Em um show memorável, o Headbangers Brasil se fez presente na apresentação do Death To All, praticamente 10 anos depois da sua primeira passagem pelo país, em um show incrível e memorável, fiquem abaixo com o texto da nossa colaboradora Juliana Novo e as lindas fotos de Anderson Hildebrando.

DEATH TO ALL, tributo à lendária banda americana DEATH – que foi uma das pioneiras e desenvolvedoras do estilo Death Metal, influenciando toda uma cena no mundo inteiro, até os dias de hoje – realizam a turnê latino-americana “Muerte Por Vida – Muerte a Todo Tour 2024”, celebrando o legado do genial guitarrista e vocalista Chuck Schuldiner, falecido em 2001. O tributo, formado pelos integrantes originais Gene Hoglan, Steve DiGiorgio e Bobby Koelble, além do talentoso guitarrista e vocalista Max Phelps, não poderia deixar de passar por São Paulo. Esta noite nostálgica teve como local o tradicional Carioca Club. 

O show começou às 19h em ponto, enquanto que havia ainda uma fila grande de pessoas para entrar, em meio a uma chuva fraca. Além do palco, havia por todos lados do local o logo do DEATH TO ALL, que lembra o logo do DEATH.

Abriram o show com a agressiva “Open Casket”, do “Leprosy”, desde já agitando a galera e sem pestanejar, seguem com a clássica “The Philosopher” do “Individual Thought Patterns”. Neste momento dava pra ver uma roda discreta. Ao final, o público começou a gritar “Death” sem parar.

Logo após, executam a visceral “Suicide Machine”, do “Human”. Bobby incentivava o pessoal a fazer coros acompanhando riffs, e ficava bem satisfeito com a pronta resposta do público.

Um ponto positivo é que neste show foram colocadas grades ao redor do palco, dando espaço para os fotógrafos trabalharem tranquilamente. Também haviam neste espaço pessoas com deficiência física assistindo ao show. Parabéns à produção por pensarem neste detalhe.

Max Phelps, guitarra e vocal, estava bem preciso em sua execução e bastante focado, sem interagir nem conversar com o público. Quem foi ficando mais à vontade no palco foi o Steve DiGiorgio e ao final das canções, o público continua gritando “Death” sem parar.

Sem perder tempo, a banda começou com mais uma pedrada antiga, “Living Monstrosity” do “Spiritual Healing”. Pessoal continuava a fazer de vez em quando coros, respondendo ao Bobby. O que dizer de Gene Hoglan? O homem é uma máquina brutal e precisa, não é a toa que é chamado “The Attomic Clock”. Steve estava bem satisfeito com a reação do público, interagindo com muito carisma.

Ao final da música, Steve comanda os microfones, fazendo um grande discurso: “E aí pessoal tudo bem? Uau, é tão ótimo ver vocês, obrigado por vir e estar aqui esta noite , obrigado São Paulo, vocês são foda! Vcs tem ótimas bandas em suas camisetas hoje, estou vendo!“ Enquanto o pessoal gritava sem parar “Steve”. E continuou: “O que nós estamos fazendo aqui, de tocar músicas do Death é nostálgico, nós vemos que vocês gostam de ouvir estas músicas até hoje, e nós amamos tocar estas músicas pra voces!“ Daí o pessoal começou a gritar “Chuck” sem parar. E prosseguiu: “Nós temos feito este tributo por 12 anos, alguns de vocês podem ter nos visto antes, alguns de vocês podem estar nos vendo pela primeira vez, quem está aqui pela primeira vez?” E várias pessoas ergueram o braço. Continuou: “Ok bom, alguns de vocês devem entender que nós estamos aqui por uma única e exclusiva razão: que é memorizar, imortalizar e celebrar a propriedade do nosso irmão Chuck Schuldiner!“ E o público continua a gritar sem parar “Chuck”. Prossegue: “Vocês entendem, é tudo sobre o Chuck, nós estamos aqui para continuar seu legado musical, e embora ele não possa estar conosco, sabemos que ele ainda pode ver e sentir o amor de vocês todos!” E o pessoal vai a loucura! E ele diz: “Nós temos muitas músicas de todos os álbuns do DEATH, pra tocar pra vocês esta noite, então eu tenho certeza de que vocês vão reconhecer esta próxima música que é a faixa título do “Symbolic!” E assim tocam a fenomenal Symbolic, com o pessoal ajudando com os coros de costume, e agitando muito. Aliás, em praticamente todas as músicas os coros se fizeram presentes, guiados por Bobby.  Bobby tem executado solos com muito feeling, e também parece bem satisfeito com o público empolgado, esbanjando simpatia. Foi um ponto alto da noite.

Fazem uma pequena pausa e começam os acordes da antigona “Infernal Death”, do “Scream Bloody Gore”.  A galera segue agitando muito, mas não com muitas rodas, acredito que é pela vontade de prestar atenção e admirar a execução das músicas, afinal eram só clássicos de todos os álbuns.

Seguiram com a magnífica “Scavenger of Human Sorrow” do “The Sound Of Perseverance”, último álbum lançado, com Chuck já doente. Na minha opinião, esta música mostra toda a genialidade de Chuck, com vários elementos progressivos.

