O mítico baterista Thunderstick é o nosso convidado.
Desde seu surgimento o personagem mascarado Thunderstick, se tornou uma figura icônica do então crescente movimento “New Wave Of British Heavy Metal“, transformando os shows da banda Samson, a mesma que revelou Bruce Dickinson para o mundo, em espetáculos singulares e inesquecíveis, graças a sua técnica com o instrumento e seu visual teatral.
Depois de deixar o Samson, Thunderstick formou sua própria banda homônima, calcada no melhor do heavy metal tradicional e seguiu sua carreira, sempre mantendo a indumentária e mística do personagem. Recentemente a banda de Thunderstick lançou seu primeiro registro ao vivo e é sobre esse álbum, além de outros assuntos, que nós do Headbangers Brasil em meio as comemorações do mês do Dia Mundial do Rock, conversamos com o baterista Thunderstick.
Headbangers Brasil: Antes de tudo, muito obrigado por conversar com o Headbangers Brasil, Thunderstick. É uma grande honra. Vamos falar sobre o começo, como foi seu primeiro contato com a música e quando você decidiu que queria ser baterista em uma banda de hard rock?
Thunderstick: Está tudo muito bem documentado sobre como entrei na loucura de me tornar um músico. Eu estava colecionando itens para uma venda de garagem (nós costumávamos chamar de venda desordenada na época) e alguém jogou fora duas baquetas militares. Elas não chegaram a ser vendidas – eu as guardei. Então comecei a destruir os móveis dos meus pais com elas e eles resolveram me comprar uma bateria. Eu tinha nove anos. Então eu comecei a fazer as coisas habituais reunindo ‘bandas de quarto’ com meus amigos e, pouco a pouco, as coisas ficaram mais sérias quando me juntei a uma banda chamada “The Primitives”, onde morávamos na Sicília. Fizemos uma turnê pela Itália, Sardenha, Grécia e Sicília quando eu estava com 19 anos. Quando voltei para o Reino Unido, comecei minhas próprias bandas e toquei com outras pessoas, inclusive uma formação do Iron Maiden.
HB: Recentemente a banda Thunderstick lançou o álbum ao vivo “Something Wicked this Way – Live in France”. Thunderstick você ficou 100% satisfeito com o resultado deste trabalho? Como tem sido a recepção dos fãs?
Thunderstick: O álbum ao vivo é para mim um marco decisivo. Significativo porque não apenas mostra nosso desenvolvimento como banda, mas também se baseia na história do Thunderstick, com um material de mais de trinta e oito anos da banda Thunderstick. Isso também me deu a oportunidade de respeitar o meu tempo com Samson, incluindo parte do material que eu tinha escrito e, é claro, toquei com eles por alguns anos. O set que realizamos naquela noite na França foi diversificado em sua escolha de músicas e foi realmente satisfatório gravá-lo. A reação dos fãs foi maravilhosa. Fizemos uma prensagem inicial dos CDs e eles esgotaram poucas semanas após o lançamento, então tivemos que mandar fazer mais para dar conta da demanda.
HB: Como este é o primeiro registro oficial ao vivo, como foi à escolha do setlist para o álbum? Eu imagino a dificuldade já que os fãs esperavam tanto pelas músicas da banda Thunderstick como as do período no Samson também.
Thunderstick: Provavelmente já respondi isso na pergunta anterior, mas apenas para adicionar um pouco mais. Como sou um músico que tem a sorte de ter um catálogo antigo de trabalhos, é sempre difícil escolher o material para tocar ao vivo. Para uma banda imensamente popular, não é tão difícil se você tem vários ‘hits’ reconhecíveis instantaneamente, mas para uma banda como Thunderstick, que é reconhecida como uma banda ‘cult’, as músicas devem ser capazes de se defender por si próprias, mesmo que você nunca tenha ouvido falar de nós antes. Algo que eu acho que consegui no álbum ao vivo…
HB: Raven foi uma ótima escolha, porque sua voz é poderosa e funciona perfeitamente com o estilo da banda. Como foi o convite para ela se juntar ao Thunderstick?
Thunderstick: Foi bem direto na verdade… foi algo como: ‘você gostaria de se juntar à minha banda’? Um bom amigo a recomendou para mim. Ela fazia, e ainda faz shows solo. Assim que a ouvi cantar, soube que tinha que tê-la. Ela tem uma qualidade única em seu poder de voz, expressão e ao mesmo tempo, possui uma fragilidade que captura as emoções das pessoas quando a veem e a ouvem. Ela é a melhor cantora que eu já tive na banda em décadas. Eu a coloco no mesmo nível de Jodee Valentine, minha cantora nos anos 80. Eu acho que ela vai fazer um trabalho incrível, e eu quero que seja com o Thunderstick.
HB: Particularmente eu estou ansioso por novas músicas da banda Thunderstick para o futuro. Como o processo funciona na sua banda, Thunderstick? Você centraliza as ideias ou os outros membros também poderão contribuir?
Thunderstick: Até o momento eu escrevo, mas foi algo que aconteceu e não porque eu quis que fosse “tudo sobre mim”. Apenas eu era o mais prolífico do que qualquer um com quem eu estava trabalhando na época. Eu sempre me considerei muito mais um músico ao invés de apenas um baterista. Dentro do Samson, fiz uma quantidade razoável, adorava escrever melodias e harmonias sonoras para o rife ou tema principal. No Thunderstick, continuei minha paixão por compor. Especialmente letras, eu tenho uma grande satisfação em escrever. O próximo álbum de estúdio será o primeiro com outros membros da banda colaborando. Mas quando se tratar dos arranjos, porém, sempre terei a última palavra.
