“Terceiro álbum inspirado na perda de um parente de um membro da banda”
Nota: 4,5/5.
Sem tornar-se uma banda comercial propriamente dita, a banda deu uma suavizada no seu som. Mesmo assim, a sua música ainda possui algo de muito intrigante e por causa disso, acredito que os caras já subiram aos céus e desceram aos infernos com sua postura pouco convencional. De toda forma, com este álbum, na mesma medida que conseguiram agradar a muita gente, também deixaram muitos descontentes.
Não quer dizer que o referido álbum só tenha músicas feitas pra tocar no rádio, pelo contrário, Sultan’s Curse, por exemplo, é uma que mostra o guitarrista / vocalista Brent Hinds fazendo uma de suas melhores performances como frontman da banda. A segunda faixa Show Yourself, primeito hit do disco, é mais pesada que Enter Sandman. Então, é por essas e outra, que se você encontrar uma música 100% polida neste disco, pode ser indício de problemas de audição. Por outro lado, se você for muito cauteloso e quiser evitar problemas com seus amigos fãs de Mastodon, pode não extrair tudo de bom que a obra contém. É notório que o produtor Brendan O’Brien passou o rodo, mas me parece que não conseguiu ou não quis eliminar todo o lodo da alma da banda.
Uma coisa importante sobre este disco é que, se você curte músicas mais longas e menos fluídas, pode não perceber o apelo que ele exerce sobre a forma de compor dos músicos. Por outro lado, se você tiver a incrível capacidade de sintetizar tudo e vislumbrar o álbum de 11 faixas em sua totalidade, poderá perceber que o material é digno de se ouvir por vários dias seguidos. Uma das coisas que particularmente acredito é que a banda finalmente dominou a arte de escrever e consegue criar músicas que fluem mais como partes de uma mesma história. Tal como em The Hunter e Once More ’Round the Sun, cada uma das músicas deste trabalho soa mais independente e isso torna mais fácil de compreender o todo. Para mim, parece que a banda se inspirou em Crack the Skye para contar uma história sobre o tempo e usou a areia como uma metáfora bem apropriada. No melhor estilo Mastodon, o protagonista da história tenta se comunicar telepaticamente com tribos africanas e nativas americanas na esperança de fazer chover nos lugares mais áridos.
Emperor of Sand consegue ainda o incrível feito de ser o terceiro álbum inspirado na perda de um parente de um membro da banda, neste caso a morte da mãe do guitarrista Bill Kelliher. E me impressiona o fato de os caras terem essa capacidade de canalizar a energia dessas tragédias pessoais e transforma-las em grandes histórias.
> Texto publicado originalmente no blog Esteriltipo.