Biel Furlaneto na área, pessoal! Vocês que já me acompanham há meses sabem que sou basicamente um fã de hard rock. Amo bandas como Kiss, Aerosmith, Bon Jovi, Guns N’ Roses e etc. Porém, nem só de farofa vive o homem!
Poucos sabem, mas eu comecei a gostar de rock no início dos anos 2000 e fui extremamente impactado pelo que a saudosa MTV Brasil passava. No meio da onda de rock alternativo/nu metal que surgia, bandas como Linkin Park, Limp Bizkit, Korn e etc. passaram por mim sem deixar muita saudade.
O que não aconteceu com o System of a Down.
Conheci o SOAD com a trinca “Toxicity”, “Chop Suey!” e “Aerials”, e a minha cabeça explodiu. Depois saíram os álbuns seguintes, e passei um tempo considerável consumindo a dupla “Mezmerize”/”Hypnotize” (os últimos trabalhos da banda, inclusive). Hoje, vou falar sobre “Toxicity”, o álbum que virou o jogo e transformou o SOAD em uma das maiores bandas do mundo.
Bora nessa?
A pancadaria já começa com “Prison Song”, uma música “pé na porta”. Além de ser espetacular, ela ainda me traz uma conexão afetiva: foi a canção que tocou quando o pano com o nome da banda caiu no Rock in Rio 2011, quando tive o privilégio de ver o SOAD ao vivo. Como sabemos, o SOAD é uma banda extremamente politizada e não poderia começar o álbum de maneira diferente. O que se nota na música é algo que a banda seguiu carregando em sua curta carreira: a mudança de andamento dentro da própria canção.
Quando o riff de “Needles” começa, já dá para se preparar para mais pancadaria. Essa é uma das faixas mais legais do álbum, com um riff beirando o thrash metal, misturado com o vocal potente de Serj Tankian e o backing vocal debochado de Daron Malakian. Enquanto isso, na “cozinha”, John Dolmayan e Shavo Odadjian mantêm a qualidade lá no alto.
O peso segue em “Deer Dance”, que tem uma pegada mais mediterrânea (vale lembrar que os membros do SOAD são armênio-americanos), enquanto o refrão traz toda a explosão característica. Mais um trabalho fantástico de Daron nas seis cordas, com um solo que também remete à música do Oriente Médio.
“Jet Pilot” tem uma levada muito parecida com a anterior, com um peso absurdo misturado a momentos de calmaria. O refrão é quase um “baião” de tão gostoso — dá para chamar a morena para dançar, mas, segundos depois, você vai ter que entrar em um mosh pela sua vida com ela, porque o “soco na nuca” sonoro não perdoa.
“X” é quase uma vinheta: tem menos de dois minutos de muita gritaria e um trabalho excepcional do baterista John. A letra extremamente repetitiva pode cansar um pouco. Apesar de não ser uma música ruim (nenhuma do álbum é), ela fica um pouco abaixo das demais.
“Chop Suey!” é simplesmente uma das maiores canções da história do nu metal e do rock em geral. Como a música é extremamente conhecida, vou trazer uma curiosidade: originalmente, ela se chamaria “Suicide”, mas, por razões óbvias, isso desagradou a gravadora. A escolha por “Chop Suey!” pode parecer confusa, mas o título faz um jogo de palavras com “chop” (cortar) e “suey”, uma abreviação para “suicide”. Por isso, no início da canção, Serj diz “roll Suicide” (“gravando, ‘Suicide’”). Quanto ao som? Atemporal, pesado, marcante. Quem nunca cantou “WAKE UP! HAPSJDASKFJPADFHK´SADFJÁSD MAKE UP” não viveu direito!
“Bounce” é quase uma irmã de “Prison Song”, com um andamento semelhante. Não sei se o fato de vir depois do turbilhão que foi “Chop Suey!” interfere, mas, para mim, é a mais esquecível do álbum.
