É com grande prazer que trazemos para vocês essa review do Graspop 2024. Precisamos confessar que o tempo aqui na Europa andava bastante instável e chuvoso nos dias que antecederam o festival e a previsão do tempo não era das mais animadoras para os primeiros dias, com previsão de mais chuva e até um certo friozinho.

Podemos seguramente dizer que apesar de o Graspop começar molhado e com lama, isso não diminuiu em nada o ânimo dos fãs de metal, que lotaram a cidade de Dessel para fazer mais uma vez um festival sold out e memorável. Quatro dias depois, quando a 27ª edição do festival de metal mais importante da Bélgica chegou ao fim, podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que foram quatro dias de muito sucesso e que deixaram um gostinho de quero mais para a edição de 2025 que acontecerá entre 19 e 22 de junho.

Nomes conhecidos como Judas Priest, Scorpions, Alice Cooper e Deep Purple sabem o mapa do festival de cor, mas, como todo ano, o festival dedicou uma atenção especial para a próxima geração do metal. Nomes como Crownshift e Slaughter To Prevail foram apenas algumas das bandas que fizeram sua estreia no Graspop este ano.

Não poderíamos deixar de fazer aqui uma menção honrosa para organizadores, equipe e voluntários do GMM. Tendo o lema “stay metal, stay safe & take care” sido colocado à prova pela meteorologia esse ano, houve uma verdadeira mobilização para manter os inconvenientes no mínimo através de uma série de medidas preventivas para garantir que o público tivesse a melhor experiência possível dadas as circunstâncias.

Outra salva de palmas vai para o prefeito Kris Van Dijck e os moradores de Dessel, que em um grande ato de solidariedade, concederam ao público do festival estacionamento nas ruas e em garagens privativas para que pudessem estacionar seus carros de maneira segura, e, em alguns casos, até mesmo montar suas barracas em seus quintais.

Sem mais delongas, vamos aos quatro dias de festival.

Cintia Coutinho Seidel e Tathy Giannotti – Nosso Team Europa no Graspop Metal Meeting 2024

Dia 1: quinta-feira, 20/06/2024

Como falado antes, as condições meteorológicas não eram as mais favoráveis e infelizmente não conseguimos chegar cedo ao festival.

Mas ainda assim conseguimos ver alguns nomes de peso, como Megadeth, Alice Cooper e Tool.

MEGADETH

Liderado por Dave Mustaine, que dispensa maiores apresentações, o Megadeth entregou um show inesquecível. Pudemos ver pela primeira vez a banda com o novo guitarrista, o finlandês Teemu Mäntysaari, e embora tenhamos sentido saudades do nosso “Tesouro”, não ficamos nem um pouco desapontadas. Além da já conhecida técnica, a entrega do finlandês no palco chama a atenção.

O Megadeth abriu o show com The Sick, the Dying… and the Dead! e já de cara mostrava a que veio com uma performance energética. O show seguiu com clássicos como Hangar 18, Countdown to Extinction, Sweating Bullets, Symphony of Destruction, Peace Sells e com o público cantando em coro até o encerramento com Holy Wars… The Punishment Due.

ALICE COOPER

O que falar de Alice Cooper? 76 anos (sim, 76) entregando um show de 1:30, colocando o público para cantar em mais uma performance inesquecível, cheia de elementos já conhecidos, mas que ainda continuam servindo de inspiração para artistas dos mais diversos estilos.

Logo de cara já trazendo clássicos como Lock Me Up, No More Mr. Nice Guy e I’m Eighteen, passando por Billion Dollar Babies, a performática Snakebite, que sempre conta com uma jiboia no palco, continuando com Lost In America e Hey Stoopid cantadas em uníssono pelo público.

Como Alice precisa de um descanso em alguns momentos, tivemos um solo de bateria e um solo de guitarra, mas nada parecia diminuir a animação da plateia até a tão aguardada School’s Out que encerrou mais essa apresentação inesquecível.

