Na noite de 11 de julho de 2025, Porto Alegre recebeu não apenas um show, mas uma celebração histórica: os 20 anos do Temple of Shadows celebrado pelo cantor original Edu Falaschi. O espetáculo, que já passou por diversas capitais, aterrissou na capital gaúcha em sua forma mais madura, tanto artística, emocional e como tecnicamente.

 A história de superação do Edu Falaschi é mais inspiradora do que você imagina…

Edu Falaschi

Ele quase desistiu da música antes mesmo de entrar pro Angra. Depois, enfrentou o peso das críticas impiedosas quando perdeu a voz por causa do refluxo, um momento difícil que culminou no emblemático primeiro show do Angra no Rock in Rio , quando muitos disseram que ele deveria parar de cantar.

Mas ele não parou. Procurou ajuda. Reaprendeu a cantar. Reconstruiu tudo. E hoje, sua carreira solo é uma das mais bem-sucedidas do metal brasileiro.

A apresentação reuniu milhares de fãs em uma experiência que foi tanto sensorial quanto simbólica. A estrutura impecável do palco, a qualidade de som cristalina, os recursos visuais e a orquestração deram o tom de grandiosidade necessário para honrar a magnitude conceitual do álbum Temple of Shadows que combina elementos de ópera-rock, trilha cinematográfica e pesoTemple of Shadows que combina elementos de ópera-rock, trilha  clássico do metal melódico.

Abertura: Auro Control e Noturnall

Antes do Edu Falschi enrar, a noite começou com a potência da Auro Control, banda baiana de  powerr metal com elementos progressivos que vem ganhando destaque no cenário nacional. O show foi técnico, enérgico e emocionalmente maduro. Lucas de Ouro, vocalista da banda, impressionou com sua versatilidade vocal: alternando entre momentos melódicos delicados e passagens de intensidade altíssima, sempre com domínio absoluto de respiração e afinação. 

O som da banda é sofisticado, com riffs complexos e estrutura harmônica bem construída, provando que a Bahia exporta não só axé, mas também metal de altíssima qualidade.

A seguir, a Noturnall trouxe sua habitual entrega explosiva. Com presença de palco marcante e um som que mistura o progressivo, o moderno e estilos mais pesados de metal, a banda elevou ainda mais o clima da noite preparando o nosso espírito para a chegada do Edu Falaschi.

Thiago Bianchi foi o centro gravitacional da apresentação: carismático, técnico e totalmente entregue. O momento mais impactante foi a interpretação de “O Tempo Não Para”, clássico de Cazuza, que ganhou uma releitura poderosa, e que muitos conhecem pela versão de estúdio e clique que a Noturnall gravou com a participação mais que especial de Ney Matogrosso. Confira aqui:

Em “Scream for Me”, Bianchi conduziu o público como um maestro, incentivando um coral de vozes que tomou conta da casa — um momento de pura conexão entre banda e plateia, simplesmente arrebatador.

Edu Falaschi – Técnica, Emoção e Excelência

Ao som de Deus Le Volt!, a jornada conceitual do Temple of Shadows começou de forma imersiva. Acompanhado de orquestra, coral e cenografia simbólica, Edu entregou uma performance vocal extremamente sólida — sem excessos, com interpretação e técnica apuradas.

“Spread Your Fire” foi executada com energia e precisão. Já nessa primeira música, os integrantes mais novos no grupo Jean Gardinalli  e Victor Franco e se mostrou um grande destaque que continuaria durante o show inteiro.

Já em “Waiting Silence”, o destaque foi a dinâmica emocional e o uso do silêncio como parte da narrativa — algo raro e ousado ao vivo.

 Em “Wishing Well”, a balada mais motivacional do álbum, levou muita carga sentimental e fez o público cantar junto com muita emoção e entrega.

“No Pain for the Dead” emocionou pela dramaticidade. A interpretação de Edu foi intensa, mostrando domínio da carga simbólica da letra. Luana Cruz(@lu_cruzzzzz) da banda O Cara do Metal(@ocaradometal_banda) já entrou no palco agitando e levantando o público, e sua linda voz lírica deixou a música ainda mais sentimental e tocante.

Sua banda é outra revelação no metal gaúcho e nacional que traz irreverência e um metal com influências muito ecléticas e com foco em parcerias e participações, o tipo de abordagem colaborativa que ajuda a elevar toda a cena do metal, vale a pena conhecer a banda. Você pode conferir uma música da banda aqui:

Foto por Raquel Almeida (@byraquelphotos)

Na “Winds of Destination”, o equilíbrio entre os elementos sinfônicos e o peso do metal deu à apresentação um caráter cinematográfico, principalmente na parte recitativa que Edu Falaschi canta no interlúdio que deixa um misto de clima enigmático e profético.

O cantor Henrique Martins (@henriquemartinshc) da banda Winterfall(@winterfallband) com certeza é uma das novas revelações no cenário do metal gaúcho e nacional, sua performance foi muito incrível e fico muito curioso para ouvir o primeiro álbum da sua banda que está para sair ainda esse ano. O primeiro single da banda com ele no vocal já pode ser conferido aqui:

Em “Rebirth”, Edu apareceu sozinho com o violão. A versão acústica da música que marcou o renascimento pós-Angra foi tocada com beleza e intensidade — e aplausos merecidos.

