“A cantora Keiko Terada é a nossa convidada”

A música pesada da terra do sol nascente possui vários expoentes que alcançaram sucesso internacional, mas se formos levar em conta um grupo só composto por mulheres, o SHOW-YA será certamente a principal referência.

Completando 35 anos de carreira nesse ano, o SHOW-YA ao longo dos anos inspirou diversas garotas em seu país a também querer cantar ou tocar um instrumento em uma banda de música pesada.

Donas de um talento invejável e detentoras de uma discografia de muita qualidade, o SHOW-YA além de servir como um exemplo proporcionou oportunidades reais para diversas bandas femininas novatas mostrar o seu valor em um festival criado pelo próprio SHOW-YA e que é realizado anualmente, justamente para mostrar novos talentos, o ‘Naon no Yaon rock festival’.

O HB teve a oportunidade de bater um papo com a vocalista do SHOW-YA, Keiko Terada, que também mantém uma destacada carreira solo. Conversamos sobre a situação atual do cenário da música pesada no Japão, sobre a trajetória do SHOW-YA, sobre o futuro e muitos outros assuntos.

Headbangers Brasil: Em primeiro lugar, muito obrigado por falar com o Headbangers Brasil, Keiko-san. É uma honra para todos nós. Falando sobre o início, como foi seu primeiro contato com a música? Quando você decidiu se tornar cantora? 

Keiko Terada: A música esteve sempre ao meu redor, mas não sei precisar um momento em especial. Acho que era meu destino ser cantora. Quando conheci Carmen Maki & Oz, uma antiga banda de rock japonesa, fiquei tão inspirada que comecei a cantar rock.

HB:  Nos últimos 10 anos o SHOW-YA tem se mantido ocupado com shows, com dois discos de covers muito bons e álbuns de estúdio excelentes e modernos como “Genuine Diamond“, “Progress” e principalmente “Aurora“. Você acredita que esse período representa a melhor fase da banda?

 KT: Isso embora a indústria da música tenha passado por uma situação difícil na última década. No entanto, eu acho que SHOW-YA tem sido capaz de realizar uma séries de atividades como uma banda de maneira gratificante e passou um período significativo. 

HB:  De “Masquerade Show” até hoje, vocês lançaram discos cada vez melhores e mais complexos. Como você vê essa evolução musical do SHOW-YA ao longo dos anos? 

KT: Estamos em constante evolução e prática. Eu acredito que quanto melhor for minha experiência, melhores serão as canções que eu posso cantar. 

HB:  Como funciona o processo de composição no SHOW-YA? Cada uma traz suas ideias ou é um processo mais coletivo?

KT: Cada membro traz suas músicas e ideias. A partir disso, todas nós escolhemos uma música que se encaixa no conceito do álbum. Já as letras são escritas por mim e por um letrista, com base em meu diário e minha notas. 

HB:  O SHOW-YA é uma banda feminina pioneira e referência na música pesada japonesa. Foi esse o principal motivo de você ter criado ‘NAON no YAON’’? 

KT: Na verdade soubemos que uma banda faria um show ao vivo e que atrairia 100 mil pessoas. Sentindo um pouco de ciúme, me perguntei se havia algo que nós poderíamos fazer. Muitas bandas e músicos femininos estão ativos agora, mas quando começamos o “NAON no YAON”, havia surpreendentemente poucas bandas e músicos femininos. Eu espero que mais bandas e músicos femininos tenham um papel ativo. 

HB:  Posso citar facilmente três ícones da música pesada do Japão: ‘Loudness’, ‘X-Japan’ e SHOW-YA. Qual é a sensação de fazer parte de algo tão importante? E além dos álbuns, claro, que legado você gostaria que o SHOW-YA deixasse na história da música? 

KT:  É uma grande honra para mim. Muito obrigada. E eu quero mesmo que vocês todos herdem o mesmo espírito do rock do SHOW-YA

HB:  Keiko-san, seus álbuns solo exploram um som diferente do normal no SHOW-YA. Você pensa em lançar um novo trabalho solo no futuro? 

