Lucifer enfeitiça os cariocas em estreia no Rio!

Foi um sábado movimentado na Lapa para quem gosta de rock, com festival de bandas nacionais no Circo Voador e a sensação sueca Lucifer no Agyto, ex-Teatro Odisseia. Para o emergente grupo liderado pela vocalista alemã Johanna Sadonis, era uma espécie de acerto de contas, já que a etapa carioca da turnê anterior, em 2022, foi cancelada poucos dias após seu anúncio, aumentando a ansiedade do povo pelo encontro desta noite.

Com pouco mais de meia hora de atraso, o NoSunnyDayz, que vem subindo degraus rapidamente na cena, começou os trabalhos com seu som pesado e irrotulável, destacando a voz e interpretação cheias de personalidade de Nina Pontes e a desenvoltura dos músicos, todos muito à vontade com o repertório de riffs marcantes e andamentos quebrados. Baita show de uma banda que promete voos mais altos.

Em seguida, o baterista Boka, do Ratos de Porão, subiu ao palco provando e comprovando sua versatilidade ao defender o projeto paralelo Apnea. Mantendo enorme distância do Hardcore/Crossover de sua banda principal, o quarteto surpreendeu surfando uma onda cheia de influências do Kyuss e da cena Desert Rock, com ecos, também, de Alice in Chains. Excelente esquenta para o que estava por vir.

Era a hora do ritual, e o Rio finalmente estava diante de Lucifer. Com a atual Satanic Panic Tour, o grupo promove o excelente álbum Lucifer V – ou Lucifive, segundo Johanna Sadonnis – que forneceu nada menos do que seis de suas nove músicas ao set, todas muito bem recebidas pelo público.

A vocalista tem domínio de cena absurdo, mantendo o magnetismo habitual mesmo em espaço reduzido. Ao começar o baile do capiroto lá em cima com as já consagradas “Crucifix” e “Ghosts”, ganhou o jogo de cara, e mesmo as novidades do repertório, como “Fallen Angel”, “At the Mortuary”, “A Coffin Has No Silver Lining” e “Maculate Heart” soam como velhos hits e fazem a festa da galera, mostrando o grande momento que vive a banda.

A formação é a mesma da vinda anterior – a lenda do Hellacopters e Entombed Nicke Andersson na bateria, Martin Nordin e Linus Björklund nas guitarras e Harald Göthblad no baixo – e os caras tocam alto pra cacete, além de atenderem ao altíssimo padrão de qualidade da escola sueca de hard rock. Sob a batuta do mestre Nicke, entregam performance e execução perfeitos para que Sadonis brilhe em interpretações carregadas de um carisma muito próprio.

O pacto, enfim, foi firmado, e quem viu sabe que aproveitou a rara chance de ver na cidade uma das bandas mais legais do momento em seu auge (até aqui). Apesar de Johanna prometer que voltam logo, o Rio não tem sido generoso com quem não está nos trend virais, então fica a torcida para que a palavra se espalhe e o reencontro aconteça o mais breve possível. Agradecemos à Xaninho Discos por ter-nos credenciado e poder trazer essa cobertura para vocês.

TEXTO POR RAFAEL CABRAL e FOTOS POR IAN DIAS – @diasphotograph