“Pegasus Fantasy – Ultimate Version” levou o público ao delírio. A nova roupagem, mais pesada e moderna, respeita o clássico e eleva a faixa a um novo patamar — foi um dos momentos de maior energia da noite onde Diogo Mafra, Raphael Dafras e Fabio Laguna deram tudo de si e roubaram a cena nas novas partes instrumentais dessa versão.

Já em “Bleeding Heart”, Edu surpreendeu ao cantar parte da música em português, brincando com o público e transformando o momento em uma interação descontraída e memorável — o riso foi coletivo, mas a conexão também.

Todos os cantores selecionados para o concurso tiveram excelentes performances que somaram ao espetáculo sem perder o cuidado com a fidelidade da obra. 

Tive o privilégio de conferir de perto do trabalho de toda a equipe nos bastidores que me impressionou com o profissionalismo sem perder o clima leve e descontraído, então etemos que dar um agradecimento especial à toda equipe técnica que permitiu que esse espetáculo ocorresse.

Não posso deixar de dar destaque para o Tito Falaschi, que além de ser irmão do Edu, um excelente cantor e músico, ele está sendo o técnico de som dessa turnê, o que elevou a qualidade de equalização e ambientação sonora para um nível que eu nunca tinha visto nos mais de 10 shows que já assisti do Edu durante toda sua carreira.

E agora vamos falar da minha participação em “Temple of Hate”.

O dia em que realizei o sonho que quase desisti: Cantar com Edu Falaschi

Foto por Giovanni Maglia (@gmaglia)

Cantar ao lado do artista que me fez começar a cantar aos 14 anos foi mais que um sonho realizado, foi um reencontro comigo mesmo. 

Minha primeira experiência de cantar no palco ao público foi em um evento anime cantando a icônica “Pegasus Fantasy”. Ser aplaudido e ovacionado pelo público me marcou muito e me fez começar a acreditar que realmente eu tinha algum talento.

Essa primeira experiência me fez ter certeza que eu queria muito ser cantor e me fez investir na minha primeira banda Gear Factor aos 18 anos.

Mas como durante uma jornada da vida nem tudo são flores, depois de 2 anos, a banda se desmanchou logo após gravar a primeira demo, e a decepção me fez desistir de cantar, o que iria acontecer muitas vezes ao longo dos últimos 22 anos,  em muitos momentos eu quase desisti de verdade.

Me perdi em crises emocionais, burnout, depressão, síndrome do pânico, vivi longos períodos de silêncio onde calei meu canto… achando que minha voz não era suficiente e que o sonho de ser um artista cantor de metal não ia dar certo para mim.

Mas uma força maior e superior dentro de mim sempre me resgatava, quando artista é quem você é, você pode até fugir da arte, mas a arte sempre dá um jeito de te trazer de volta para sua essência.

Mas no dia 11/07/2025, em Porto Alegre, no palco da turnê Temple of Shadows in Concert, eu(@ozyrys.sheratan), cantor das bandas @hellonwings.br e @vipers.of.shamaangra, subi ao palco da AMRIGS e cantei ao lado do Edu Falaschi a música Temple of Hate, onde tive a honra de cantar a parte do criador do power metal Kai Hansen(@realkaihansen). Confira o registro em vídeo por José Florêncio(@joseflorencio227):

Cantei com quem me inspirou a ser quem sou.

Imagina se eu realmente tivesse desistido?

Eu jamais teria vivido isso… esse vídeo é a prova da realização de um sonho que resistiu ao tempo, ao medo, além de resistir ao impulso de desistir quando ouvia aquela voz crítica dentro de nós que fala:

DESISTA, VOCÊ NUNCA vai ser bom o suficiente!”.

Foto por Giovanni Maglia (@gmaglia)

Ainda bem que eu não desisti, mas foi somente a busca incansável por autoconhecimento e libertação das minhas correntes interiores, com centenas de sessões e workshops de terapia me salvaram, assim pude realizar meu sonho.

E se o Temple of Shadows é sobre um homem dividido entre amor e missão, luz e fanatismo, minha história também é: entre desistir ou continuar, entre calar ou cantar.

Que o amor e a música sempre continue nos dando forças para sempre possamos continuar escolhendo persistir e expressar nossa essência através da nossa arte.

Você também não deve nunca desistir, pois se a criança tímida que fugia

na rua para não dar bom dia aos vizinhos conseguiu realizar esse sonho, você também consegue realizar o seu!

Foto por Giovanni Maglia (@gmaglia)

E se você também tem medo de não ser bom o suficiente… lembre-se disso: A sua voz é única demais pra ser calada pelas vozes do medo.

 E lembre-se: a arte tem o poder de te lembrar do que você é feito…

Foto por Giovanni Maglia (@gmaglia)

TEXTO POR OZYRYS SHERATAN