HB: Você é um dos nomes mais importantes e um personagem mítico de uma das fases mágicas da música pesada, a NWOHBM. Os fãs mais jovens precisam saber. Como foi criar o Thunderstick e viver aqueles dias?
Thunderstick: Bem, antigamente, quando eu comecei a tocar, não havia mídias sociais, não havia DVDs, CDs e havia muito poucas fitas VHS; de fato, não havia nem nada parecido com a MTV. A única coisa que os seguidores da música poderiam conseguir seria publicações musicais. Alguns deles eram muito parecidos com jornais e saíam semanalmente e havia outros que eram do tipo ‘fanzine’, com um belo cartaz colorido brilhante da banda no meio, mostrando o guitarrista na frente, ou ao lado do cantor e então você podia ver, lá na parte de trás, uma fileira de pratos e o topo da cabeça de alguém. E era assim que a maioria do público que comprava discos percebia os bateristas dentro de uma banda. Obviamente, havia exceções à regra como Keith Moon e John Bonham por exemplo. Mas, na maioria das vezes, o baterista era uma entidade sem rosto dentro de uma banda. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais queria criar um baterista sem rosto e foi o que fiz. Eu não poderia dar um nome a ele usando meu próprio nome, Barry Graham Purkis, teria sido um pouco estranho, então eu criei o nome Thunderstick, que também era sintomático com a minha maneira de tocar, então aí está. E o próximo passo era eu tocar dentro de uma jaula… onde a maioria dos bateristas deveriam estar (risos).
HB: Thunderstick, seu estilo de tocar e sua aparência teatral, seriam perfeitos para a carreira do Iron Maiden. Posso imaginar duelos épicos entre Thunderstick e Eddie. Qual foi o motivo de você deixar a banda?
Thunderstick: Tudo era muito diferente se compararmos ao Iron Maiden de hoje em dia. Era como se eles tivessem uma porta giratória de músicos e eu fui um deles. Na época em que eu estava com eles, quatro membros entraram e saíram da banda. Na época a formação tinha o cantor Dennis Wilcock, o guitarrista Terry Wapram, Tony Moore nos teclados e Dave Murray, guitarrista. Sim, eu sou um ex-membro, mas esse fato não teve qualquer influência na minha carreira.
HB: Nunca tivemos a chance de assistir a um show do Thunderstick dentro de sua jaula no Samson ou com sua banda solo aqui no Brasil. Por que isso nunca aconteceu? Houve algum convite realmente significativo para você e sua banda se apresentarem aqui na América do Sul?
Thunderstick: A resposta a essa pergunta é bastante simples, na verdade, nunca houve um promotor do seu país sério o suficiente para organizar uma turnê ou mesmo algumas datas. Eu sei que é muito caro levar uma banda como a minha para algumas apresentações, nós gostaríamos de ir para alguns shows, mas ainda não aconteceu. Talvez no futuro.
HB: Não apenas o mundo da música, mas praticamente tudo parou em 2020, por causa dos problemas que o Covid-19 nos trouxe. Em particular no caso da banda Thunderstick, quais foram às consequências? Você teve que adiar alguns dos seus planos?
Thunderstick: Sim. Foi um momento trágico para tantas pessoas perdendo entes queridos. Tenho a sorte de que ninguém da minha família ou da família Thunderstick tenha sofrido como tantos. No que diz respeito à indústria da música, não tenho certeza de que ela voltará ao que era antes de tudo isso acontecer. Nós mesmos tivemos que cancelar as aparições em festivais no Reino Unido, mas o mais importante é que estávamos no meio da gravação do próximo álbum de estúdio, quando tudo ‘parou’. Espero continuar de onde paramos no próximo mês (agosto). Obviamente, o lançamento foi adiado para o próximo ano.
HB: Thunderstick, como você reagiu a esse problema de pandemia? Conte-nos como foram as coisas durante o período mais crítico e como estão as coisas hoje na cidade onde você mora?
Thunderstick: O número de mortos tem sido muito alto no Reino Unido, então muitos deram atenção ao conselho dado a nós pelo governo do país e permaneceu em casa. No começo, não fazia muita diferença na minha vida diária, mas depois de um tempo tornou-se uma dificuldade. Agora estamos começando a nos aventurar um pouco mais com restrições. Eu só quero voltar ao álbum.
HB: E sobre o futuro? Você acha que demorará muito tempo para os shows voltarem a ser como estávamos acostumados?
Thunderstick: Muito tempo … 2020 foi completamente “eliminado” pela maioria dos músicos. Quanto ao que vai acontecer no próximo ano, ninguém sabe realmente. Haverá muitas baixas. Os promotores não podem agendar devido à falta de locais para música. Haverá um “excesso” definido no mercado, com certeza, com tantos eventos que tiveram que colocar tudo em espera este ano desesperados para vender tudo no próximo ano. Especialmente agora, temos uma quantidade enorme de desemprego como resultado da pandemia. Haverá uma enorme quantidade de pessoas incapazes de ir a concertos.
HB: Queremos agradecer a sua atenção Thunderstick, muito obrigado. Tenho certeza que seus fãs aqui no Brasil estão ansiosos por notícias suas e da banda. Sinta-se livre para deixar suas mensagens para os fãs e divulgar os endereços para que eles possam ficar conectados em todas as notícias sobre a banda Thunderstick.
Thunderstick: Eu adoraria aproveitar a oportunidade para agradecer imensamente a todos os fãs e apoiadores da minha banda e, claro, a você, Paulo, por continuar nos apoiando. Quem sabe talvez exista um promotor por aí que leia isso e decida nos convidar para que possamos ir tocar para vocês. Mantenha-se saudável e seguro e KEEP ROCKIN ‘. B Thunderstick.
(Créditos das fotos/imagens: Mídias sociais de Thunderstick)
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