A cantora Fabienne Erni é a nossa convidada.
Illumishade, essa palavra curiosa, é o nome da nova banda que conta em sua formação com dois integrantes do Eluveitie: a talentosa cantora Fabienne Erni e o guitarrista Jonas Wolf. Propondo em seu registro de estreia um projeto conceitual, a ideia transcende o álbum nos levando a um mundo fantástico de magia, muita imaginação, onde somos envolvidos por personagens, ambientes cativantes, conflitos e principalmente, músicas inspiradas de extrema qualidade.
O trabalho chamado “Eclyptic: Wake of Shadows” foi lançado ainda no primeiro semestre e vem recebendo merecidamente críticas positivas – como você pôde conferir o review feito por nós – desde então. E o Headbangers Brasil tem a honra de receber Fabienne Erni, umas das mais destacadas vocalistas da música pesada na atualidade, para conhecer um pouco mais a respeito sobre esse universo tão especial que o Illumishade representa e é claro, sobre outros assuntos pertinentes também.
Headbangers Brasil: Antes de tudo, parabéns pelo lançamento deste excelente álbum Fabi e obrigado por compartilhar conosco este mundo tão especial que “Eclyptic: Wake of Shadows” retrata. Mas me diga como foi escolher, ou melhor, convidar os outros membros da banda para construir o mundo de Illumishade ao seu lado?
Fabi: Olá e muito obrigada pelo convite! 🙂 Bem, todo o projeto começou como um projeto escolar! Eu estava terminando meu mestrado na universidade de música em Zurique em setembro passado e minha tarefa era criar um projeto e música! Então foi assim que tudo começou! E escolher os membros foi fácil: com Yannick e Marc, eu estudava com eles há 5 anos e os conheço muito bem. Eu conheci Mirjam também na escola e sabia que ela era a pessoa certa! E, claro, Jonas. Todos nós viemos da mesma cidade e estou super feliz por ter todos eles na banda!
HB: A escolha de um trabalho conceitual é um tremendo desafio, que poucas bandas se atrevem a enfrentar. Falando para as pessoas que ainda não tiveram a chance de ouvir as músicas, como você descreveria o enredo que Illumishade se propôs a contar?
Fabi: Estamos convidando as pessoas para o nosso mundo de ILLUMISHADE! É um lugar onde todos podem se sentir em casa e escapar da realidade por um momento. No nosso mundo de ILLUMISHADE, aqui estão 5 tribos, cada membro da banda pertence a uma tribo. E nós, como a ordem de ILLUMI, protegemos o coração do nosso mundo, o cristal, que mantém o mundo inteiro em equilíbrio.
HB: A impressão que tive ao ouvir o álbum é que vocês fizeram tudo com uma segurança impecável, variando passagens muito pesadas com momentos angelicais, conseguindo transmitir atmosferas únicas. Quanto tempo vocês passaram no estúdio e qual foi a faixa mais desafiadora? A que exigiu mais da banda?
Fabi: Os contrastes desempenham um grande papel em nossa banda. Não apenas no nome da banda (ILLUMI – SHADE), mas também musicalmente. Eu absolutamente amo baladas derretidas, mas também gosto de coisas pesadas. O mesmo para Jonas! Então ficou claro que esse projeto seria um playground para deixar a criatividade fluir. O tempo do estúdio foi um pouco louco, porque também fomos ao estúdio entre as turnês com a Eluveitie, foi muito intenso. Cada faixa tem sua estória, algumas faixas levaram mais tempo até chegarmos ao ponto em que poderíamos dizer: sim, vamos levar essa para o álbum! O mais desafiador foi, eu acho, “Muse of Unknown Forces”! O último refrão é muito alto, além das harmonias! Mas mais alto é mais alto e mais e mais … haha! 😉
HB: É notório que bandas com características voltadas para folk e gótico, têm um capricho peculiar ao propor a gravação de um vídeo. Portanto, era de se esperar do Illumishade essa singularidade, mas vocês foram além, construindo pequenas obras-primas com os vídeos de “ World’s End” e “Rise”. Diga-me como surgiram as ideias para essas produções?
Fabi: Oh, muito obrigada pelas suas amáveis palavras! Temos muita sorte de conhecer Jens (produtor), ele é um grande amigo nosso agora! Eu acho que foi o ajuste perfeito para nós – não é apenas produtivo e criativo trabalhar com ele, mas também muito divertido! É claro que fizemos um plano e reunimos ideias, Jens é muito estruturado e sempre bem preparado. Mas algumas coisas foram espontâneas, por exemplo, os shootings no lago em “Rise”! Às vezes o espontâneo é o melhor! 😉
HB: Fabi há algo muito especial em sua interpretação da música “Rise”, que não consigo explicar com palavras, é algo que senti. Se possível, eu gostaria que você comentasse esta música. De onde veio tanta paixão e inspiração?
