Hey bangers, beleza? Amanda Basso falando, e, depois de muitos ensaios, finalmente consegui estrear nessa coluna.
Como não poderia ser diferente, bora falar do décimo primeiro filho da Donzela, Virtual XI. Lançado em 23 de março de 1998, esse disco é o último estrelado por Blaze Bayley nos locais e, o último trabalho de Nigel Green na produção do Iron Maiden.
Perto da virada do século, Steve Harris achou válida a ideia de fazer um álbum que pautasse o futuro e todas as suas possíveis modernidades. Mas longe do que seria Somewhere In Time, por exemplo, sem deduções de máquinas surpreendentes ou carros voadores, algo muito mais palpável, como a popularização dos computadores. Outro fator que ajudou o tema vir à tona foi Ed Hunter, o jogo de computador da donzela.
Melvyn Grant, autor da capa, disse em entrevista que o primeiro esboço tinha a ver apenas com a realidade virtual, mas depois de ver o primeiro resultado, Steve pediu para que acrescentasse algo relacionado ao futebol, já que o lançamento seria feito em ano de copa do mundo.
Para a divulgação do jogo e do disco, uma mini tour pela Europa foi feita pela banda, convidando outros músicos para jogar uma partida de futebol, com direito a fotos e trocas de flâmulas.

Uma mudança interessante do disco anterior para esse, é a tentativa de fazer algo menos soturno e arrastado, como eles mostraram em The Angel and the Gambler, seu primeiro single. Esse álbum peca pelo excesso, como quase todos os subsequentes; e é neste mesmo single que encontramos 5 minutos de um exceso totalmente sem sentido. Mas vamos deixar essa questão para o faixa-a-faixa. Assim como em todos os textos dessa coluna, as notas vão de 1 a 5 estrelas, e a média vai definir se esta pérola dozelística é um tesouro incompreendido, ou uma bomba mesmo!
Futureal: abertura própria para um single de rádio, foi a primeira a seguir uma fórmula que foi repetida nos discos seguintes: música curta e rápida para um disco gigantesco, com verdadeiras epopéias. Ela em si é boa e cumpre bem com o seu papel. Fala da confusão que a realidade virtual poderia causar. Seria o prenúncio do que vem acontecendo? Fica o questionamento! 3,5

The Angel and the Gambler: todos temos nossa parcela de risco na vida, e essa música fala exatamente isso, de como jogamos ou lidamos com decisões que tomamos. E falando em riscos, Steve Harris arrisca acabar com a paciência do fã, doando 5 minutos da faixa para a repetição: “Don’t you think I can save you, don’t you think I’m save your life”, e, tal qual como Chaves, que repetiu o verso de “volta o cão arrependido” 44 vezes, Bayley fez isso 67 vezes! Mas, se você não morreu de raiva nesta faixa, dê uma chance a ela e ouça a versão de rádio, que não tem esses 5 minutos e é, de fato muito boa. 2,0
Lightning Strikes Twice: parceria de Steve com Murray, que dura pouco menos de 5 minutos. Começa com uma introdução mais lenta, com um teclado mais alto que o ego do chefe, e progride para um andamento pouco mais rápido e quebrado, mas volta novamente para a introdução. Precisava disso? Não! Sabe quando você tem um trabalho em grupo, e cada um faz um pedaço em casa e apenas junto as páginas no dia da entrega? Então, essa música tem tudo, menos coesão. Além de um refrão horroroso, onde sempre terei a impressão de que Blaze está espirrando. 2,0

The Clansman: essa música realmente salvou não só o disco, mas o Maiden nesta época. Ela não estourou como em 2001, mas o público já se encantava com ela, que realmente não precisa de descrição e nem apresentação. Afinal, depois de Mel Gibson em Braveheart, esse hino é o mais perto que chegamos de William Wallace e a independência da Escócia, afinal, quem nunca gritou FREEDOOOOM, que atire a primeira pedra. 5,0
When Two Worlds Collide: e quando duas ideias ou personalidades entram em conflito, o que acontece? Esse é o mote dessa obra feita por Harris, Bayley e Murray. Boa letra, mas não chega a empolgar, e o final, com a repetição do refrão, é tenebrosa. 2,8
The Educated Fool: música honesta com um refrão que gruda. Uma pessoa que se vê sem saber o que fazer com a própria vida, mesmo tendo os métodos para sua guinada consigo. É o retrato de uma geração que teve acesso a tudo: educação, base familiar… mas não sabe lidar com as cobranças da vida real. Gente, isso é 1998! Qualquer semelhança com a atualidade é mera coincidência! 4,0
Don’t Look to the Eye of a Stranger: o que me deixa entediada com essa fase, é essa falta de criatividade. Para quê repetir o nome da música à exaustão? Sabe encheção de linguiça na faixa? Poxa, música não está pronta, engaveta para quando estiver, mas não faça isso! O que salva um pouquinho é a letra, que até começar a repetir como um transe (se é que essa é a metalinguagem, o que eu duvido) é bem interessante. 3,0
Como Estais Amigos: essa música é muito subestimada pelo público. Ela trata do luto e de como devemos honrar os que se foram. No caso da música, dos que se foram em guerra. Na época em que essa música foi escrita, a guerra de Kosovo estava acontecendo, além das guerras civis no continente africano que apareciam diariamente nos jornais. Mas por que o título em espanhol? Para tocar na própria ferida, que é a vergonhosa campanha Falklnds/Malvinas, um massacre totalmente desnecessário, comandado por Margareth Thatcher, em 1982, por conta dos arquipélagos da Terra do Fogo, ou Ilhas Austrais. 4,4
Nota do Álbum: 3,3
Pela matemática, Virtual XI é uma BOMBA, mas, como fã te faço uma pergunta: você acharia seu filho feio, só porque outras pessoas acham? Sei que parece infantilidade, mas as bandas que mais amamos também têm seus filhos menos atraentes, e tudo faz parte dessa história linda que amamos tanto. Mas nada justifica deixar a produção na mão do Steve Harris também!
Texto por: Amanda Basso