TOOL

A ansiedade em torno da apresentação dos norte-americanos do Tool era palpável e definitivamente a banda não decepcionou. 90 minutos para ficar na história do Graspop e na mente e no coração de todos que tiveram o privilégio de estar ali naquela noite.

Além do espetáculo musical proporcionado por Danny Carey (bateria), Adam Jones (guitarra), Maynard James Keenan (vocal) e Justin Chancellor (baixo), fomos brindados com um espetáculo de imagens e luzes.

A banda abriu com Jambi, do álbum de 2006 10,000 Days, uma música fantástica, na opinião dessa humilde repórter, que tem um riff de guitarra poderoso na primeira metade e o já famoso talkbox solo de Adam Jones além de contar com linhas de baixo e bateria incríveis e um vocal passional de Maynard.

O show segue com Fear Inoculum, faixa de abertura que nomeia o último álbum da banda. Somos brindados com Rosetta Stones, mais uma do álbum 10,000 Days, e Pneuma, do Fear Inoculum, e que recentemente teve Mike Portnoy sendo desafiado a aprender as linhas de bateria de Danny Carey no Drumeo. (veja o vídeo aqui)

A banda segue deixando os fãs em êxtase com Intolerance, do álbum de estreia Undertow. Na sequência temos Schism e The Grudge, ambas do Lateralus. A belíssima Flood, também do álbum de estreia Undertow, e, para encerrar, Stinkfist, do álbum Ænima.

A apresentação, com certeza, deixou um impacto inegável no público. Uma experiencia única que marcará por muito tempo os mais de 55 mil sortudos que tiveram o privilégio de assistir esse momento.

O final perfeito para um dia fantástico nesse festival que tem nossos corações.

Dia 2: sexta-feira, 21/06/2024

Dia 2 do Graspop, e o festival se transformou em uma piscina (rasa) de lama. Mas nem a lama, nem a garoa fina que insistia em cair tiraram a animação do público que lotava cada centímetro do gramado.

Hoje tivemos a chance de ver Hammerfall, Bruce Dickinson com seu The Mandrake Project, Avantasia e Judas Priest.

HAMMERFALL

O grupo sueco de powermetal fez um show para nenhum fã do estilo colocar defeito. Abrindo com Brotherhood, primeira faixa do álbum Hammer Of Dawn, o mais recente da banda, o vocalista Joacim Cans dava boa tarde a um público animado, o que se seguiu foi uma coleção de sucessos como Renegade, Hammer High, Last Man Standing e Let the Hammer Fall, com o público e o carismático vocalista em completa harmonia.

Para encerrar, os clássicos (We Make) Sweden Rock e Hearts on Fire que fizeram o público presente no North Stage cantar. Um set perfeitamente escolhido pela banda.

BRUCE DICKINSON

Embora o Iron Maiden seja quase que um headliner permanente do Graspop, esta é apenas a segunda vez que Bruce Dickinson se apresenta solo, sendo a primeira em 2002.

O que podemos dizer é que o público presente foi agraciado com uma apresentação energética que reafirmou porque Bruce Dickinson é e continuará sendo um dos vocalistas mais respeitados no mundo do metal.

Abrindo o show com Accident of Birth, faixa título do seu quarto álbum, e com destaque para Chemical Wedding e Book of Thel. Mas o auge do show foi o karaokê a céu aberto com Tears of the Dragon. Que momento!

AVANTASIA

Avantasia é o projeto paralelo do cantor do Edguy, Tobias Sammet, fundado em 1999. Apesar de completar 25 anos esse ano, é a primeira vez que o Avantasia se apresenta no Graspop. E a apresentação com certeza deixou os fãs querendo mais.

Spectres, do álbum The Mystery of Time, abriu o show. Na sequência veio Reach Out for the Light, com a participação de Adrienne Cowan, vocalista e tecladista da banda de metal sinfônico Seven Spires, e The Scarecrow com a participação do cantor dinamarquês Ronnie Atkins.

