Depois de ter sido sucesso de público no Rio de Janeiro, sendo visitada por mais de 60 mil pessoas, a exposição “Cazuza Exageradochegou a São Paulo, em 22 de dezembro, prometendo grandes emoções, além de uma atração inédita. O palco “Cantos e Contos” trará convidados num bate-papo lúdico sobre sua história com Cazuza. Esse “talk show” será capitaneado por Pedro Bial (amigo de infância do cantor), Zeca Camargo (jornalista a quem Cazuza confessou pela primeira vez que tinha AIDS) e Astrid Fontenelle. “Cazuza nos inspira a enxergar a vida com mais coragem, irreverência e arte”, afirma Fernando Ligório, CEO do Grupo 4ZERO4. “Depois de tantos pedidos para levar a exposição a São Paulo, é muito especial atender esse desejo do público. Estamos chegando com uma versão ampliada e com a mesma qualidade que emocionou tantas pessoas no Rio.”

Apresentação à Imprensa – foto por: Amanda Basso

Quem monta essa obra de arte é a Hit Makers (empresa do grupo 4ZERO4) em parceria com a Caselúdico e Viva Cazuza, apoiada pelo Ministério da Cultura e o Bradesco.

Linha do tempo – foto por Amanda Basso

Sob a orientação do biógrafo Ramon Nunes Mello, responsável pelos livros “Meu Lance é Poesia” e “Protegi Teu Nome Por Amor”, a mostra conta com 11 salas que destrincham a vida do cantor/compositor/poeta… desde a infância como Agenor Caju, passando pelo auge com o Barão Vermelho e com sua carreira solo, até sua partida, sendo alçado ao status de lenda.

Inspirada pelo aniversário de 40 anos do álbum “Exagerado, a exposição é altamente tecnológica, permitindo a verdadeira imersão na história do cantor, com a possibilidade de assistir documentos audiovisuais, escutar sua música preferida de forma particular, para que você tenha sua experiência singular, mas também conta com mais de 700 itens físicos (entre fotos, documentos, instrumentos, peça de vestuário, móveis…) do acervo de Lucinha Araújo e Sociedade Viva Cazuza!.

 

Horacio Brandão, responsável pela assessoria e divulgação da expo, através da Midiorama, desde o Rio, quando questionado do motivo pelo qual Cazuza foi escolhido dentre tantos artistas incríveis que temos no Brasil, para esta homenagem, ele respondeu “o Cazuza conversa com uma geração que tem 60 [anos], 40 e influencia quem tem 20, então ele é um dos nossos artistas da música que não está nem tão lá atrás e nem é tão recente […] Então a escolha se deu por uma questão de justiça pra esse cara que teve uma carreira tão breve e ter deixado um legado tão atual […] o Cazuza conversa com várias tribos: conversa com a tribo da MPB, conversa com a tribo de quem gosta de poesia, de quem gosta de rock […] ela tem a intenção de fazer justiça à obra de um cara que deveria ser melhor percebido e perpetuado para as novas gerações”.

Foto por Midiorama

Até aqui, eu deixei os dados e os responsáveis pela imersão convencê-los a participar deste momento, agora eu vou contar o que eu senti. Eu amei ter sido convidada para este evento, tendo em mente a ligação que eu tenho com Cazuza e o Barão Vermelho. Essa foi uma banda que eu conheci por causa da minha mãe, que sempre foi apaixonada por esse poeta, então ele esteve presente em muitos momentos de nossas vidas – desde brincadeiras e trocadilhos que ela fazia (como quando entrou ratos em casa, e ela começava a cantar “a tua ‘cozinha’ está cheia de fatos”, ao invés de piscina, como em “O Tempo Não Pára”), até quando ela não sabia o que escrever para mim ou para o meu irmão, numa carta de aniversário, ou, nesse caso específico, no primeiro ano novo em que nos separamos, por conta do divórcio dela com o meu pai. Ela sempre encorajou sermos nós mesmos e não tentar entrar em caixa nenhuma. 

“Queria um dia no mundo

Poder te mostrar o meu

Talento pra loucura

Procurar longe do peito

Eu sempre fui perfeito

Pra fazer discursos longos

Discursos longos

Sobre o que não fazer

Que é que eu vou fazer”

Esse é um trecho de “Boas Novas”, onde ela emendou com uma confissão linda, de como sentiria a nossa falta durante o momento da virada. Foi a primeira vez que ficamos longe… 

Agenor bebê – Acervo Lucinha Araujo

Horácio estava certo quando disse que Cazuza dialoga com várias gerações, e eu ainda emendo que ele é capaz de despertar sensações variadas e te levar da euforia à melancolia em questão de segundos. Quando eu entrei na primeira sala, me deparei com Agenor Araújo, a criança que era amada e que não era genial na escola, pasmem! Agitado, teatral, quase circense – uma alegoria à fugacidade. “Vida louca, vida, vida imensa”… Agenor tinha todo o tempo pela frente, eram aliados. Essa primeira sala guarda um baú de lembranças, desses que a gente guarda na parte mais alta do armário, e que abre em ocasiões singulares, como quando seu filho traz uma namorada pra casa, ou quando você precisa entender onde foi que deu errado, ou ainda, quando você sente saudades de pessoas e histórias que, hoje, só estão ali. No final deste ambiente, um vídeo de Caetano Veloso atestando a genialidade da poesia de Cazuza.

A segunda sala mostra a estrela que brilha: Barão Vermelho no Rock in Rio de 1985, o sucesso do Circo Voador, a banda de forma midiática e como ela era representada, a famosa entrevista de Cazuza à Globo, falando sobre como seria possível “com ou sem Tancredo, o dia nascer feliz”, já que a democracia começaria, de fato, no dia 21 de janeiro. Fatos marcantes, a esperança no futuro, o tal do “museu de grandes novidades”.

