Estamos todos aguardando o novo álbum do AC/DC, mas nem só de riffs grudentos e álbuns sempre iguais (e sempre eletrizantes – não, não escapo do trocadilho) vive o rock da Austrália. Vindos da ensolarada capital do Estado de Victoria, Melbourne, The Casanovas lançaram recentemente o bombástico Reptlian Overlord, o quarto álbum de sua carreira. Bastante experientes e já tendo dividido o palco com bandas do calibre de Motörhead, Mötley Crüe e os compatriotas AIRBOURNE, o novo baterista Brett Wolfenden, o vocalista/guitarrista Tommy Boyce e o baixista Damo Campbell, recrutaram o produtor Mark Opitz para gravar um álbum que realmente mostrasse o quanto podem ser viscerais. É com eles que conversamos (por email) sobre Reptilian Overlord e vários outros assuntos numa conversa gentilmente traduzida por Maria Luiza Krettli.
Headbangers Brasil: Vocês acabaram de lançar “Reptilian Overlord”. Como vocês se sentem em lançar um álbum novo sem poderem, pelo menos por agora, sair em tour com ele?
Tommy Boyce: É bem frustrante não ser capaz de fazer shows, mas estou feliz de termos lançado. Ficamos agradecidos que com a tecnologia moderna, as pessoas conseguem ser capazes de ouvir o álbum de forma simples e nós, definitivamente, sairemos em tour novamente quando for legalizado.
HB: Austrália e Brasil são exemplos de países em que fazer tour, mesmo dentro das fronteiras nacionais, pode ser um trabalho extenuante. Nossos territórios são gigantes. Como vocês e outras bandas costumavam lidar com isso e quando vocês vão entrar em tour novamente?
TB: Sim, é difícil na Austrália por causa da grande distância entre as cidades maiores. No passado, nós tivemos que fazer shows em cidades menores também, para remediar a distância. Assim que as restrições acabarem, nós entraremos em tour novamente, mas ainda não sabemos quando isso vai ser, infelizmente.
HB: Como estão as coisas na Austrália em relação à pandemia? Como vocês tem conseguido se manter seguros durante esse período difícil no mundo?
TB: Em Melbourne nós temos o isolamento mais severo do mundo nesse momento e está destruindo a nossa economia. Muitas pessoas estão cansadas disso e gostariam de ver uma abordagem mais significativa em vez de isolamentos brandos. Entretanto, estamos muito seguros, não somos permitidos sair de nossas casas sem ser para comprar comida ou fazer uma hora de exercício.
HB: Alguma notícia sobre um show, ou melhor, uma sequência de shows no Brasil nos próximos anos?
TB: Nós estamos planejando uma tour no Brasil em 2021. Se essas restrições já estiverem retiradas, estaremos lá!
HB: Como vocês tem visto a reação ao “Reptilian Overlord” dos fãs e críticos até agora?
TB: Até agora tem sido muito positivo. Nós estamos muito felizes de ouvir que as pessoas estão gostando tanto.
HB: Por favor, falem um pouco mais de “Reptilian Overlord”. No que difere do “Terra Casanova”?
TB: Quando fizemos “Terra Casanova” nós estávamos meio que começando novamente após um longo período de não fazer muito. “Reptilian Overlord” foi escrito e gravado após uma tour na Europa que nos deu mais direcionamento e inspiração. Acho que refletiu nas músicas e na energia desse álbum.
HB: Há algum conceito por trás de “Reptilian Overlord”? Há algo relacionado com as teorias reptilianas da conspiração e tudo isso?
TB: Hahah, sim, quando eu escrevi aquela música eu estava lendo um livro do David Icke. Obviamente parece ser muito besta, mas sendo verdade ou não, faz disso uma grande história!
HB: A banda estava em hiato enquanto você, Tommy, estava ocupado conseguindo a graduação em arquitetura, certo? “Casanova” significa algo como “Casa nova” em português. Somente uma coincidência ou houve algo no começo que te colocou no caminho dessa profissão ou também de ter uma banda com esse nome?
TB: Haha, isso foi mesmo uma coincidência, mas obrigado por apontá-la! Houve diversos motivos pelos quais nós damos uma parada. A banda perdeu o ritmo por diferentes razões, um deles foi que eu estava cansado por muito tempo. Agora sobre o nome, quando começamos, pensamos que seria engraçado se nos chamássemos “The Casanovas”, por causa do famoso Casanova que ficou famoso por ser mulherengo. Então foi meio que uma piada que pegou. Nós não somos mulherengos.
HB: Vocês são da terra onde o AC/DC começou. O que isso dignifica para vocês?
TB: De fato, AC/DC foi uma grande influência em mim desde muito novo e você pode ouvir muito isso no nosso mais novo material. Acho que quando eu era criança, era como um motivo de orgulho que uma das melhores bandas de rock do mundo veio da Austrália. Acho que eles ajudaram a criar um som “australiano” muito distinto. É duro e cru e “não não-absurdo”.
HB: Quais são as suas maiores influências no geral (Além deles, é claro)?
TB: Quando eu era muito novo, tipo 5 anos de idade, eu gostada do KISS. Nós costumávamos pintar nossos rostos com maquiagem e copiar seus gestos nas músicas. Ainda amo o KISS. Eu amo ZZ TOP, THIN LIZZY, BLACK SABBATH, ROOLING STONES, FREE, CHEAP TRICK, TED NUGENT… Todos os bons clássicos do rock pesado, sabe? Mas eu também amo punk rock como THE DEAD BOYS, THE DICTATORS, THE SAINTS, THE RAMONES, MC5, etc. E claro que bandas mais contemporâneas como TURBONEGRO, THE HELLACOPTERS, RED KROSS… A lista seria muito grande.
HB: Essa é uma pergunta que eu sempre faço aos meus entrevistados. Há algum artista ou banda brasileira que você goste, ou que você escute na sua casa ou que até tenha tido influência na sua carreira?
TB: Essa é uma pergunta muito boa. Meu pai era um amante de Jazz, então quando eu era criança, ele me apresentou ao Antônio Carlos Jobim. Jobim era um gênio. Não sou muito bom nisso, mas gosto de tocar músicas Bossa Nova no meu violão acústico. Ele também me apresentou ao filme clássico “Orfeu do Carnaval”. Eu assisti novamente recentemente – As músicas são fantásticas.
HB: E agora, deixe uma mensagem para todos os seus fãs brasileiros. Também, se quiser, diga algo para convidar as pessoas que não conhecem a sua música ainda para escutá-la.
TB: Olá Brasil!! Mal podemos esperar para ir e tocar no seu país magnífico, para vocês, pessoas maravilhosas. Esperamos que tenham gostado do nosso álbum! Muito amor dos The Casanovas!
Tradução:
Maria Luiza Krettli.
Fotos:
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