Mais uma pequena pausa, e Steve Di Giorgio atiça o público: “vocês estão ainda acordados?” E o público grita: “Yeahhh”, e continua:“Holy s*, nós não tivemos sono suficiente, mas sabe de uma coisa? Nós viemos lá do norte pra tocar pra vocês, e vocês estão fazem isso ser tão incrível de vir aqui e tocar pra vocês, São Paulo vocês são foda!” E continua: “Então espero que vocês estejam gostando do show. Essa é para vocês ouvirem algo que vocês ainda queiram ouvir, talvez? Essa remonta a um casal de jovens de 25 anos na Flórida. Essa é a faixa de abertura de um álbum que fizemos, de 92 para 93. Isto é de um álbum que você deve ter ouvido falar, “Individual Thought Patterns”, certo? Este álbum completa 47 anos este ano. Parece… Não, brincadeira. Esta é “Overactive Imagination”! E começaram a porradaria, atiçando o público.

Steve brinca com o seu baixo, fazendo vários tapping com as duas mãos, bonito de se ver. Ele chega perto do seu colega Max, e ajuda a descontrair. Também se junta com Bobby na volta de Gene, Dá pra ver que todos estão se divertindo de verdade.

Estão muito confortáveis no palco. Steve consegue arrancar um sorriso de Max, ele que raramente sorri em serviço. Não é a toa, pois o público segue batendo cabeça sem parar, cantando junto e fazendo roda. Foi um dos pontos altos da noite, na sequência, começam os acordes de “Within the Mind” do “Spiritual Healing”, emocionando a galera. É muito bonito de ver a execução feita por todos, em especial a máquina chamada Gene Hoglan, com todos os detalhes perfeitos. É um show que você não sabe se assiste ou bate cabeça, pois as técnicas e melodias das músicas são cativantes. Portanto é justificável tantas pessoas observando atentamente a apresentação, sem perder detalhes. Emendaram com “Baptized in Blood”, do “Scream Bloody Glory”, mantendo o clima old school.

Seguem com “Flesh and the Power It Holds” do “The Sound Of Perseverance”, com destaque para a brilhante execução do solo no meio da música por Max Phelps.

Steve faz uma intro com um magnífico solo de baixo esbanjando todo o seu talento. Foi o prelúdio para começar “Lack of Comprehension”, canção muito famosa do “Human”, graças a seu clipe na época da MTV nos anos 90. Foi mais um massacre sem fim, destaque para a bateria destruidora de Gene Hoglan, outro ponto alto da noite.

Ao final da música, Steve mais uma vez fala agradecendo por fazer ser uma noite memorável. Também diz que estão no ponto em que estão quase na hora de dizer adeus, mas que gostaria de chamar a atenção para uma pessoa que faz este som incrivelmente possível, e que fez aniversário na noite anterior, que é o Max. E então as pessoas batem palmas cantando parabéns para o Max, um pouco fora de sincronia, mas o que vale é o carinho verdadeiro de todos que estavam ali presentes, que arrancam mais um sorriso de Max. Realmente, Max é um grande músico e tem uma excelente voz. Tem um estilo de cantar muito parecido com Chuck, o que ajuda a manter a magia das músicas.

Então Steve anuncia “Crystal Montain”, do maravilhoso álbum “Symbolic”, seguindo a destruição com gosto. Ao final da música, Gene Hoglan se levanta de seu drum kit e acena para o pessoal. Logo após, todos saem do palco. Depois de um tempo, o pessoal grita sem parar “Death To All”. Gene volta e continua interagindo com a galera por detrás de seu kit. E logo depois os outros músicos voltam ao palco. Steve e Gene começam pequena jam entre eles, tocando um som qualquer, seguidos por Bobby e Max, de costas para o público. Acredito que foi um misto de brincadeira com checar o som.

É a hora do bis. E então começa mais um clássico, “Zombie Ritual”, do “Scream Bloody Gore”, com novamente ampla interação de uma casa praticamente lotada.

Ao término da música, Steve põe o pedestal do microfone alto, brincando como se fosse tocar MOTÖRHEAD, e imita o Lemmy, cantando o refrão “Ace Of Spades”, seguido pelo Gene, fazendo a batida. Mas logo pararam. E ele pergunta se o pessoal quer algo do MOTÖRHEAD, ele diz que quer, mas que o tour manager diz pra acabar no horário, então tem de seguir o show, por isso chegou a hora de dizer adeus, e diz: “nós odiamos ir embora, mas nós temos de ir, e nós temos duas músicas pra tocar, uma da parte nova do DEATH, e outra das antigas”. Então anunciou “Spirit Crusher”, do “The Sound Of Perseverance”. Destaque para o vocal de Max, atingindo drives agudos impecáveis. Steve brincou mostrando o suvaco para seu colega Max, que acabou rindo.

Emendaram com mais um clássico, “Pull The Plug” do “Leprosy”. Neste momento Gene Hoglan colocou seu óculos Ray-Ban pra tocar, no melhor estilo “badass”. Ele realmente é uma figura.

Ao final da música, todos vieram à frente do palco, visivelmente felizes, cumprimentaram algumas pessoas em volta, fizeram a tradicional foto com o público, e deixaram o palco por volta de 20:44. Que noite! Chuck certamente estaria orgulhoso em ver.

Agradecimentos a Overload, pela confiança em nosso trabalho, podendo entregar essa cobertura.

TODAS AS FOTOS POR ANDERSON HILDEBRANDO