Biografia: Overdose / Sepultura – Século XX / Bestial Devastation (1985)

“Nenhum disco nasce clássico, ele se torna!”

NOTA: 3/5.

Século XX surgiu numa época em que o público que consumia heavy metal no Brasil crescia de forma contínua e expressiva. Entretanto, as bandas brasileiras encontravam uma série de dificuldades que as impedia de construir projetos sólidos de carreira. Não havia equipamento, nem lugares pra tocar, mas, principalmente, a mídia dava as costas para o estilo. Surgiu então um heroico trabalho de underground que permitiu a sobrevivência e aprimoramento das bandas, cunhando o que hoje é conhecido como heavy metal nacional. Em Belo Horizonte/MG, esse trabalho de underground foi feito pela gravadora Cogumelo, que lançou uma série de LPs de várias bandas. O seu primeiro lançamento foi justamente o “split” em questão. E o resultado não poderia ter sido melhor: além da expressiva vendagem, o disco inaugurou as bem-sucedidas carreiras das duas bandas e da própria gravadora, que chegou a ser “a maior” do gênero no país durante os anos 90. Ao contrário do Sepultura, os caras do Overdose usavam seus nomes verdadeiros e isso diz muito sobre as diferenças entre as duas bandas. A formação que gravou o EP era composta por Pedro “Bozó” Amorim (vocal), Cláudio David (guitarra), Ricardo Souza (guitarra), Fernando Pazzini (baixo) e Helio Eduardo (bateria).

Bestial Devastation é o ponto de partida da carreira internacional daquela que hoje é considerada a maior banda de metal do Brasil, o Sepultura. Ao contrário da maioria das bandas nacionais, o Sepultura não lançou nenhuma fita demo antes de lançar o seu primeiro registro fonográfico. O disco, dividido com os conterrâneos do Overdose, foi gravado e mixado em dois dias em uma mesa de 8 canais no J.G. Estúdio, Belo Horizonte, Brasil – o berço do metal pesado no país. A banda não tinha recursos, nem instrumentos, por isso, para esta gravação, utilizaram equipamentos emprestados de bandas da produtiva cena mineira. Na época, os caras eram apenas garotos com idade média de 16 anos, sendo que Igor Cavalera, tinha só 14. O disco vendeu 8 mil cópias em pouco tempo e fez com que a banda passasse os 12 meses seguintes fazendo shows e trabalhando no que seria o seu primeiro álbum completo. O grupo, imitando as bandas estrangeiras, usavam codinomes que hoje, soam tão infantis, que podem fazer rir até o mais radical dos fãs. Por falar nisso, a formação que gravou o EP era composta por Max “Possessed” Cavalera (vocal / guitarra base), Jairo “Tormentor” Guedez (guitarra solo), Paulo “Destructor” Jr. (contra baixo) e Igor “Skullcrusher” Cavalera (bateria).

Overdose era uma banda muito mais completa e experiente do que os seus companheiros de split, mesmo assim, não obteve o mesmo reconhecimento mundial. O Sepultura, por outro lado era muito mais rebelde e inconsequente e talvez isso tenha feito toda a diferença para que a banda ganhasse o mundo. Como sabemos, a produção/gravação do split é bem precária, mas o registro virou um clássico do movimento underground do Brasil pelo valor histórico. Aliás, nenhum disco nasce clássico, ele se torna!

Lado A: Overdose

  1. Anjos do Apocalipse (10:02)
  2. Filhos do Mundo (06:04)
  3. Século XX (05:03)

Lado B: Sepultura

  1. The Curse (00:39)
  2. Bestial Devastation (03:06)
  3. Antichrist (03:46)
  4. Necromancer (03:52)
  5. Warriors of Death (04:07)

Total: 36:39

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> Texto publicado otiginalmente no blog Esteriltipo.