Burning Witches – Dance With The Devil (2020)
Nem só de relógios e chocolate vive a Suiça.
Formada há apenas cinco anos, a banda suíça Burning Witches já está no seu terceiro álbum de estúdio, sendo o primeiro disco completo desde a saída da cantora original Seraina Telli ano passado, substituída pela grata surpresa Laura Guldemond e seu sotaque peculiar.
O álbum de estreia, o homônimo “Burning Witches”, assim como seu sucessor, “Hexenhammer”, estabeleceram essas mulheres como uma banda de futuro, com talento, abençoadas com a capacidade de escrever ótimas músicas dentro um estilo que possui muitos pilares no gênero e com o mérito de se esforçar para conseguir agregar certa individualidade em suas composições.
Não se deixe enganar pelo visual artístico, que é bastante rudimentar, com a banda posando na frente de cenários diabólicos com a cara dos anos 80. Digo isso com propriedade, pois vivi aquela época e toda sua mística. Eu acho legal estes elementos que remetem aos anos de ouro do Heavy Metal e suas vertentes mais próximas. Mas em muitas oportunidades boas bandas deixaram de ter a devida atenção e até em alguns casos respeito, por causa de um visual oitentista, quando o que realmente importa é a música, não é?
Esta banda trabalha com um Heavy Metal acentuado na estrutura das composições, ainda que neste álbum foi adicionada uma camada extra de melodia que não comprometeu o peso no resultado final. Vamos aos destaques desse CD.
O álbum começa com a introdução chamada “The Incantation” e depois mergulha rapidamente em “Lucid Nightmare“. A estrutura e a melodia são bastante padronizadas da perspectiva do gênero e do ritmo com rifes amplificados e guitarras bem harmonicas.
“Dance With the Devil” invade as caixas acústicas com seu refrão cativante, perfeito para fazer a interação com o público durante os shows e um trabalho de guitarras muito bem elaborado. Soa como o Warlock clássico devido à forte influência da voz de Guldemond e seu sotaque.
“Wings of Steel” é a mesma que fez parte do EP lançado no ano passado. Música que começa rápida e ganha coros interessantes e mais uma vez a estreiante vocalista se destaca.
“Six Feet Underground” é um corte sólido o suficiente manter o bom nível do disco, e mesmo correndo o risco de ficar repetitivo, Laura chama a atenção mais uma vez. Definitivamente o Burning Witches encontrou a sua camisa 10.
Daí você olha nome da próxima faixa e lê “Black Magic” e na hora se lembra do clássico do SLAYER. Mas é a balada do álbum que possui alguma alma e emoção em seu conteúdo. A estrutura tem aquela conhecida fórmula que sempre dá certo. Começa de forma acústica e gradualmente um tom mais pesado ganha corpo criando um favorito instantâneo.
Lembra-se daquele Hard Rock ‘rifeiro’ (Sic) muito característico também dos anos 80? As moças mostram que conhecem bem essa trilha com “The Sisters Of Fate”. Para contrapor o Burning Witches experimentou usar uma pitada de Death Metal da velha escola em “Necronomicon”. Ambas ficaram legais.
E claro, temos a versão da clássica “Battle Hymn” dos mestres do ManowaR, que inclui participação do guitarrista Ross Friedman e o baixista do Symphony X, Michael LePond. Rapaz, se o grande Ross The Boss está ali, para que discutir? Ficou legal.
“Dance with the Devil” pode não ser perfeito ou inovador, e nem todo álbum precisa ser. Uma banda que é honesta com sua proposta é algo que deve ser valorizado. No que se propôs a fazer as garotas do Burning Witches mostraram uma evolução como banda bem consistente, além de nos brindar com o talento de Laura.
NOTA: 3,5/5
Banda:
Jeanine Grob – Baixo
Lala Frischknecht – Batera
Romana Kalkuhl – Guitarras
Sonia Nusselder – Guitarras
Laura Guldemond – Vocais
Track List:
- The Incantation
- Lucid Nightmare
- Dance With The Devil
- Wings Of Steel
- Six Feet Underground
- Black Magic
- Sea Of Lies
- The Sisters Of Fate
- Necronomicon
- The Final Fight
- Threefold Return
- Battle Hymn (feat. Ross The Boss & Michael Lepond)