Resenha: Napalm Death – Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (2020)

“Espasmos de alegria nas mandíbulas do derrotismo”

Nota: 4/5.

Com mais de 30 anos de estrada, não existe outra banda como o Napalm Death. Não é porque sua música seja cada vez mais contundente ou porque ainda desperte interesse nas gerações mais jovens de adoradores da música extrema. Mas, ao contrário, é justamente por manter seu som quase que inalterado ao longo dos anos, que são citados como referência pela maioria dos artistas e fãs do estilo. E mais, são uma das bandas mais íntegras e conscientes em atividade.

A banda sempre foi conhecida por fazer trabalhos desconcertantes não apenas para os críticos, mas também para os seus seguidores. Com Throes Of Joy em The Jaws Of Defeatism a atitude confrontadora da banda não é diferente. Dos segundos iniciais da audição até o seu final nos deparamos com uma música literalmente inquietante que pode ser definida como algo extremamente violento e alucinante. Mas acho que aqui a banda  ultrapassou os limites da música extrema, fazendo algo absolutamente improvável, que é preencher lacunas sonoras da música brutal com ruídos típicos do indie, do alternativo, do punk rock básico e até mesmo de “coisas” afinadas. A banda, que tem como porta-vozes, o vocalista Mark Greenway (Ô Barney) eo baixista Shane Embury, acredita ter conseguido realizar uma síntese que é almejada pela maioria dos artistas extremos, que é escolher diferentes aspectos de diferentes eras, juntar tudo e misturar aos ruídos citados anteriormente de modo a criar um espectro novo e estranho, mas coerente com o estilo. Noutras palavras, é o ponto onde os diferentes ​​gêneros se encontram. E, para a banda, isto significa também, a descoberta de uma veia nova e rica de inspiração. Eles creem que mesmo os fãs mais loucos da banda não terão queixas em relação a este material. Músicas como Fuck The FactoidZero Gravitas Chamber, Contagion e Fluxing Of The Muscle são exemplos de como o grupo superou a mera brutalidade de Apex Predator e conseguiu soar tão agressiva quanto. Só que com muito mais profundidade. Mas, ao que parece, cada música guarda em si o próprio contraponto e isso funciona como uma espécie de saudação ao passado escatológico da fase pré-Scum. Em resumo, neste disco, Napalm Death conseguiu fazer algo diferente de si mesmo e provavelmente de tudo o que você ouvirá em 2020.

O guitarrista Mitch Harris está de licença da banda desde o final de 2014. O grupo alega que ele reservou um tempo para dedicar a sua vida familiar. John Cooke, guitarrista contratado, participou de uma pequena parte do processo de composição do álbum, que dependeu de Embury para escrever praticamente todas as canções. Ele afirma que “De uma forma estranha, foi fácil.”.

Assim, a formação atual do Napalm Death é: Mark ‘Barney’ Greenway (berros, gritos e barítono intermitente), Shane Embury (reverberação de graves, latidos e grunhidos, ruídos e barulhos improvisados) e Danny Herrera (batidas doentís).

Tracklist:

01-Fuck the Factoid (02:29)
02-Backlash Just Because (02:56)
03-That Curse of Being in Thrall (03:36)
04-Contagion (04:05)
05-Joie De Ne Pas Vivre (02:28)
06-Invigorating Clutch (04:05)
07-Zero Gravitas Chamber (04:03)
08-Fluxing of the Muscle (04:33)
09-Amoral (03:05)
10-Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (02:55)
11-Acting in Gouged Faith (03:37)
12-A Bellyful of Salt and Spleen (04:36)

> Post originalmente publicado no blog Esteriltipo.