O ano de 1998 foi um ano no qual tivemos diversos acontecimentos, discos lançados, bandas debutando no mercado, grandes bandas lançando discos que são lembrados até o dia de hoje. No Brasil, o Phillips Monsters Of Rock acontecia na Pista de Atletismo do Ibirapuera, com bandas do renome de Megadeth, Savatage, Manowar e Slayer. Sim, a banda da qual iremos tratar é a responsável por um lançamento desse ano — o mal falado Diabolus In Musica.

Lançado 4 anos depois de Divine Intervention, um disco que hoje tem status de clássico e que marca a estreia do baterista Paul Bostaph, Diabolus In Musica nasceu no dia 9 de junho daquele ano. É um disco que não somente divide opiniões, mas que sempre embala discussões acaloradas sobre o que eles poderiam se tornar depois dele. A verdade é que ela se mantém como um dos maiores nomes do Thrash Metal do cenário.

Contendo 11 (onze) faixas, Diabolus In Musica apresenta um Slayer completamente diferente do que toda a sua base de fãs estava acostumada. Tirando a faixa de abertura, o resto do disco caminha por outro rumo, com muito mais groove e influências completamente “estranhas” para os mais fervorosos metalheads daquele tempo.

A faixa de abertura, Bitter Peace, é a música que mais se “assemelha” ao que os fãs do Slayer estavam acostumados: uma música “Pedal Into Thrash” (coloquemos assim), contendo todo o DNA que a banda sempre nos trouxe desde o início de sua carreira. Mas é a partir de Death’s Head que a coisa muda: essa música é bem mais grooveada, algo que os fãs mais “raiz” do Slayer jamais pensariam em ouvir. Até mesmo os solos da música são diferenciados.

Stain Of Mind é outra música muito grooveada, mas com um riff simplesmente matador — aquele típico riff que gruda na mente e você não consegue desgrudar dele. A bateria de Bostaph aqui é uma aula, e temos Tom Araya fazendo uns sussurros com o seu vocal limpo.

Overt Enemy vem ainda mais cadenciada do que as anteriores, mas ainda com uma bateria muito bem composta, um riff que brinca em ser arrastado e até mesmo com uma pegada que lembra um pouco o Industrial. Uma faixa que traz de volta o DNA clássico da banda em certo momento, colocando aquele Pedal Into Thrash.

Perversions Of Pain é a música que volta ainda mais com uma rifferama voltada para o Thrash, sendo que o groove ao qual o disco se propõe está bem legal aqui. A música tem evidência nos bumbos de Bostaph e uma dissonância nas guitarras de Kerry King e Jeff Hanneman que deve ter afastado muitos dela. Eu acho uma faixa excepcional e que, no solo… Pedal Into Thrash! Mas só ali mesmo, tá??

Slayer no Mayhem Festival de 2009

Agora eu vou falar de uma das faixas que eu mais curto do disco todo: um groove viciante, o Tom Araya quase “rapeando”, sem perder a agressividade que sua voz sempre teve, riffs maravilhosos… Tenho certeza que Love To Hate foi uma fortíssima influência para diversas bandas de Thrash Metal atualmente que têm uma pegada forte de groove, pois ela é perfeita!!

A faixa Desire tem mais foco no vocal sussurrado de Tom Araya, que traz um tom soturno que a música pedia. O riff fraseado dá um arzinho de terror à bela composição, que segue muito bem dentro do contexto geral do disco.

A oitava faixa, In The Name Of God, traz um refrão forte, com Araya berrando a plenos pulmões: ANTICHRIST IS THE NAME OF GOD! Cadência certeira nessa faixa pesadíssima e com guitarras tão bem “amoladas”. Depois dela, Scrum… e, meus amigos e amigas, isso aqui é um tapa de respeito na nossa sensível face. É aquele belo Pedal into Thrash que todos esperam do Slayer: riffs rápidos, vocal direto, bateria sem parar, frenética.

Penúltima música, Screaming From The Sky retorna à temática que Diabolus nos trouxe: um som mais cadenciado, grooveado e de qualidade gigante, tudo perfeito e no lugar. Fechando o disco, Point entrega exatamente tudo que ouvimos no decorrer de Diabolus In Musica — uma faixa com ótima cadência, riffs perfeitos e o vocal raivoso de Araya, além do Pedal into Thrash nos refrões. E dito tudo isso, sabe o que eu acho do Diabolus In Musica?

BOOOOOOOOOOM DEMAIS!!

Sinceramente, até hoje eu não consigo entender o porquê reclamam tanto desse disco do Slayer. Essa reclamação, para mim, é completamente infundada. Sempre que entram nessa discussão comigo, vem um “Ah, sei lá” ou então “Mas isso não é Slayer de verdade”. NÃO?? A banda pode não ter lançado um disco nos moldes dos anteriores — que, sim, são maravilhosos —, mas essa mudança não descredencia a banda em absolutamente nada. Esse é um belíssimo disco de um dos grandes nomes do Thrash Metal Mundial, sim, e eu aconselho a todos que retornem e ouçam Diabolus In Musica de novo para entenderem a grandiosidade dessa maravilha.