Em The Story Ain’t Over foi a vez do carismático cantor britânico Bob Catley subir ao palco. Uma pausa nas participações em Promise Land para logo em seguida, para o delírio do público, o sueco Tommy Karevik do Kamelot cantar Dying for an Angel. A italiana Chiara Tricarico acompanhou Tobias em Farewell. Para fechar, Lucifer e a já famosa dobradinha Sign of the Cross / The Seven Angels.

Tobias Sammet mostrou porque é um dos frontman mais queridos e carismáticos do metal e o público ficou com gostinho de quero mais.

JUDAS PRIEST

O Judas Priest está comemorando seu quinquagésimo aniversário este ano. Para sua oitava participação no Graspop, Rob Halford e companhia optaram por um setlist com poucas surpresas, o que, com certeza, significou um show com muitos favoritos do público.

Para abrir o show, eles escolheram Panic Attack de seu décimo nono álbum, Invincible Shield. O que se seguiu foi um hit atrás do outro, com destaques para You’ve Got Another Thing Comin’, Breaking the Law, Turbo Lover, Painkiller, Electric Eye, Hell Bent for Leather e, para fechar a noite, Living After Midnight.

Pode não ter sido o headliner mais emocionante, mas garantiu uma performance ótima, como sempre.

Dia 3: sábado, 22/06/2024

Depois de uma sexta-feira com garoa e tempo nublado, o sol finalmente deu as caras no sábado. A organização do Graspop fez tudo o que pôde para tornar o terreno, que havia se transformado em uma poça de lama pela chuva, acessível novamente.

Acompanhamos os shows do Vola, Batushka, Rotting Christ, Uriah Heep e Blind Guardian.

VOLA

Apesar da banda de prog dinamarquesa Vola já ter quase vinte anos, confesso que é a primeira vez que temos oportunidade de ver um show ao vivo. Nos lembrou um misto de riffs de Gojira com pinceladas eletrônicas de Muse e linhas de baixo bem marcado de Riverside, em alguns momentos alternando sons mais harmônicos com sons mais pesados como Opeth faz lindamente, e saimos do show bastante impressionados. Um show com execução virtuosa e melodias cativantes que criaram uma atmosfera única no pequeno Metal Dome (que estava simplesmente lotado!) mostrou que a banda tem potencial para um palco maior.

Uma banda talentosíssima e carismática!

BATUSHKA

Não tem como falar do show da banda polonesa Batushka sem mencionar a verdadeira batalha judicial que tem  rondado em torno da banda desde sua separação em 2 grupos distindos em 2019, até mesmo para situar os fãs sobre que versão se apresentou no festival. Formada em 2015, a banda polonesa Batushka – projeto iniciado de forma anônima pelo compositor e multi-instrumentista Krzysztof Drabikowski e com músicos contratados – lançou seu álbum de estreia LITOURGIYA com imenso sucesso, sendo considerado um dos melhores discos de Black Metal atmosféricos do ano, com sua proposta inovadora de misturar metal extremo com cantos sacros ortodoxos.

A banda rapidamente alcançou projeção mundial e se firmou na cena fazendo shows por todo o planeta, tendo o cantor Bartłomiej Krysiuk, como um dos membros contratados. No ano de 2018, Depois de se separar do fundador do projeto Krzysztof Drabikowski, o cantor Krysiuk decidiu lançar também músicas sob o nome de Batushka e registrou o nome da banda, o que iniciou uma longa batalha judicial entre ambos os músicos. Com o tempo, a formação de Bartłomiej Krysiuk assinou primeiro um contrato com a Metal Blade e depois com a Napalm, agendando diversos shows com seu projeto do Batushka.