É possível conhecer Cazuza de forma artística, como quando ele vai ao Chacrinha, o Cazuza humano, através dos depoimentos de amigos, da Lucinha, sua incansável parceira de vida, vulgo, mãe e o Cazuza em sua forma paradoxal: frágil e mítica, simultaneamente, quando ele mostra à sua imensidão de fãs o que a AIDS é capaz de fazer. E o mais incrível dessa história é o peso de sua dignidade e afronta ao universo: “eu não me arrependo!“eu vi a cara da morte e ela estava viva, viva”, “vamos pedir piedade, senhor, piedade, pra essa gente careta e covarde”… Ele não se arrependeu de viver pouco, mas intensamente: “vida louca, vida, vida breve, já que não posso te levar, quero que você me leve”.

Todas as salas são totalmente imersivas e você consegue interagir com o meio à sua maneira: ouvindo as músicas disponíveis nos players, ficar o tempo que precisar para digerir e sentir Cazuza tocando a sua vida e sua mente.

Foto por Amanda Basso

Eu, como jornalista, escritora e vocalista, tive arrepios ao ver: a escrivaninha original da casa dele, onde, sentado à máquina ele escreveu hinos e confissões “eu protegi seu nome por amor, em um codinome beija-flor”, poemas e cartas para amigos e familiares; o violão de suas composições; seu microfone – o parceiro de vários recados e levantes!

A vida do poeta em várias frentes e facetas totalmente interligadas.

Uma das salas, “Caravana do Delírio“, conta como Cazuza, já acometido pela “maldita”, como ele, carinhosamente, chamava a AIDS, lotava sua veraneio com amigos e iam ver as ruas do Rio, a praia… em um de seus últimos passeios, seu motorista o pegou no colo e o levou para tomar banho de mar. Cazuza morreu semanas depois. Nesta sala, a veraneio foi montada ao centro, com uma projeção de movimento no chão. Eu, sinceramente, não pude ficar prestando atenção nessa projeção, por receio de cair, como quase aconteceu. Mas isso porque eu tropeço no meu próprio pé, então, não sou exemplo para nada! Amigos e parceiros de música de Cazuza também estão presentes nesta sala, mas um, em especial, me chamou atenção: Renato Russo.

Foto por Amanda Basso

Ambos poetas, ambos líderes de sua legião, ambos gostavam de meninos e meninas, ambos com o mesmo destino. A história une os heróis, mesmo que eles “morram de overdose” (de qualquer dose).

Foto por Amanda Basso

Então, ao sair desta sala, passamos por um corredor escuro, parece um backstage, ou a coxia de um teatro. Surgimos dentro de um camarim: aquele, o derradeiro. Seu blazer branco pendurado num cabide com seu nome gravado.

Foto por Amanda Basso

Uma meia luz, que sugere calma para concentração. Uma foto da vovó Maria José, sim, aquela da música “Poema”, que Ney Matogrosso interpreta de forma inigualável. Mais um corredor escuro, mas agora com fãs gritando “Cazuza, Cazuza!”. Próxima sala: uma projeção de Cazuza no palco, cantando “O Tempo Não Pára”. E se em outros lugares eu consegui segurar a emoção, aqui eu desabei. Eu só pensava “caramba, como eu queria que a minha mãe estivesse vendo isso!” A última sala, não é essa, mas uma em que vídeos de amigos do cantor falam sobre a vida com ele, episódios engraçados e marcantes… todos distribuídos em mesas de lanchonete. É como um papo de bar. É a sala de “despressurização”, para desopilar mesmo! Quando você volta à entrada, você está tão extasiado que não percebe que está lá.

Um ponto muito positivo é: mesmo com as salas repletas de outras pessoas totalmente diferentes de você, sua experiência não é comprometida, justamente porque Cazuza é compartilhar. 

No meu momento de vida atual, revisitar a minha história, a minha memória, com Cazuza fazendo a trilha, não foi só incrível, como foi uma honra.

 

SERVIÇO CAZUZA EXAGERADO – SÃO PAULO:

Onde: Shopping Eldorado

Endereço: Alameda Jardins – 2º SS – Pinheiros, São Paulo – SP – 05402-600

Quando: a partir de 22 de dezembro de 2025

Classificação Etária: menores de 14 anos devem estar acompanhados por um responsável

 

Horário:

Segunda a sábado: 10h às 21h15 (última sessão), fechamento às 22h

Domingo: 14h às 19h15 (última sessão), fechamento às 20h

 

Horário especial de fim de ano:

22/12 e 23/12 — 10h às 22h15 (última sessão), fechamento às 23h

24/12 — 10h às 16h15 (última sessão), fechamento às 17h

31/12 — 10h às 15h15 (última sessão), fechamento às 16h

Dias 25/12 e 01/01 — fechado

 

Calendário de vendas:

03/12 — início da pré-venda Bradesco

04/12 — último dia da pré-venda Bradesco

08/12 — início da pré-venda Fever

09/12 — início das vendas gerais

 

Ingressos: a partir de R$ 40,00

Vendas: cazuzaexposicao.com.br 

Observações:

Clientes dos cartões de crédito Bradesco, Bradescard, next e Digio têm 20% de desconto na compra durante todo o período de pré-venda e venda geral realizada online ou na bilheteria física no Shopping Eldorado, limitado a 4 ingressos por CPF.

Texto por Amanda Basso 

Fotos por: Amanda Basso e Midiorama