Já faz 30 anos que o Atlantic, um projeto criado em 94 pelo guitarrista Simon Harrison (Strange, Wish, em que contou com o estupendo cantor do ELO ll : Phil Bates) lançou seu primeiro disco (o  maravilhoso Power de 94). Pegando carona na onda AOR haviam gravado apenas um álbum, cheio de clichês do estilo, músicas cativantes , letras cheias de romantismo e uma atmosfera envolvente com destaque para Power Over Me e a maravilhosa (e com status de clássico) Can’t Hold On.

O segundo disco do Atlantic, lançado dia 21 de junho de 2024, chega após esse grande intervalo, algo que com certeza não é problema se você for um fã de Guns n’ Roses (mais precisamente da procrastinação de Axl Rose). Brincadeiras a parte, o vocal, agora a cargo de Mark Grimmet (Crywolf, Empire), talvez seja o único ponto que necessita de mais vigor no álbum. De resto, todos os clichês do estilo estão presentes nas melodias, mostrando que os caras não perderam a mão mesmo após 30 anos de hiato da banda. A abertura com Ready Or Not já mostra a que veio com a tecladeira característica do estilo dando as caras numa melodia envolvente, com destaque para o lindo solo de guitarra que complementa a intro. Refrão chiclete e harmonia marcante permeiam todo o álbum, que com certeza fará os amantes de AOR darem pulos de alegria, pois trata-se de um disco superior a qualquer outro lançado pelos famigerados projetos caça-níqueis disfarçados de supergrupos do tecladista Alessandro Del Vecchio. Duvida?

Pois ouça Without Love e tire suas próprias conclusões. Com um refrão á la Foreigner, If This is Goodbye tem o clima perfeito para relembrar a época mágica que foi os anos 80, com aquele típico clima de sessão da tarde que tanto amamos. Whole Lot of Love parece ter sido escrita por Joe Lynn Turner, e aqui é onde sentimos mais falta de um vocal mais forte. Não que seja ruim, mas Mark parece cansado ou sonolento a maior parte do tempo e por mais que o estilo AOR preze pelos climas, nuances e ambiências, a impostação correta da voz é o que torna Steve Perry, Lou Gramm e Jimi Jamison referências no estilo, e infelizmente falta essa energia vocal aqui.

Loving Arms é uma bonita power ballad, que lembra bastante o que aconteceria se o Toto fosse a banda de apoio de David Coverdale. Lógico que, como podem notar pelo texto, as referências e influências estão presentes por todo o álbum, o que não é nenhum demérito, pois não há motivos pra reinventar a roda num estilo que já não domina as paradas há algum tempo (apesar de diversos revivals estarem acontecendo). Aos amantes do estilo só resta torcer para que festivais como o Summer Breeze (que trouxe Nestor, H.E.A.T., The Night Flight Orchestra, entre outros) lembrem do Atlantic e assim quem sabe poderemos conferir toda essa atmosfera ao vivo. No mais, é um discaço, agradável em melodias e de sonoridade cativante, apesar dos vocais meio xaroposos, e vale cada segundo de audição.

Por Diogo Franco.

NOTA: 4 / 5