Sol em Wacken – Foto por Cindy Seidel

O inacreditável aconteceu: finalmente tivemos sol em Wacken! Passamos do “Rain” ao “Shine” como num passe de mágica. Ótimo para os fãs, que conseguiram acessar com mais facilidade os palcos mais distantes e atrações especiais, como a novidade deste ano: o Space Camp, uma zona interativa onde especialistas e instituições ligadas à ciência e à exploração espacial levam os participantes do festival direto a uma viagem rumo às estrelas.

Começamos o dia com o incrível Peyton Parrish. Infelizmente, o show foi um pouco decepcionante: muitas vezes o som parecia baixo e, em alguns momentos, ele aparentava perder o fôlego. Ainda assim, nada que impedisse os fãs de cantarem todos os hits mais conhecidos a plenos pulmões. Peyton aproveitou também para apresentar material novo. Curiosamente, ele tocou a famosa “Valhalla Calling” duas vezes e, na segunda execução, emendou com um discurso religioso exaltando Jesus — algo que se repetiu várias vezes durante o show.

O ponto alto? Com certeza a cover de Linkin Park – “Leaving Out All the Rest”.

Peyton Parrish – Foto: WOA
Peyton Parrish – Foto: WOA

 

 

 

 

 

 

Vale lembrar que Saxon também estava na programação desse dia, mas infelizmente cancelou sua apresentação devido a problemas de saúde do vocalista Biff Byford.

O show do Forbidden com certeza foi um dos mais poderosos e intensos do festival, celebrando os 40 anos de existência da banda na turnê “40 Years of Twisted Evil”.

O setlist reviveu a áurea época da Bay Area, com destaque para “Step by Step”, cantada por todos os presentes. Apesar de tantos clássicos, o público vibrou especialmente com “Divided By Zero”, primeiro material inédito do retorno da banda, após um hiato de mais de 10 anos.

A banda estava afiadíssima no palco, com destaque para o vocalista Norman Skinner, que trouxe nova vida com sua voz e performance poderosas. Nas guitarras, Daniel Mongrain (ex-Voivod) se encaixou perfeitamente com a guitarra potente de Craig Locicero. Momento fofura do show: o baterista Chris Kontos pediu que todos desejassem feliz aniversário à sua mãe — tomara que ela tenha assistido ao vivo pelo streaming!

Depois dessa destruição no palco Louder, nossos ânimos (e do público em geral) estavam lá em cima para os próximos shows – nada como uma boa dose de “Metal e shine” de qualidade para renovar a energia e vamos lá que tem mais Wackeeeen rolando!

Forbidden em palco – Fotos por WOA

E no mesmo palco Louder, tivemos os ícones do metal industrial: Fear Factory!

Dino Cazares e seus companheiros entregaram como sempre muito peso e técnica, e para a alegria dos que estavam presentes o setlist foi majoritariamente baseado no clássico “Demanufacture”.

O novo vocalista Milo Silvestro foi muito bem recebido pelo público, entregando uma excelente performance – aprovado com louvor, afinal, que “prova de fogo” poderia ser maior do que o Wacken? A banda mostrou a que veio e entregou um show de tirar o fôlego, sem pausas para descanso, direto ao ponto, do jeito que o público gosta.

Apesar de todo o marketing do Wacken 2025 girar em torno do Guns N’ Roses — inclusive com camisetas oficiais que traziam rosas junto à famosa vaca símbolo do festival — quem realmente dominou os holofotes foi o Papa Roach. Em sua estreia como headliner na Europa, a banda registrou o maior público do festival, em um show memorável.

A performance foi marcada pela intensa conexão entre palco e plateia: chamas e efeitos visuais incendiaram o cenário enquanto uma verdadeira onda de crowdsurfers cruzava a multidão sem parar. A banda entregou uma energia surreal, intercalando seus clássicos com um medley que revisitou grandes nomes do new metal. Os momentos mais emocionantes vieram com as homenagens a Chester Bennington (Linkin Park) e a Ozzy Osbourne, arrepiando todos os presentes. Mais uma vez, o Wacken mostrou sua força em apostar no inesperado.

Fear Factory – Fotos por Cindy Seidel

Como nem tudo é perfeito, a chuva voltou justo na hora do Dimmu Borgir. Mas, longe de atrapalhar, o clima sombrio intensificou a atmosfera do show. A apresentação trouxe um arsenal de clássicos, embalados por visuais góticos e uma iluminação impactante, criando uma experiência imersiva e teatral. Shagrath conduziu o público com maestria, e os destaques ficaram para Puritania, In Death’s Embrace — onde o novo guitarrista Kjell Åge “Damage” Karlsen estreou com segurança e presença de palco — e o grand finale magistral com Mourning Palace, que levou os fãs do black metal sinfônico ao êxtase.

Foto por WOA
Foto por Cindy Seidel

Outra grata surpresa foi o show do Bad Loverz, projeto paralelo dos músicos do Saltatio Mortis. O visual glam e o setlist recheado de hits icônicos dos anos 80 — de Roxette a Black Sabbath — garantiram um espetáculo leve, divertido e contagiante. O ponto alto veio com o tema de Pokémon, que transformou o Wacken em um enorme karaokê coletivo. Nem mesmo a forte chuva conseguiu tirar o sorriso da plateia.

O encerramento dos shows da noite foi puro sentimento: uma emocionante homenagem a Ozzy Osbourne. Enquanto ecoavam os acordes de Mama I’m Coming Home e Paranoid, drones sobrevoaram o palco principal e formaram no céu a frase “OZZY WE LOVE YOU” — um momento inesquecível, digno da grandiosidade do festival.

Bad Lovertz – Fotos por WOA

E assim, o terceiro dia do Wacken terminou: com os fãs exaustos, mas com sorrisos de orelha a orelha, carregando na memória cada solo, cada riff e cada momento compartilhado. Wacken provou mais uma vez que não é apenas um festival, mas uma experiência intensa, onde o metal se sente, se vive e se celebra em comunidade. O coração do festival pulsa mais forte a cada dia, e a expectativa pelo quarto dia é enorme, misturada com aquela pontinha de tristeza por saber que o festival já está chegando ao fim.

TEXTO POR CAMMY MARINO e CINDY SEIDEL

Área do Festival – Foto por Cindy Seidel