 2:14. A música ” Miss Distopia” é a mais diferente, pois o vocal é normal, ou anormal (pra banda).
E pra finalizar; que nome foda do caralho! Não poderia ter nome melhor pra essa banda! Rápida, cortante e brutal! Uma verdadeira FACADA!
Banda e disco excepcionais!
Formação:
James – Baixo e Vocal
Danyel – Guitarra
Ari – Guitarra
Dangelo – Bateria
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Faixas:
1. Deixa o Caos Entrar
2. Nós Somos o Veneno
3. Apenas Mais um Igual a Mim
4. O Pior de Todos
5. A Farsa: Nojo
6. Tudo Me Faltará
7. Vogelfrei
8. Quebrante
9. A Maldição da Rede
10. Estão Esperando Seu Erro
11. Sumir
12. Tiro no Caixão
13. A Vitória da Diva
14. Há Honra (?)
15. Eu Sei Como É Morrer
16. Putrescina
17. A Verdade Gera o Ódio
18. Pervitin
19. Blasfema Eu
20. Feliz Ano Novo
21. A Vida É uma Armadilha
22. Ele Não Voltará
23. Miss Distopia
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⭐⭐⭐⭐⭐