Angra celebra os 20 anos de Temple of Shadows em show emocionante no Rio de Janeiro

Após uma bem-sucedida turnê acústica e o anúncio de um vindouro hiato, o Angra retorna ao Rio de Janeiro celebrando os 20 anos do grandioso Temple of Shadows, clássico álbum lançado em 2004 e referência obrigatória aos fãs de Power Metal. A banda se apresentou no dia 30 de novembro no Sacadura 154 para um público apaixonado e, arrisco dizer, que foi o show mais lotado que vi na casa.

Ao se aproximar da Rua Sacadura Cabral, famosa por ser próxima aos bares e da Pedra do Sal onde é comum ver pessoas curtindo samba e outros gêneros musicais, era perceptível a grande quantidade de camisas pretas estampas com o logo do Angra. Com a casa já aberta e muitos fãs dentro, me foi relatado que houve algum tipo de pane elétrica que foi responsável por atrasar o show por alguns minutos.

Com o problema resolvido, às 22:30h em ponto ouvimos uma bela introdução e a banda entra em palco com a “nova clássica” Faithless Sactuary, música do recém-lançado Cycles of Pain (2023) que levou os fãs a loucura e não pararam de cantar por nenhum segundo. Em seguida a banda já emenda em Acid Rain, clássico absoluto do Rebirth (2001) que conta com um belo coro na introdução e, claro, bem acompanhado com os presentes. Com o palco escuro, ouvimos grave baixo de Felipe Andreoli e sabemos que é hora de Tide of Changes, mais uma música do último álbum da banda e que conta com um refrão muito marcante.

Com grande carisma, Fabio Lione conversa com o público e apresenta o conceito do que virá à seguir. É quando soa no PA a apoteótica Deus le Volt!, faixa que abre o grandioso Temple of Shadows e inicia de fato a comemoração do clássico álbum. Ao fim da introdução, é hora de Spread Your Fire, um clássico absoluto do Power Metal e que leva todos os presentes à loucura. Seguida por Angels and Demons e Waiting Silence, duas músicas que apresentam a veia mais Prog da banda. Rafael Bittencourt se aproxima do violão e é hora de Wishing Well, uma bela balada que contou com muitas lanternas de celulares acesas para acompanhar o ritmo mais lento.

Após um momento mais tranquilo e intimista, é chegado o momento das 4 músicas favoritas deste que vos escreve. Iniciando com The Temple of Hate que vem com dois pés na porta e foi uma das melhores interpretações de Lione na noite. The Shadow Hunter chega com um excelente solo de violão de Bittencourt e que se emenda na clássica introdução com muita inspiração na música flamenca. No Pain for the Dead é mais uma balda carregada de muita emoção mas infelizmente não houve vocais femininos ao vivo, a banda decidiu  seguir como no álbum utilizando a voz de Sabine Edelsbacher no VS. Por fim, é tempo de se emocionar com a bela e pesada Winds of Destination, contando com Lione utilizando suas habilidades como Tenor Lírico para encerrar a canção.

Partindo para a parte final do álbum, Sprouts of Time apresenta muito das raízes brasileiras, elemento fundamental para a identidade do Angra e que a banda sempre foi muito competente ao incorporar os elementos musicais de nosso país. Em seguida, a excelente Morning Star, mais uma faixa prog e que mostra a habilidade de todos os membros da banda em seus respectivos instrumentos. Bruno Valverde se destaca na batera, Andreoli é extremamente competente no baixo, mas o destaque fica para a dupla Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa que roubam a cena com uma grandiosa harmonia guitarras. Encerrando as comemorações ao Temple of Shadows, Late Redemption é mais um momento apoteótico e emocionante no show. A música que originalmente teve a participação de Milton Nascimento, aqui é substituída por um lindo dueto de Bittencourt e Lione.

Após uma breve brincadeira de Fabio Lione que o show havia acabado, a banda anuncia que é hora de revisitar o álbum Holy Land e tocar Make Believe, que contou com um grande coro do público em mais um momento relembrando o genial André Matos, que faleceu em 2019. Hora de mais um novo clássico do Cycles of Pain com muitos clamor do público,  Vida Seca marca mais um belo dueto de Lione ec Bittencourt, já que a faixa foi gravada originalmente com os vocais de Lenine. Rafael volta ao violão e Rebirth ressoa por todos os presentes, arrisco dizer até que quem estava do lado de fora, ouvia com certa facilidade o grande coro que se formou. Por fim, ouvimos no PA a orquestral Unfinished Allegro e sabemos o que está por vir. Como de costume nos últimos anos, a banda reúne Carry On e Nova Era num grandioso medley para um último grande momento de muita empolgação e união do público com a banda, afinal são os dois maiores clássicos entre a história da banda. Para finalizar o show, o Angra decidiu fazer um cover de Innuendo do Queen, fechando o show com chave de ouro.

É admirável notar o quanto a banda se encaixa perfeitamente, tudo parece estar no lugar perfeito e formar um time competente e que colabora entre si para extrair o melhor de cada membro. Que show  fantástico foi apresentado para o público carioca. Apesar de não sabermos o que o futuro reserva para o Angra, a banda está marcada para sempre na história do Metal Nacional e continuará marcando muitas gerações de fãs que seguem se renovando. Resta a nós aguardar e torcer por novidades em breve.

TEXTO E FOTOS POR IAN DIAS