Apesar da resistência de parte do público roqueiro ao White Metal, as apresentações das bandas do estilo costumam ser concorridas e aguardadas com entusiasmo por um público seleto porém muito participativo e apaixonado. Ao realizar um evento numa segunda feira, no fim do mês (dia 28) e além de tudo na zona sul do RJ (mais precisamente no bairro da Gávea), era de se esperar algumas adversidades. Por exemplo, o transito quase sempre caótico na cidade aliado a falta de divulgação do evento por parte do Teatro Clara Nunes afastou/impediu muita gente de presenciar um momento histórico para os fãs do estilo pra dizer o mínimo: Petra e Bride estão no país realizando uma turnê por várias cidades (6 pra ser exato) e para a quarta noite foi escolhido o Rio de Janeiro. Nada melhor do que 2 shows completos de 2 bandas lendárias para esquentar essa segunda feira fria, onde termômetros marcavam 20°.

Lá vem a noiva…

Formado em 1983 em Louisville, Kentucky, pelos irmãos Dale e Troy Thompson (vocal e guitarra respectivamente), o Bride já esteve no Brasil diversas vezes, sempre com uma legião de seguidores fiéis. A banda adota influencias que vão do Heavy Metal do Judas Priest e Iron Maiden ao Classic Hard Rock de bandas como Deep Purple com pitadas do Hair Metal oitentista. Apesar de não ser exatamente uma novidade por aqui, o show de pouco mais de 1 hora contou com um público animado e uma apresentação impecável por parte da banda. Retornando após quase 2 décadas, o Bride fez um show enérgico, pesado, nostálgico e por isso tudo memorável, deixando os fãs extasiados e os que não conheciam muito bem, boquiabertos. Focando seu repertório principalmente no disco Snakes In The Playground, a banda fez a alegria dos fãs tocando clássicos absolutos como Rattlesnake na abertura, seguida por Would You Die For Me e Hired Gun numa trinca de tirar o folego. Under The Influence vem na sequencia preparando o terreno para I Miss The Rain com destaque para a bonita junção com Knocking On A Heaven’s Door de Bob Dylan.

O clima esquenta novamente com a sequencia Everybody Knows My Name/Hell No, colocando a crentaiada pra pular e gritar. Não deixa de ser engraçado ver uma galera que diversas vezes é reprimida pela sua própria congregação (especialmente os de igrejas mais tradicionais) tendo uma oportunidade de se soltar ouvindo Hard n’ Heavy. E não é pra menos, já que a expectativa aumentava a medida que o show se encaminhava para o fim. Ainda faltavam algumas músicas, então a banda manteve o clima em alta com a sequencia The Worm (cantada a plenos pulmões pelo público) e Fallout. É claro que não poderia faltar o clássico Psychedelic Super Jesus, onde Dale e Troy (vestindo uma camisa da seleção brasileira) mostraram todo seu carisma, técnica e simpatia, numa apresentação eletrizante em que tiveram o público na mão do início ao fim.

A voz de Dale Thompson continua absurda de boa, e olha que o cara já tem 60 anos. Nessa apresentação, o line up foi completado pelo conceituado baterista Alexandre Aposan e o produtor Nenel Lucena, fornecendo peso e segurança necessárias para um show digno da história dos caras e do Deus a quem cultuam. Saldo positivo e apesar da ausência de músicas como Heroes e Evil That Men Do, preparou bem o caminho para o que viria a seguir.

Todos na Rocha?

 

TEXTO

Quando o Petra anunciou uma turnê de comemoração de seus 50 anos de carreira os fãs ficaram empolgados. Ao tomarem conhecimento da formação que viria ao Brasil para shows em diversas capitais com o Bride, o êxtase estava completo: John Schlitt dessa vez estaria acompanhado de ninguém menos que John Lawry nos teclados, Greg Bailey no baixo e o magnífico Bob Hartman na guitarra. Pra quem está conhecendo agora, trata-se da formação mais aclamada, que gravou todos os discos de maior sucesso da banda.

Só por esse motivo, a apresentação já trazia uma carga de nostalgia pra climatizar o ambiente. A abertura do show foi eletrizante e direto ao ponto: Bob entrou com sua guitarra na mão com as luzes acesas, plugou e após a contagem do excelente batera, o argentino Chris Borneo, as luzes apagaram ao mesmo tempo em que o riff de Destiny explodia nos falantes do teatro, com tanto peso e convicção que surpreendeu todo o público presente logo emendando com a igualmente poderosa Dance. O que se viu a partir daí foi um verdadeiro massacre sonoro com Just Reach Out e Angel Of Light. A seguir, John, esbanjando carisma e simpatia, deu a palavra a Bob, que anunciou rindo que a próxima sequencia seria um medley, já que dificilmente seria capaz de lembrar todas as músicas.

E tome uma saraivada de riffs e refrões marcantes como Sight Unseen/It Is Finished/Think Twice/I Am On The Rock/Midnight Oil/Mine Field/This Means War! finalizando com a repetição do refrão de It Is Finished. O publico cantava todas as músicas, o que compensava a falta de potencia vocal de John atualmente, afinal são 74 anos de idade e 50 de carreira. Apesar de mais contido, sua voz ainda dá conta do recado, pois sabendo de suas limitações usa toda sua técnica para atingir notas altas e modifica propositalmente seu timbre onde cai bem um improviso. E válido dizer que, recentemente, John foi nomeado o melhor cantor de rock da história da música cristã pela GospelMusicChannel.com.

Voltando ao setlist do show, após um solo de teclado bem curioso onde John Lawry usou com maestria seu sintetizador emulando vozes e palavras como Jesus e um vibrante solo de bateria de Chris, a intro de Creed ganhou o ambiente, mostrando porque o disco Beyond Belief é um divisor de águas do Aor mundial. Todo o público cantou junto num desses momentos que com certeza ficam eternizados em nossa memória.

Com Juda’s Kiss, Bema Seat, e um cativante medley acústico encerrado com a balada Love, a banda seguiu para uma pausa para que Bob mais uma vez tomasse o microfone pra falar de maneira mais enfática sobre aquilo que é a razão da existência do Petra: o amor de Deus. Bob deixou uma mensagem positiva, de esperança onde disse, entre outras coisas, que todos fomos chamados para sermos testemunhas do amor de Deus e que esse amor poderia mudar a vida de cada um ali assim como mudou a vida de todos eles. Após esse breve respiro, All Fired Up, Jekyll and Hyde e a aguardada Beyond Belief revelando que a noite ainda prometia mais. Após o solo de Bob, a sequencia final veio com Lord I Lift Your Name, Somebodys Gonna Praise His Name, uma versão de Hallelujah de Handel e He Hame He Saw He Conquered fechando a noite de maneira excepcional com sensação de dever cumprido e deixando no público um gostinho de quero mais. Como é bom ver 2 bandas lendárias entregando tudo no palco. Como é bom ter rock n’ roll numa segunda feira fria de fim de mês. Agradecemos muito à Lex Metallis Agency pela credencial e a chance de trazer essa cobertura para vocês.

POR DIOGO FRANCO E TODA AS FOTOS POR MIDY CRIS