Na última sexta-feira, 03 de outubro, Belo Horizonte viveu uma noite histórica. A turnê conjunta de Hate e Vltimas desembarcou no Mister Rock sob a produção impecável da Demoncratic Records, que mostrou mais uma vez como se organiza um espetáculo extremo com profissionalismo: horários respeitados, sonorização limpa e brutal, e uma atmosfera que fez justiça à grandeza das bandas.
Abertura com peso nacional
A noite começou com o Chaos Synopsis, que entregou um thrash/death energético, aquecendo o público com riffs cortantes e muito gás. Logo em seguida, os mineiros do Mortifer Rage tomaram conta do palco, divulgando seu novo álbum Plagues Requiem (2024). Foi emocionante ver a banda da casa despejando fúria e técnica, com Carlos Pira rasgando o ar em vocais brutais e letras pesadas que denunciam as mazelas da sociedade. Para mim, já estava claro: seria uma noite de intensidade do começo ao fim.
Hate: devoção e escuridão

Então, as luzes baixaram e o Hate entrou em cena. Confesso: como fã, eu esperava muito desse momento, e eles entregaram tudo e mais um pouco. A presença de Perun V nos vocais é esmagadora e ele domina o palco com postura quase ritualística, enquanto a banda cria uma muralha sonora que arrasta a alma. Daniel Rutkowski, um dos melhores, mais brutais e mais velozes bateristas, executou com maestria o ataque brutal na capital nacional do metal.
Quando soaram os primeiros acordes de “Valley of Darkness”, minha favorita, senti um arrepio correr pela espinha. Era como se o peso e a melancolia daquela música se materializassem no ambiente. A execução foi impecável, e a emoção me pegou de jeito. Outras pedradas como “Bellum Regis” e “Sovereign Sanctity” incendiaram a plateia, cada riff soando como lâmina, cada batida de bateria como um trovão.
Depois de 13 anos sem tocar em BH, o retorno do Hate foi mais do que um show: foi uma catarse, um encontro entre devoção e brutalidade, que ficará gravado na minha memória.
Vltimas: a estreia monumental

Se o Hate trouxe a escuridão ritual, o Vltimas coroou a noite com sua monumentalidade. Foi a primeira vez do supergrupo no Brasil, e o público mineiro recebeu-os em êxtase. David Vincent é um frontman inigualável: sua voz permanece intacta, firme, profunda, conduzindo o público com autoridade e carisma.
Destaque absoluto para o polonês Paweł “Pavulon” Jaroszewicz, hoje baterista da Vltimas, que entregou uma performance esmagadora, precisa e devastadora, mantendo a brutalidade em cada detalhe do set.
Conclusão
Ao fim da noite, saí do Mister Rock com a sensação de ter presenciado algo que vai além da música: foi um encontro de almas apaixonadas pelo metal extremo. As bandas brasileiras mostraram sua força, o Hate reacendeu em mim toda a paixão que carrego pela sua sonoridade, e o Vltimas provou que é uma das formações mais poderosas da atualidade.

Apesar do David Vincent entregar tudo no palco e Paweł Pavulon destruir maravilhosamente na batera da banda Vltimas, a pérola da noite foi sem sombra de dúvidas a banda Hate, impecável e mostrando como se faz um Black Metal muito bem trabalhado que não perde a essência e muito menos o peso Death Metal incrustado em cada composição.

A Demoncratic Records acertou em cheio em cada detalhe, e Belo Horizonte foi agraciada com um espetáculo à altura de sua tradição.
E é por noites como essa que seguimos firmes no culto ao metal.
