Deep Purple – Espaço Unimed – 13/09/2024
Todas as fotos por Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
Texto por Bel Santos
Após ser anunciado no Rock in Rio 40 anos, o Deep Purple, anunciou uma data em São Paulo e prova que sim, ainda tem lenha pra queimar.
Ian Gillan, Ian Paice, Roger Glover, Don Airey e o novato Simon McBride iniciaram com a clássica “Highway Star” e fizeram explodir a plateia paulista, que cantou alto e reverenciou a banda.
Dispondo de um som absolutamente perfeito desde o primeiro momento, a banda emendou a nova “A Bit On The Side” e logo nos transportou para 1970 com “Hard Lovin´Man” do In Rock.
Uma das curiosidades era como se comportaria e como a público abraçaria o guitarrista Simon McBride. E podemos dizer que ele passou no teste sem arranhões.
É gênio como Blackmore e Morse? Claro que não. Gênios não dão em árvores, mas é um guitarrista muito bom que fez seu papel nessa encarnação da banda.
A outra curiosidade era como estaria Ian Gillan do alto de seus 79 anos de idade.
Acho que Gillan “achou” sua voz nessa etapa de sua vida, tentando se arriscar poucas vezes nos agudos característicos de sua áurea época. Mas convenhamos, Mr. Silver Voice, pode fazer o que quiser, pois já tem uma bela folha corrida de serviços prestados a esse estilo que amamos.
Com a idade soube se preservar e achar um “lugar” pra fazer confortavelmente o show todo.
A fantástica “Into The Fire” continuou nossa viagem por 1970 e chegou a hora do primeiro solo, que vale mais como um descanso para os músicos. Simon McBride mostrou suas habilidades, mas foi um momento nada brilhante, até a banda começar a eterna homenagem ao Rei do Hammond, John Lord, com “Uncommon Man” do Now What (2013).
Depois de algum tempo sem ver a banda ao vivo, ainda ficamos impressionados e podemos afirmar que Ian Paice é o melhor baterista do mundo. Simples assim.
Ele não é nenhum “atleta do instrumento”, ele não “espanca” a bateria como se fosse seu pior inimigo. Ele simplesmente faz aquele instrumento brilhar com cada virada, condução ou qualquer outro termo técnico no lugar certo.
É lindo vê-lo tocar.
“Lazy Sod” do disco mais recente =1 (2024) deu sequência e mostrou que o público gostou muito desse novo trabalho. E parabéns à banda por “se arriscar” e colocar no set list várias músicas recentes. Atitude mais que correta, de uma banda corajosa e que confia no seu trabalho e não está parada no tempo.
Depois do solo de Don Airey, que após sua entrada na banda, foi ganhando espaço gradativamente no decorrer dos anos, a banda faz a plateia paulista cantar e dançar com a contagiante “Lazy”.
Dando sequência, o Purple resolveu brincar com nossos corações tocando a belíssima “When A Blind Man Cries” com um verdadeiro show de Ian Gillan.
Bora de música nova? “Portable Door” dá sequência, seguida de uma grata surpresa e um dos grandes momentos do show com a público cantando alto “Anya” do Battle Rages On (1993).
Após um dos ápices do show, veio mais um solo de Don Airey dessa vez com trechos de músicas clássicas, “Aquarela do Brasil” e finalizando com o Hino Nacional Brasileiro, ufanisticamente cantando por boa parte da plateia paulista.
Quando a maioria do público imaginava que a banda começaria “Perfect Strangers”, eles começaram “Bleeding Obvious”, mais uma música nova, onde a banda dá aula e mostra de onde boa parte das bandas ditas progs chuparam o que fazem até hoje.
Ovacionada, e iniciando o trecho final do show, a banda dá seu golpe de misericórdia e manda “Space Truckin” com show de Paice, “Smoke On The Water” (como as ditas rádios rock fizeram mal a essa música), dando aquela saída fake para voltarem com um trecho de “Green Onions” de Booker T And The MG´s, o cover de “Hush” de Joe South e finalizando com a onipresente “Black Night”.
Público feliz, banda sentindo-se realizada pela troca de energia com o sempre empolgante público paulista e a boa música encerrando a sexta-feira. Perfeito.
Podem chamar do que quiserem: Classic Rock, Hard Rock e até dinossauros, mas esses caras foram uma das pedras fundamentais do Rock como o conhecemos, junto de Sabbath e Zeppelin.