“FINANCIAMENTOS COLETIVOS, NOVOS ÁLBUNS E DOCUMENTÁRIO”
Após passar muitos anos sendo cobrado pelos fãs, Carlos Lopes, resolveu contactar os integrantes da formação clássica, Claudio Lopes e Toninho Hardcore para tentar um retorno. No entanto, a pretensão era financeiramente inviável. O artista, em mais uma atitude pioneira, apostou em uma nova modalidade de empreendimento: o crowd funding, que funciona como uma espécie de “pré-venda”.
Em 2012, doze anos “depois do fim”, e, após uma bem sucedida campanha de financiamento coletivo a banda retorna com o disco 2012. A virada do século provocou um reboliço nas artes e, relativamente à música, gerou novas modalidades de som e de mercado. O que exigia uma resposta legítima do meio artístico. Então, ao que parece, o mais sensato para a Dorsal, foi evocar o espectro dos primeiros dias, nos quais a banda compunha em função da língua materna. Dessa forma, tal como a fênix, a banda ressurge das cinzas com um disco menos orientado para o thrash metal, cru e cantado em português. Isto, talvez simbolize tanto uma declaração de independência quanto um apelo para a “releitura” da mensagem que a banda sempre esteve preocupada em transmitir.
Com fôlego renovado, a Dorsal se joga em mais uma empreitada. Com composições mais adaptadas à realidade do Brasil e com olhar ainda mais focado nos fatos históricos, lança em 2015, o excelente Imperium. Uma abordagem de aspectos obscuros da história do país, dos quais, alguns têm desdobramentos até os dias de hoje. Em relação ao trabalho anterior, a banda parece, ao mesmo tempo, mais entrosada e mais desprendida. As músicas se diluem nas influências do punk, do thrash e do heavy metal, todavia sem se prender muito às marcas de cada gênero, o que conferiu ao som, contornos menos tradicionais. Parece-me que aqui, os temas narrados/cantados se fundem à parte instrumental de uma maneira mais coesa do que em qualquer outro disco da banda. Diria mesmo que Imperium é um dos trabalhos mais despojados da Dorsal.
Contando novamente com o engajamento dos fãs, em 2015, a banda realiza mais um projeto de crowdfunding. Desta vez, com vistas a arrecadar fundos para a confecção da história da banda contada em HQ. O projeto obteve êxito e dele falaremos na próxima parte!
Na sequência, em 2016, ano em que completou 32 anos, lançou o documentário Guerrilha – A trajetória da Dorsal Atlântica, no qual está narrativa está baseada. O filme resgata os primórdios da banda e documenta o retorno da formação clássica. Como plano de fundo, fala das belezas e as dores de ser uma das bandas mais emblemáticas do cenário “metal” do nacional.
> Texto originalmente publicado no blog Esteriltipo. [Edição Revisada]
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