Desde a década de 50, quando o estilo começou a se espalhar, ele foi mal visto por quem se considerava “de boa família”, não à toa o rock foi tão marginalizado em seus primeiros anos, no seu berço, EUA.

Nascido da união de ritmos já consolidados como blues, jazz e country, Sam Phillips (produtor e dono da gravadora Sun Records, simplesmente o cara que gravou Elvis Presley e tantos outros ícones) costumava dizer que “o rock n’ roll era a junção da mão negra e da mão branca”, por conta da mistura de estilos usados nessa química perfeita. Mas, nós não podemos nos esquecer da época em que isso aconteceu: a década de 50 foi um dos auges da Lei Jim Crow no século XX. Ela consistia na segregação legislativa de negros e brancos. Na prática, o negro era tratado legalmente como sub-humano, tendo que ceder seus lugares aos brancos em transporte público, no caso do mesmo ser misto; seu banheiro, em locais mistos também deveriam ser separados. A maior parte dos comércios poderiam escolher se atenderiam negros ou não. E muitas vezes, por pressão da população local, não atendiam. 

 

Logo da Sun Records Foto: Reprodução Internet

Essa barbárie era ainda mais severa no sul do país, região onde de fato o rock nasceu

Mas Amanda, o que esse fato vergonhoso tem a ver com o sexo no rock? Muito a ver, banger, calma, que eu estou chegando no ponto. Os bairros mais afastados de regiões do Tennessee e Louisiana tinham muitos clubes de blues e de jazz frequentados unicamente por negros, que tocavam e dançavam de forma mais sensual, porque sua música era a única forma de expressar a sua liberdade. Dentro desses clubes, ninguém os repreenderiam, ou diriam se seu comportamento era ou não adequado. E com a popularização desses clubes, os negros foram “reassimilados” a selvagens, lascivos… As mulheres, meros objetos sexuais. Assim como os senhores avaliaram a situação durante o período escravocrata. Partindo dessa premissa, de que o rock era a junção de ritmos brancos e negros, a parte negra era aquela que sensualizava e desvirtuava os filhos das boas famílias americanas

A música Whole Lotta Shake, famosa na voz e no piano de Jerry Lee Lewis é um blues negro, que o próprio Jerry assumiu ter aprendido num desses clubes na Louisiana.

Sexo sempre vendeu. Aliás desde que a sociedade ocidental foi formada que o sexo é uma moeda e tanto. Depois desse embrião conturbado, com o estilo sendo rechaçado pelas pessoas de boas famílias, por acreditarem que fazia as pessoas se “mexerem como negros”, Elvis Presley aparece em cadeia nacional, rebolando para a câmera. Elvis, the Pelvis ficou famoso por enlouquecer adolescentes (e suas mães) e responsável por deixar o estilo maior e mais vendável, além de mais aceitável. Agora, o estilo era visto como um “fogo de adolescente”, normal.

Elvis Presley durante um show no Tennessee. Foto: Arquivo Rei do Rock – Pinterest

No final da década de 60, começo de 70, os hippies aparecem com a liberdade estampada na cara e os protestos contra a não retirada dos soldados do Vietnã (que chegou a durar 20 anos, de 1955 a 1975) de campo. O corpo livre começou aí. O sexo como prazer e não apenas como um meio de reprodução humana foi escancarado. E tudo isso aconteceu ao ar livre, em 15 de agosto de 1969, em Woodstock, ao som de The Who, Joan Baez, Jimi Hendrix… Um acontecimento!

Casal em Woodstock
Foto: John Dominis – Arquivo Revista Life
Woodstock visto de cima
Foto: Arquivo Revista Life

Estilo consolidado, ídolos surgindo aos montes, Elvis, Beatles, Kiss… já era hora de criar sub-estilos e a partir daqui, já não importava mais o que você ia falar, ou como você iria se vestir, desde que você nao cometesse qualquer crime, ok. Depois da primeira etapa de politização da galera do rock, eles sabiam estar protegidos pela primeira emenda, que garantia sua liberdade de expressão. O que não impediu os conservadores, em 1985, capitaneados por Tippy Gore, esposa do então senador Al Gore a pedir pela criação do PMRC (Parental Music Resource Center).

Mas o que isso quer dizer? Que você pode falar o que quiser, mas que você não sairia ileso com isso. Uma comissão de pais se uniria pra anotar todos os pontos que achavam nocivos para os jovens em determinadas músicas, de determinadas bandas. Era uma proibição? Não. Mas era uma recomendação! Mas o rock é rebelde, o adolescente é rebelde e a sociedade ama o que não pode ou ano deve ser consumido. Logo, o tiro saiu pela culatra e todos os álbuns em que o selo “Parental Advisory” e “PMRC” apareciam, dobraram e até triplicaram suas vendas. Em entrevista para a Rip Magazine, em 1987, Gene Simmons, o linguarudo, baixista e co-fundador da instituição Kiss, confirma essa informação, o que foi um tapa na cara da comissão. Essa mesma entrevista foi traduzida para a Revista Metal, também de 1987

Capa da Revista Metal, ano 1987 Foto: Arquivo Pessoal cedido por Paulo Castro
Trecho da Entrevista, onde Gene Simmons relata a vantagem de se ter um selo PMRC em seu disco. Foto: Arquivo Pessoal cedido por Paulo Castro
Capa da Rip Magazine, ano 1987 Foto: Arquivo Pessoal cedido por Paulo Castro
Trecho da entrevista original, onde Gene Simmons mostra a vantagem de se ter um selo PMRC no disco. Foto: Arquivo Pessoal cedido por Paulo Castro
Parte 2 do trecho da entrevista de Gene Simmons à Rip Magazine. Foto: Arquivo Pessoal cedido por Paulo Castro

Mas a consolidação do estilo somado à liberdade de falar sobre o que quiser, trouxe festas, orgias e tudo o que seria um ato de rebeldia (legal) à tona. E assim o sexo se torna um tema quase fixo na maioria das letras de diversas bandas de rock

Mas isso influenciou alguma coisa na determinação do dia do sexo? NÃO! A verdade é que em 2008, a agência que cuida da publicidade da marca de preservativos Olla, resolveu pedir a inclusão da data 6/9 (em alusão ao famoso meia-nove, uma posição sexual) no calendário de comemorações brasileiras, com a premissa: “se existe dia das mães, dos pais e das crianças, pq não o dia do sexo, que foi o que possibilitou a existência de tudo isso?” Para a marca foi um grande golpe de marketing, que aqueceu todo o mercado responsável, como motéis, sexshops e até restaurantes – porque o brasileiro é romântico e não vai transar sem te convidar pra jantar antes. Mas para a câmara dos deputados, foi uma decisão baseada na saúde pública. Um dia para se reforçar a discussão sobre saúde sexual, métodos contraceptivos e a queda de tabus

Mas aqui no Headbangers Brasil você não sai “apenas” informado (porque informação e inteligência também são muito sexies), mas também inspirado. A equipe do site se reuniu e criou uma playlist pra te ajudar a criar um clima naquele momento de romance. Tem uma variedade imensa aqui. Escolha a que mais tem a ver com vocês e aproveitem!

Playlist 1: Amanda Basso 

Playlist 2: Augusto Hunter

Playlist 3: Didi Almeida

Playlist 4: Ozyrys Sheratan

Link para playlist do Silvano Ozyrys: https://music.youtube.com/playlist?list=PLKpKYsy99nuZrHbJSCDXin0GU0igW_uEY

Playlist 5: Germânia Gonçalves

Playlist 6: Ian Dias

Playlist 7: Raphael Arizio

Playlist 8: Diogo Franco