Uma sexta feira extremamente quente no “Inverno Carioca” foi o dia perfeito para que, pela primeira vez, após 20 anos de existência no cenário, fez a sua primeira incursão “Purgatório da Beleza e do Caos”, que conhecemos como Rio de Janeiro. A Agência Soncontrole aliada à Dark Dimensions, trouxeram o Brujeria novamente ao Rio, dessa vez para comemorar os 30 anos do lançamento do seu debut Matando Güeros em sua totalidade, mas aqui ainda seríamos agraciados com os shows do Velho, Gangrena Gasosa e Ratos de Porão.
Bem, o evento marcou a abertura dos portões para às 20:00hr e assim aconteceu e pontualmente às 20:45hr, a banda de Raw Black Metal, oriunda de Duque de Caxias e muito cultuada no Underground, Velho, faria a sua estréia no sagrado palco do Circo Voador, que já contava com um público bem grande para ver a banda, o que é muito bom em ver, já que ter uma banda como o Velho naquele palco e a banda em si não deixou por menos, entregando um show ao nível no qual é conhecida. Black Metal rápido, ríspido, direto e muito bom. Os riffs cortantes ressoam com força por todo o Circo Voador, já fazendo as primeiras rodas surgirem no meio da casa, que começava a aquecer todo o evento e o som que vinha do palco era perfeito para a banda, que soava perfeitamente como eles gostam de soar, mesmo com peso e podendo ouvir claramente seus instrumentos, o show do Velho foi com uma sonoridade rebuscada, nada de som “pasteurizado” ou “com uso de tecnologia”, foi cru, foi ríspido, como o som deles é, perfeito, um show de abertura perfeito.
Passando pouco tempo, a famosa troca de palco e arrumação, já vimos os alguidares lotados de pipoca tomando alguns pontos do palco do Circo Voador, o grande pano de fundo desceu, lá vem eles, o Gangrena Gasosa e seu Saravá Metal ou Macumbacore, estaria, mais uma vez, retornando ao palco do Circo Voador, com suas músicas que sempre empolgam a todos no local e se você acha que foi diferente dessa vez, esquece. Rei do Cemitério é a escolhida para começar o seu show e esquentar ainda mais o evento. Músicas como Devorador é o Diabo, música que a banda gravou para o Nerdcast de RPG Ruff Ghanor, do Jovem Nerd, Kizilla, Headbanger Voice, e outras deram um tom tão absurdo pro evento, que um fã no meio da roda perdeu um pé do seu tênis, que foi parar no palco, e depois devolvido pelo vocalista Angelo Arede (Zé Pilintra) para o fã. Centro do Pica Pau Amarelo foi a que fechou o show, com todos berrando o refrão em plenos pulmões, a roda cantando e o banho de pipoca rolou na galera, que já estava aquecida e pronta para o que viria logo depois. Falo com segurança que o Gangrena Gasosa foi uma das grandes bandas dessa noite, provando como estão cada vez mais entrosados e avassaladores em palco.
Mais um tempo passa e estaria na hora deles, não importa quantas vezes você possa ter visto o Ratos de Porão, mas ver o show desses caras no Circo Voador é sempre diferente, a banda naquele palco cresce ainda mais do que eles já são gigantes e não foi diferente dessa vez. Jão, Gordo, Juninho e Boka vieram com tudo para cima no Kool Metal Fest, que agora eu sou obrigado a colocar algo muito recompensador, reparei em uma renovação maravilhosa no público, muita gente nova no show dessa sexta feira, ou seja, muita gente que estaria vendo todas as bandas pela primeira vez. Mas porquê estou citando isso, por que alguns subiam ao palco do Circo para o famoso stage dive e ficava no palco mais do que o necessário e isso fez o vocalista João Gordo mandar: “Quem aqui está vendo o Ratos de Porão pela primeira vez??” e ao ver que uma grande parte do público levantou a mão, ele foi obrigado a mandar: “Bando de cabaço da p****!!“. E isso foi somente uma parte, porquê meus amigos, se uma banda, depois de 40 anos de estrada, manter a força e a energia que o Ratos de Porão mantém, podem parabenizar, já que, o que o Ratos de Porão mostra em palco é, como sempre, uma aula de Punk Rock/Hardcore e provando o porquê são e pra sempre serão o maior bastião do estilo que surgiu nesse país. Alerta Antifascista, Toma Trouxa, Expresso da Escravidão, Morrer, Aids Pop Repressão (essa com uma introdução maravilhosa da banda, com Jão fazendo um barulho que lembraria um scratch de rap e Gordo fazendo o mesmo com a letra), Políticos em Nome do Povo, Caos fizeram da apresentação dos quarentões, como sempre, maravilhosa.