“Forest” está entre as grandes músicas da banda, frequentemente tocada nos shows. Tem um início mais cadenciado e pega de vez no refrão. O baixo marcante de Shavo é genial.
“ATWA” começa parecendo uma balada, mas o refrão traz muito peso. Esse é um dos talentos do SOAD: transformar canções lentas em algo perturbador. O título faz referência à organização ambientalista “Air, Trees, Water, Animals” (A.T.W.A.), associada a Charles Manson, embora a letra não tenha relação com ele.
Mais um riff sensacional para começar “Science”. Um Serj raivoso nos vocais acompanhado pela guitarra durante praticamente toda a música, que quase “canta” junto. Sem dúvidas o trabalho mais legal de Daaron no álbum. O solo é magnífico e se mistura com um grito quase desesperado, mas não escandaloso, do vocalista. Uma das que deveria ter um tamanho bem maior.
Se Daron brilhou na introdução anterior, dessa vez o trio de instrumentistas resolveu elevar o nível da brincadeira. Na explosiva “Shimmy” mesmo sem entender nada de inglês você consegue perceber que é uma música de protesto, tamanha a raiva que toda a banda demonstra. Furiosa e letal.
Voltamos a falar de história. A faixa título “Toxicity” é mais uma no panteão de grandes músicas de todos os tempos. A bateria que é espancada por John no refrão certamente está na cabeça de 10 entre 10 fãs do estilo no mundo. É daquelas que não precisa nem falar muito, ou você acha ela espetacular, ou você nunca ouviu.
Para estar entre dois super hits em um álbum, uma música tem que ser muito, mas muito boa mesmo. Ainda bem que Psycho foi escolhida para esta árdua missão. Talvez a esse ponto pareça redundante da minha parte, mas a verdade é que mais uma vez vemos uma canção com muitas camadas, desde o peso e o vocal maluco até a cadência e sobriedade, misturando a mais um solo espetacular da Daron Malakian, que finaliza de maneira épica entregando para o que vem a seguir…
Dizem que o melhor sempre está no final. Bom, nem sempre, mas aqui com certeza está. Aerials para este que vos escreve é simplesmente a melhor música da carreira do System of a Down. Pesada, visceral, impactante, criativa, dramática. Tudo funciona muito. John Dolmayan faz viradas sensacionais enquanto Shavo Odadjian cadencia com seu baixo. Serj Tankian canta com paixão e Daron Malakian toca sua guitarra de maneira espetacular. E o dueto de vozes? É de arrepiar só de pensar. Isso sem mencionar o clipe extremamente impactante.
Após Aerials, você vai notar uma música diferente tocando na mesma faixa, mas não se assuste, é a simpática “Arto” um Folk armênio com percussão tradicional e cânticos espirituais. Propositalmente ou não, nota-se que a nota (vocês viram o que eu fiz aqui né? Hahaha) inicial de Prision Song e a última nota de Arto são a mesma. Uma simbologia mostrando que o começo e o fim estão entrelaçados? Uma coincidência do destino? Uma viagem do autor do texto que tem muito tempo livre para pensar em teorias? Não sei.
A verdade é que Toxicity é um dos albuns mais importantes do Nu Metal (por mais que a banda despreze o rótulo). Foi um divisor de águas que elevou a banda ao patamar de uma das maiores da década. Com letras extremamente politizadas e por vezes aparentemente desconexas, nos leva para uma viagem de cerca de 45 minutos com muita potência, muita loucura, mas principalmente muita música boa.
Lembrando que, se você curte o som dos caras, em pouco mais de um mês eles estarão no Brasil para cinco shows, sendo que quatro estão com ingressos esgotados, mas ainda dá tempo garantir seu lugar no Autódromo de Interlagos!
SÃO PAULO
Data: 14 de maio
Local: Autódromo de Interlagos – Av. Senador Teotônio Vilela, 261 – Cidade Dutra
Horário de abertura da casa: 14h
Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.
NOTA: 5 / 5