A decisão da Godspeed segue uma tendência de artistas notáveis — incluindo Xiu Xiu, King Gizzard & the Lizard Wizard e Deerhoof

Os titãs do post-rock Godspeed You! Black Emperor retiraram toda a sua discografia dos serviços de streaming, deixando o Bandcamp como a única plataforma onde os fãs podem acessar seu catálogo digitalmente. O movimento acontece em um momento em que o Spotify, a maior plataforma de streaming de música do mundo, enfrenta críticas crescentes sobre suas práticas comerciais, experimentos tecnológicos e controvérsias éticas.

A decisão do Godspeed segue uma tendência de artistas notáveis — incluindo Xiu Xiu, King Gizzard & the Lizard Wizard e Deerhoof — que recentemente retiraram sua música do Spotify. O catalisador dessas retiradas foi a revelação de que o CEO do Spotify, Daniel Ek, investiu na Helsing, uma empresa alemã especializada em tecnologia militar movida por IA.

Para bandas cuja música e ethos estão enraizados na crítica social e política, o envolvimento de Ek no setor militar-industrial representa uma linha vermelha. Godspeed You! Black Emperor, conhecidos por sua postura anticapitalista e resistência aberta ao autoritarismo, alinham-se naturalmente com tal protesto. Ah, e foda-se o Spotify.

A Constellation Records, gravadora de longa data do Godspeed You! Black Emperor, confirmou a remoção do catálogo: “A Constellation pode confirmar que o Godspeed solicitou que seu catálogo fosse removido de todas as plataformas digitais, exceto o Bandcamp. Nem a banda nem a gravadora têm qualquer outro comentário a fazer neste momento.”

O movimento do Godspeed You! Black Emperor não acontece no vácuo. O Spotify tem enfrentado uma onda de críticas ao longo de 2024–2025, muitas delas ligadas ao seu manuseio de práticas de IA e dados:

  • Laços militares com IA: o investimento pessoal de Daniel Ek na Helsing gerou preocupações morais e éticas entre artistas, que argumentam que o alinhamento do CEO com a indústria armamentista vai contra os valores humanistas da música.

  • Verificação de idade por escaneamento facial: o Spotify introduziu um recurso de escaneamento facial para verificar a idade dos usuários. Embora a empresa insista que as imagens não são armazenadas, críticos afirmam que isso normaliza uma vigilância biométrica desnecessária para um serviço destinado apenas a entregar música.

  • Música gerada por IA em páginas de artistas falecidos: talvez a controvérsia mais carregada emocionalmente tenha envolvido faixas geradas por IA sendo carregadas em perfis de músicos já falecidos. Fãs e familiares consideraram isso desrespeitoso, levantando questões sobre exploração digital e autenticidade. O Spotify desde então removeu as faixas e reafirmou sua proibição de “conteúdo enganoso”, mas o dano à confiança permanece.

Juntas, essas controvérsias posicionaram o Spotify como um ponto de conflito no acerto de contas cultural em andamento com a IA, a ética e a corporatização da arte.

A retirada do Godspeed You! Black Emperor é mais do que um protesto simbólico. Ela destaca um debate cada vez mais urgente: os músicos devem permanecer em plataformas que maximizam conveniência e exposição, mas comprometem valores, ou devem recuar para ecossistemas menores e mais justos, mesmo à custa do alcance?

Fonte: Metal Injection

https://godspeedyoublackemperor.bandcamp.com/