Krzysztof Drabikowski sempre rejeitou esta versão da banda e considera o uso do nome ilegítimo. Em maio de 2024, finalmente houve uma decisão favorável ao fundador do Batushka e o projeto paralelo do cantor Krysiuk foi impedido de continuar utilizando o nome da banda (saibam mais sobre aqui). Porém, é exatamente essa versão – que muitos fãs consideram como fake – que se apresentou no Graspop Metal Meeting, ainda sobre o nome de Batushka, já que eles recorreram da sentença judicial e a questão continua se arrastando.

Introdução feita, vamos as impressões sobre o show em si. Confesso que não sabíamos o que esperar, já que diante de tantas polêmicas, poderiam haver algumas hostilidades por parte dos fãs ou alguma mudança com relação a forma que a banda se apresenta, já que ali não estaria a versão original que havia nos conquistado em 2017. Com um setlist que passou por todas as fases da bandas (de antes e depois da separação) o show começou com a excelente Yektenya I, do primeiro disco da banda Litourgiya, seguido da poderosa Wieczemia do disco de 2019 Hospodi e mostrou já nas duas primeiras músicas, que independente de polêmicas, o espetáculo musical e visual do Batushka envolvem o público de uma maneira que praticamente ninguém piscava na plateia.

Seguindo com Powieczerje, do álbum Black Liturgy, de 2020 e a excelente Yekteniya III, também do álbum de estréia Litourgiya, nesse momento já estávamos no meio do (infelizmente) curto show de apenas 45 minutos. Polunosznica foi a segunda música do álbum Hospodi apresentada, seguida da última representante do álbum Litourgiya: Yekteniya IV.

O show foi encerrado com Pismo IV do último disco da banda, Maria, de 2022. Com público presente (o palco Marquee onde a banda se apresentou estava absolutamente lotado) aplaudindo efusivamente, a verão de Krysiuk do Batushka não decepcionou, apresentou um show conciso e um grande espetáculo atmosférico, repleto de momentos envolventes. Com todos os membros “escondidos” atrás de suas vestes, por alguns momentos foi possível esquecer a polêmica batalha judicial e apenas curtirmos o ótimo trabalho do Batushka.

URIAH HEEP

Os ingleses do Uriah Heep atraíram um grande público ao Jupiler Stage. E quem se deslocou até esse palco, não se decepcionou. A banda mostrou porque é um sucesso de mais de 50 anos de carreira, mostrou todo o seu gás e nos deu a certeza de que está longe de se aposentar.

O show começou com Save Me Tonight seguida da enérgica Grazed by Heaven. Na sequência, todo o misticismo de Rainbow Demon, seguida de Stealin’. O Uriah Heep mostra porque é uma banda atemporal. As performances de Hurricane e Free ‘n’ Easy mostraram toda a versatilidade da banda e Gypsy e July Morning já foram encaminhando o show ao seu final. Para encerrar, a escolhida foi Easy Livin’, que levou o público presente ao delírio. O Uriah Heep mostrou mais uma vez porque continua a ser uma lenda no mundo do rock e do metal.

BLIND GUARDIAN

Se há poucas certezas na vida, uma delas é que o Blind Guardian entrega sempre um showzaço. A banda alemã de heavy metal é consagrada há muitos anos mundialmente. A formação da banda atualmente conta Marcus Siepen e André Olbrich nas guitarras, Frederik Ehmke na bateria e o carismático Hansi Kürch nos vocais, além do tecladista Kenneth Berger e o virtuose baixista neerlandês Johan van Stratum, que para quem não conhece e gosta de metal progressivo, vale acompanhar a carreira dele com Vuur, Ayreon, The Gentle Storm, etc.

Voltando ao que interessa, Blind Guardian abriu o show com o clássico Imaginations From the Other Side. Aliás, clássicos alternando com músicas do trabalho mais recente é a receita dos shows da banda. O atual é The God Machine, lançado em 2022. A primeira delas foi a frenética Blood of the Elves, abordando sobre o mundo de fantasia de The Witcher, livros do escritor polonês Andrzej Sapkowski. O sucesso dos livros foi tanto que virou uma série de jogos de vídeo game e série de tv. Quem nunca ouviu falar em Geralt de Rivia, né?