KT:  Claro! Vou continuar meu trabalho solo em paralelo com as atividades da banda. O meu trabalho solo é um dos meus encantos diferentes da banda. 

HB:  Nunca tivemos a chance de assistir o SHOW-YA aqui no Brasil. Por que isso nunca aconteceu? Nunca houve um convite realmente significativo para você e sua banda se apresentarem na América do Sul? Temos uma colônia japonesa muito expressiva aqui em São Paulo, sabia? 

KT: Já fui entrevistado pela mídia brasileira várias vezes, mas não acho que o SHOW-YA tenha sido convidado.Talvez não tenha surgido o momento correto …Claro, eu sei, que São Paulo tem uma comunidade japonesa. Quero fazer um show ao vivo com o SHOW-YA no Brasil algum dia. 

HB:  Não só o mundo da música, mas praticamente tudo parou em 2020, por causa dos problemas que o corona vírus nos trouxe. Em particular no caso da banda SHOW-YA, quais foram as consequências? Vocês tiveram que adiar alguns de seus planos? 

KT:  O problema do Corona Vírus teve um grande impacto em todo o mundo e se tornou um momento muito complicado. O SHOW-YA celebrou seu 35º aniversário este ano. Havia um álbum para ser lançado em todo o mundo, mas foi adiado. Além do lançamento do álbum, eventos como “NAON no YAON” e turnês ao vivo também foram adiados. 

HB:  Keiko-san, como você reagiu a este problema de pandemia? Conte-nos como foram as coisas durante o período mais crítico e como estão as coisas hoje na cidade onde você mora? 

KT:  É um problema difícil. Algumas pessoas têm opiniões diferentes. Do que você tem medo, o que está fazendo e como aceitar o seu dia a dia. Eu tiro a temperatura todos os dias e sempre uso máscara, lavo as mãos e gargarejo. Também faço um teste de anticorpos para corona vírus uma vez por mês. E estamos realizando apresentações ao vivo em TwitCasting de locais que não têm público. Outro dia, fizemos uma pequena apresentação para um pequeno público. Naquela ocasião, a pessoa que assistiria ao show fazia um teste de temperatura corporal, desinfecção ao entrar no espaço, e fazia uso de máscara e protetor facial. O público estava em um local meio apertado. Para prevenir uma pandemia, você precisa desistir da ideia de que está bem e saber que pode infectar alguém. Especificamente, acho que todos deveriam pelo menos usar uma máscara. 

HB: E quanto ao futuro? Você acha que vai demorar muito para os shows voltarem a ser como estávamos acostumados? 

KT: Acho que essa situação vai continuar para sempre, a menos que uma vacina contra o  corona vírus seja feita. Será difícil voltar ao que costumava ser. Espero que a vacina do corona vírus possa ser feita o mais rápido possível. E que o público possa levantar os punhos, levantar a voz, e ter uma performance ao vivo com entusiasmo.

HB:  Queremos agradecer a sua atenção Keiko-san, muito obrigado. Tenho certeza que seus fãs aqui no Brasil estão ansiosos por notícias suas e do SHOW-YA. Fique à vontade para deixar mensagens para os fãs e divulgar os endereços para que eles fiquem conectados com todas as novidades sobre você e o SHOW-YA.

KT:  Obrigada pelo seu apoio, a qualquer hora e em qualquer lugar! Estou ansiosa para ver vocês algum dia. É um momento difícil, mas vamos superá-lo com o espírito do rock!!! E aguardem ansiosos pelo novo álbum do SHOW-YA!

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(Créditos das fotos: Mídias sociais de Keiko Terada e SHOW-YA)

N.R.: Em meu nome e do HB quero agradecer a atenção dispensada por Keiko, que mesmo com uma agenda cheia, nos concedeu essa honra e a todos da MASTERWORKS CORP., especialmente ms. Kaoru Kikuchi,
por tornar essa entrevista possível.