IN DOMINE chega ao cenário do metal brasileiro com um EP de estreia impactante, Vivens En Mortis, mostrando maturidade musical e conceitual já no primeiro contato. Formada em Jundiaí/SP, a banda reúne Davi Chaim (vocal), Dennis Romera (guitarra), Fernando Gebram (guitarra), Octavio Loverso (baixo) e Ricardo Damas (bateria), músicos que combinam influências do Heavy e Power Metal com uma abordagem narrativa e dramática.
O EP apresenta uma sonoridade que mescla riffs densos, melodias envolventes e atmosfera cinematográfica, com produção clara e precisa assinada por Windi Ribeiro no Windi Estúdio, permitindo que cada detalhe instrumental se destaque.
Faixas e Temáticas
A faixa-título, Vivens En Mortis, é o ponto alto do EP e merece atenção especial. A música se apoia em uma letra que narra as últimas horas de vida de um serial killer arrependido — um tema sombrio e dramático, reforçado por trechos em latim que intensificam a atmosfera ritualística.
Na minha percepção, a música é tecnicamente muito bem construída: a harmonia e as transições instrumentais demonstram domínio e criatividade. O videoclipe, aliás, complementa de maneira muito eficiente a narrativa da letra. No entanto, senti que faltou uma pequena transição ou intro mais mórbida, algo que pudesse casar instrumental e vocalmente com o tema sombrio da história. Liricamente, a ideia do arrependimento do serial killer funciona no contexto da música, mas no mundo real é um conceito praticamente inexistente; ainda assim, como ponto de vista do autor, talvez uma quebra mais triste ou dramática pudesse reforçar a intensidade do tema.
Apesar disso, o conjunto da obra é impressionante, e esse detalhe não diminui o impacto geral da faixa — apenas indicaria um caminho para torná-la ainda mais marcante.
No Mercy oferece uma abordagem mais direta e agressiva, com riffs precisos e refrões viscerais que exploram justiça implacável e conflito extremo. The Call Of The Wolves, por sua vez, encerra o EP com um tom épico, usando a figura do lobo como metáfora para coragem, resistência e sacrifício, consolidando a ambição criativa da banda.
Identidade e Impacto
O que mais se destaca em Vivens En Mortis é a coerência narrativa e musical: a banda transita com segurança entre momentos pesados e passagens melódicas sem perder unidade, mostrando maturidade técnica e sensibilidade estética. O EP funciona tanto como uma declaração de intenções quanto como um exercício de identidade artística, chamando a atenção de fãs que buscam profundidade e dramaturgia no metal.
Vivens En Mortis confirma IN DOMINE como uma das estreias mais promissoras do metal nacional recente. Com músicas bem executadas, conceito consistente e personalidade própria, o EP deixa clara a capacidade da banda de unir técnica e narrativa. Pequenos ajustes, como uma transição mais mórbida na faixa-título, poderiam elevar ainda mais a obra, mas, no contexto geral, trata-se de um trabalho sólido e cativante, que merece atenção de ouvintes exigentes.
NOTA: 3,5 / 5
TEXTO POR LUKKAH LEITE – TEAM EUROPA