De volta ao show, agora a banda nos transporta para a Terra-Média, mundo criado por J.R.R. Tolkien, para descobrirmos o que acontece após o cair da noite. O clássico Nightfall é tocado com a costumeira perfeição. Na sequência, a segunda e última música do The God Machine, a pesadíssima Violent Shadows.

De volta ao universo de Tolkien, outro clássico da banda é tocado: Time Stand Still (at the Iron Hill) para delírio dos amantes da banda e de Tolkien.

Agora é hora do Hansi descansar. Com um carisma ímpar, o vocalista da banda sempre interage muito com o público, faz piadas, conta histórias, mas em um show de festival com tempo de 50 minutos ele prometeu que não falaria muito. Não cumpriu muito, a vontade de conversar é sempre muito grande, o que é um show à parte. Lembrando que o clima estava instável, com algumas pancadas de chuva durante o dia. Pouco antes do show começar, abriu sol e alguns arco-íris apareceram (sim, alguns!). Segundo Hansi, a banda optou por uma produção de palco e efeitos mais baratas em uma troca com os Deuses por um clima melhor para o público. Parece que deu certo. E nós, claro, acreditamos nele.

Enfim, para Hansi descansar um pouco, o público precisa trabalhar. É hora do público cantar à plenos pulmões um dos maiores clássicos da banda. Uma das mais tradicionais power ballads alemãs. E o público fez bonito, cantando ao som dos violões de Marcus e André.

Mirror Mirror começa, então sabemos que a festa está acabando. Infelizmente. O clássico encerramento dos shows da banda é tocado e o público vai ao delírio. Tem até moshpit. O som acaba, o público se entristece que acabou. Mas tem tempo para mais uma. Assim como o Sol abriu pouco tempo antes, agora abrem-se os portões de Valhalla. Maior clássico da banda, som pesado e frenético leva o público num frenesi digno de parede de escudos viking.

O show é encerrado, a banda agradece, assim como o público, por mágicos 50 minutos de apresentação. A banda se retira do palco, mas os fãs não se retiram. Na verdade, o show do público continua. Por mais de uma hora após o encerramento do show (da banda), o do público continua. Cantando, alguns pulando fazendo roda e muitos sentados no chão (no chão enlameado!) simulando remar em um barco viking, à plenos pulmões “Valhalla! Deliverance, Why’ve you ever forgotten me?”.

E assim o sábado chega ao fim, um dia de muitos shows acabando com pura magia e infelizmente não conseguimos ver o show do Architects, já que aconteceu no mesmo horário do Blind Guardian. Coisas de festival!

Dia 4: domingo, 23/06/2024

Depois de dois dias chuvosos e um dia com tempo instável, finalmente o último dia trouxe tempo firme e o clima de verão se instalou pelo Graspop, dos palcos ao camping! O último dia foi cheio de atrações e o público compareceu em peso. Assistimos Extreme, Of Mice and Men, Deep Purple, Igorrr, Scorpions e Machine Head. Ufa! Muita banda boa e muita correria de um palco para o outro. Vem com a gente.

Não podemos deixar de falar sobre Crownshift, banda formada pelos veteranos Daniel Freyberg (Children  fo Bodom, guitarra), Tommy Tuovinen (MyGrain, vocal), Heikki Saari (Fintroll, bateria) e Jukka Koskinen (Wintersun, baixo). Gostaríamos muito de ter visto ao vivo, mas não deu. Mas muito curiosos de cruzá-los por algum outro festival Europeu nesse verão.

EXTREME

 A banda que se tornou mundialmente famosa com More Than Words fazia sua estreia no Graspop para uma plateia ainda vazia e desconfiada, pois apesar de ser uma banda com mais de 30 anos, o Extreme não conseguiu emplacar muito mais hits além do mencionado anteriormente.