Fabi: Oh, muito obrigada! Ouvir isso me faz muito feliz! Essa música significa muito para mim e não é apenas uma parte importante do nosso álbum conceitual, mas também como uma música independente. A mensagem é encorajadora e eu gosto de deixar espaço para que todos possam interpretá-la à sua maneira. É encorajador para mim também, pois criar um novo projeto exige muita coragem e você enfrenta muitos momentos e situações novos e difíceis. Mas graças a isso eu também cresci não apenas como músico, mas também como pessoa.
HB: Seu registro vocal é extremamente versátil, às vezes muito poderoso, atingindo notas muito altas, já em outro momento suave e quase sussurrante. Como funciona seu processo de composição e há alguma diferença entre cantar suas próprias letras e aquelas escritas por outra pessoa?
Fabi: Toda música tem seu próprio jeito de crescer. Algumas foram escritas apenas por uma pessoa, outras foram escritas no coletivo. Algumas nasceram quando Jonas e eu estávamos trabalhando juntos em minhas ideias, e ele as organizou e as desenvolveu. Mas em cada música, cada membro pode dar seu próprio estilo a ela. Isso é muito importante para nós. Foi a primeira vez que eu cantei minhas próprias letras e, claro, pareceu muito intenso. Mas não é a coisa mais importante para mim, eu gosto de cantar letras de outras pessoas! Tive muita sorte de trabalhar em conjunto com Callum South, um letrista muito talentoso.
HB: O conceito de Illumishade transcende o álbum, pois o enredo apresentado é muito rico em detalhes, o que oferece perspectivas muito interessantes a serem exploradas. Tenho certeza que vocês já pensaram nisso, certo?
Fabi: Criamos nosso mundo para muita interatividade entre os membros da banda e os ouvintes. Queremos que todos se sintam parte do nosso mundo, que se sintam em casa! Por isso, criamos nosso questionário sobre tribos (você o encontra em nossa página inicial – é possível ver a qual tribo pertence!), Nossa introdução coletiva e muitas outras interações. Aqui também Tamara desempenha um grande papel, nosso sexto membro em segundo plano, não é apenas minha melhor amiga, mas assumiu o papel de gerente da banda, é uma genuína organizadora e, graças a ela, pudemos perceber todas essas ideias. Também trabalhamos com um escritor de conceitos muito talentoso para desenvolver nosso mundo cada vez mais.
HB: Olhando de fora, tudo parece definido, com as orquestrações sob a responsabilidade de Mirjam, o lado pesado por conta de Jonas etc. A gravação funcionou seletivamente em relação a contribuição de cada membro ou foi algo mais como uma equipe?
Fabi: Toda música tem sua própria estória de desenvolvimento. Mas é muito importante para nós que cada membro possa contribuir com as músicas e que cada membro possa se conectar musicalmente. Estou muito feliz por ter um time tão maravilhoso, não apenas os membros da banda, mas Tamara, assim como Jens como nosso ‘videoguy’, nosso escritor de conceitos e Claudio Rodriguez, que gravou grande parte de nossas músicas e fez a mixagem.
HB: Corona vírus mudou a vida de todos nós, e as tours se tornaram bem mais complicadas. Você já foi capaz de avaliar o quanto foram prejudicados? Vocês têm planos para shows – normais ou online – para o restante do segundo semestre?
Fabi: Sim, tempos estranhos. Conseguimos fazer o show de lançamento ao vivo. Seria uma pena não poder tocar nosso álbum ao vivo! Sou muito grata por aquela oportunidade e o ponto positivo disso foi que poderíamos alcançar o mundo inteiro. Foi uma experiência muito intensa! Temos algumas coisas planejadas para os próximos meses, mas não posso revelar muito! Mas fique ligado !! 😉
HB: Ainda sobre o C-19, como estão as coisas na sua cidade atualmente? As pessoas respeitam a distância social?
Fabi: Aqui na Suíça, tudo está bem, obrigada. Temos restrições e temos que usar máscaras e manter distância social, mas podemos nos reunir em grupos maiores novamente. Viajar é mais difícil, é claro, e se você viajar para determinados países, precisará entrar em quarentena. Vamos ver como tudo se desenvolve, permaneço positiva e espero que shows maiores sejam permitidos algum dia novamente.