Antes de entrar para o grande nome da noite, tenho que citar a presença da maravilhosa DJ Cammy, que é uma conhecida DJ Carioca que sempre, entre um show e outro, mantém a galera aquecida com clássicos do Metal, como Carcass, Cannibal Corpse, Death e outras bandas, que fazem a noite sempre melhor. Com certeza, ter o som especialmente bem cuidado pela DJ entre um show e outro, melhora demais a noite.
Adendo, mais do que necessário feito, chegou a hora deles, o Brujeria iria desfilar o seu debut e já posso falar, mesmo sendo uma banda no qual tem um show muito intenso, ficou pequeno pra eles e ficou provada a força das bandas Nacionais. Vamos lá, o Matando Güeros é um bom disco, mas em sua maioria, as músicas não funcionam tão bem, a que melhor funciona do disco, foi pro final do set, seria um acerto?? Acho que sim, porque depois do debut ser apresentado, Juan Brujo, El Sangrón, Pinche Peach (que lembra muito o saudoso Ronnie James Dio em versão debilitada) e sua banda entrou nos clássicos e começa de cara com La Migra e aí trouxe o público de volta à sua apresentação e depois a sua de clássicos veio, mas mesmo alguns tendo se reconectado com sons como Colas de Rata, Enchando Chingazos e outras músicas, a banda fez uma boa apresentação, mas eu ainda me senti desconectado com a apresentação, mesmo tendo momentos ótimos, como as dancinhas dos vocalistas em palco, Pinche Peach se comunicando muito bem com o público presente e ainda lembrando ao pessoal que ali estava liberado “fumar um” (pra bom entendedor…), pediu e ganhou o seu “fininho” para mandar ver em palco, a apresentação ficou pequeno depois das bandas Brasileiras literalmente “arregaçarem” aquele palco. Mas Brujerizmo, Matando Güeros (música do celebrado da noite, que foi pro final) fizeram muito bem a apresentação e aditivou ainda mais o público, que nesse momento se aglomerou na parte coberta do Circo Voador, já que uma torrencial chuva tomou conta do Rio de Janeiro no início da apresentação da banda. Marijuana, uma versão Brujerizada de Macarena explode nos palcos, com os vocalistas dançando e zoando e o público sobe em peso no palco para se divertir com a banda, finalizando a apresentação dessa banda, que foi fundada por gigantes músicos do cenário e hoje se restringe somente ao vocalista Juan Brujo, membro remanescente da junção de amigos bêbados para fazer música e atualmente, um belo time de musicistas, a guitarra, baixo e a bateria da banda estão com muita qualidade com esses novos músicos.
Uma noite incrível de estréia do Kool Metal Fest no Rio de Janeiro, bandas que foram maravilhosamente bem escolhidas para compor uma noite no qual o Underground mostra a sua força, no qual o Rio de Janeiro respira feliz com a renovação dentro do cenário e que bandas de renome provam mais uma vez o porquê estão aonde estão. Muito trabalho e qualidade envolvida e agradecemos demais à Agência SobControle e Circo Voador por nos permitir trazer esse texto para vocês, de uma noite ímpar para o cenário Carioca.
Fiquem agora com a Galeria de Fotos, por Daniela Barros e Headbangers News, que gentilmente nos cedeu essas imagens.