O carisma do guitarrista português Nuno Bittencourt foi o ponto alto da apresentação, bem como a execução de Hole Hearted e More Than Words, que fizeram o público cantar junto. Uma apresentação correta, mas pouco empolgante além das músicas mais conhecidas.

OF MICE AND MEN

Mais um show com uma entrega absurda. A banda americana toca suas músicas com tanta intensidade e paixão, que é impossível não se deixar envolver por essa atmosfera ao assistir seus shows. Abrindo com Obsolete do fenomenal álbum Echo, a banda logo mostra a que veio. A voz crua e intensa de Aaron, que transiciona perfeitamente entre o vocal mais limpo e o vocal mais pesado, se fez ouvir ao longe.

Com um setlist mesclando músicas de quase todos os seus álbuns, a banda certamente agradou novos e antigos fãs. Castaway e Warpaint do trabalho mais recente, Tether deram o ar da graça. E a banda fechou o set com Second & Sebring, do seu álbum homônimo de estreia de 2010. Um belo show que deixou a sensação de ter sido curto demais e que certamente merecia um palco maior.

DEEP PURPLE

Mais uma banda com mais de 50 anos de história na música a se apresentar nesse Graspop. Quando o público ouviu a já famosa abertura Mars, the Bringer of War, a ansiedade tomou conta do North Stage. E enfim, os primeiros acordes de Highway Star. O publico respondeu entusiasmado. A voz poderosa de Ian Gillan e os riffs de guitarra de Simon McBride garantiram um início animado.

A energia e a química vista no palco entre os integrantes fizeram o público presente cantar e dançar o show inteiro. O ponto alto do show, sem dúvida, foi Highway Star, momento em que tanto o pessoal da grade quanto do fundão vibrou e cantou a plenos pulmões. Para encerrar, Black Night. Um final perfeito para uma banda atemporal.

IGORRR

Nossa primeira vez vendo a banda ao vivo. Influências de black e death metal, com vocais às vezes limpos, às vezes gutural, e às vezes lírico, violinos ciganos e guitarras espanholas. Tudo isso é IGORRR. Difícil colocar em palavras tudo o que esse show nos proporcionou. Definitivamente não agradará a todos, mas agradou esses repórteres. Se tiver a oportunidade, vá vê-los.

SCORPIONS

Comemorando os 40 anos do álbum Love at First Sting, que tem a clássica Rock You Like A Hurricane, os alemães do Scorpions fizeram um show pra lá de animado, repleto de clássicos e com o público cantando do começo ao fim.

Destaque para Send me an Angel, Wind of Change, Tease Me Please Me, Big City Nights, e o encore com Still Loving You e Rock You Like a Hurricane.

Uma carreira com mais de 6 décadas desfilando pelo palco do Graspop, com o público respondendo a cada música.  O Scorpions mostrou porque ama o Graspop e o Graspop mostrou porque ama o Scorpions.

MACHINE HEAD

E encerrando a noite, e o festival, os californianos do Machine Head, sugando as últimas energias do publico presente.

A banda abriu os trabalhos com a poderosa Imperium, com o publico respondendo com o maior mosh do festival, que durou por toda a apresentação da banda. Superando a apresentação do ano anterior, dessa vez o Machine Head trouxe efeitos de fogo e também fogos de artificio para o delírio da plateia que resistiu bravamente aos 4 dias de festival.

O que se viu durante a 1 hora e meia de apresentação foi uma entrega total da banda e também do público, que mesmo com um início lamacento compareceu em peso nos 4 dias de festival. Para fechar a noite e o Graspop 24, a épica Halo.

E assim foi. Grapop 2024 entregou tudo e mais um pouco e já nos deixa ansiosos para a 28ª edição em 2025, entre os dias 19 e 22 de junho. Enquanto isso, Stay Metal, Stay Safe & Take Care!

Todo o texto foi escrito por Tathy Giannotti e Cíntia Coutinho Seidel e as fotos são por Cíntia Coutinho Seidel.

Confira as fotos aqui: Fotos Graspop