HB: Em relação ao incrível show de 23 de maio, que foi acompanhado por fãs de todo o mundo. A produção foi ótima. Como você se sentiu, Fabi? Diga-me como foi para você e a banda, qual foi o sentimento? E por que o tema de ‘Fronzen 2’ para o bis? (Particularmente eu gostei da versão, ficou muito legal).
Fabi: Oh, muito obrigada! Eu me diverti muito cantando “Into the Unknown” de Frozen 2! Eu sou uma grande fã da Disney 🙂 ! Foi uma experiência muito única, incrível, mas estranha ao mesmo tempo! Eu estava sentindo falta da reação da multidão. Você faz um show – mas não recebe absolutamente nenhum feedback. Um show ao vivo vive e cresce com a interação entre a multidão e a banda, e esse aspecto muito importante estava faltando! Mas nós fizemos nosso show e nos divertimos! Foi realmente um momento especial e inesquecível tocar nosso primeiro concerto para o mundo em um “concerto fantasma”!
HB: Fabi, quero muito agradecer sua atenção. É nosso desejo que Illumishade tenha o sucesso que merece, com muitos álbuns e turnês pela frente. E, claro, será incrível um dia recebê-los aqui no Brasil. Sinta-se livre para deixar uma mensagem para seus fãs e do Illumishade. Obrigado.
Fabi: Obrigada a todos por lerem esta entrevista! E Paulo, obrigada pelo convite! Foi um prazer! Desejo a todos o melhor, espero que um dia possamos visitar seu país e fazer shows! Obrigada por seu apoio e mantenha-se saudável!
Fique ligado:
https://www.youtube.com/c/ILLUMISHADE/featured
https://www.facebook.com/illumishade/
Como fomos honrados com essa magnífica entrevista gentilmente concedida por Fabi ao Headbangers Brasil, resolvemos oferecer também aos fãs da banda uma pequena resenha sobre o show de lançamento de “Eclyptic: Wake of Shadows”. Confira.
Resenha de show: Illumishade, live stream show, 23 de maio de 2020.
Na impossibilidade de realizar um show tradicional para o lançamento do álbum “Eclyptic: Wake of Shadows”, o Illumishade fez uso de seu ‘plano B’ e no dia 23 de maio passado, realizou o show sem público via seu canal oficial no You Tube.
A produção se esmerou em todos os detalhes, envolvendo cenário, figurino, iluminação, efeitos, em suma, todos os ingredientes de um show ao vivo normal, foram oferecidos aos fãs para que cada um pudesse, mesmo de longe, sentir o complexo mundo mágico que o Illumishade quer transmitir.
Antes da apresentação em si, uma serie de cenas de bastidores fez o papel de abertura. Mantendo a ordem de todas as treze faixas, a banda apresentou as músicas do conceitual álbum concentrada e com muita segurança.
Em meio a uma proposital penumbra propícia para destacar um belo efeito visual com a capa usada por Fabi, durante a intro “Passage Through The Clouds”, o ambiente começou a ser composto. Em seguida emendam direto em “The Calling Winds” em uma performance objetiva, com som e luzes na medida adequada. Só por esse cartão de visitas já se percebe, que apesar da produção complexa do álbum, com vocais e backing vocals em camadas, ao vivo a banda consegue reproduzir, senão em todos os detalhes, os que realmente importam, com o som denso e abrangente, associado á extraordinária interpretação de Fabi.
Entre os principais destaques é impossível deixar de citar as emocionantes “Rise” e “World’s End”, que ficaram incríveis ao vivo, com a banda colocando um sentimento único em cada nota desferida. Uma grande e inesperada surpresa ficou para a hora do bis. A banda apresentou uma versão para a canção tema de uma película que está entre os grandes sucessos dos estúdios Disney, “Frozen 2”, a música “Into the Unkown”, com instrumental do Illumishade colocando seu estilo na melodia. A interpretação de Fabi foi um verdadeiro show a parte com muita versatilidade e uma demonstração de alcance vocal simplesmente fantástica.
Após a apresentação os membros da banda permaneceram no palco, mantendo o devido distanciamento social, e respondendo por um longo tempo perguntas dos fãs que acompanharam o evento em um clima muito descontraído.
Para ter sido melhor, só em condições normais e com a casa cheia. Mas como sabemos que era impossível, acredito que o Illumishade marcou com sucesso o lançamento do álbum com uma grande apresentação, que esta registrada e disponível no canal oficial da banda no You Tube.
[Fotos: Mídias sociais de Illumishade, Fabienne Erni e Paulo Marcio).