Testament – Titans Of Creation (2020)
Uma aula de thrash metal.
A linhagem e a nobreza de uma banda são dadas por seus bons discos, pelos seus fãs e por seu sucesso alcançado com esforço. Em “Titans Of Creation”, sua 13ª produção, o Testament fortalece sua missão em um nível invejável para muitos.
Política, questões sociais, histórias de horror, o álbum aborda temas distintos com conhecimento e reflexão. E manter a mesma formação da produção anterior, há quatro anos, é uma conquista com um valor inestimável nestes dias de constantes mudanças. A gravadora NUCLEAR BLAST permanece apostando na banda, para que ela continue com o sucesso e fama que conquistaram pelo seu esforço incomparável.
A paulada “Children Of The Next Level” abre o CD com todos os instrumentos precisos, boas mudanças de ritmo e rifes que proporcionam acordes harmoniosos. O refrão é formidável. Sem tempo para respirar temos “WWIII“, com seu título referente a uma hipotética Terceira Guerra Mundial. Acordes grossos e compactos com distorções devastadoras, sem restrições para aniquilar quem a ouve.
“Dream Deceiver” tem a intenção de esmagar nossos tímpanos com um refrão melódico e intenso. O solo de guitarra de Skolnick é digno de ser apresentado como lição obrigatória em todas as aulas de música, onde jovens guitarristas queiram aprender sobre mudanças de ritmo e habilidade. Logo em seguida chega a vez de “Night Of The Witch”, que foi a prévia desta produção, com Chuck Billy mandando ver em um conjunto de agudos monstruosos.
“City Of Angels”, com o baixo introdutório de Di Giorgio, apresenta um tema muito variável e mutante, devido aos arpejos das guitarras e aos tons dos vocais descompromissados, bem no estilo ‘Testament‘ do final dos anos 80 começo dos 90. Em “Ishtar’s Gate” novamente o baixo assume uma presença notável e que rife meus amigos. Outra vez aquela sensação de estar nos áureos tempos de “Souls of Black” vem à mente. E que sensação boa é essa. Sem palavras.
“Symptoms” é mais cadenciada e destaca os acordes que, devido à sua simplicidade, a torna especial. Na sequencia “False Prophet” apresenta ritmos básicos de thrash metal, onde o destaque é o ‘destruidor de bumbos‘, Mr. Hoglan. Canção sólida com guitarras gêmeas muito criativas em sua execução.
“The Healers” começa com rifes que podem ser denominados como o ‘modelo Testament’ de fazer thrash. Em meio a incríveis distorções a letra fala sobre terapia medicinal. Uma nova introdução de baixo em “Code Of Hammurabi” e depois é pé no fundo, quinta marcha e toda força a frente falando a respeito da dinastia babilônica e a lei de Talião, o conhecido “olho por olho, dente por dente ”.
“Curse Of Osiris” possui intensidade nas harmonias em todos os instrumentos, com os vocais de Billy flertando com as modulações do Death/Black Metal por alguns instantes. E terminamos com “Catacombs” em um clima muito teatral recheado de teclados e coros.
A banda de Berkeley, um dos pilares do thrash made in Bay Area, formada em 1983 sob o nome de Legacy, continua devastando tudo o que encontra pelo caminho até hoje. Permanecem atuais sem perder suas raízes. E eu não tenho medo algum em afirmar que esse será, provavelmente, o melhor álbum do thrash metal de 2020.
Nota: 5/5
Banda:
Eric Peterson – Guitarra
Chuck Billy – Vocais
Alex Skolnick – Guitarra
Gene Hoglan – Batera
Steve Di Giorgio – Baixo
Tracklist:
- Children Of The Next Level
- WW III
- Dream Deceiver
- Night Of The Witch
- City Of Angels
- Ishtars Gate
- Symptoms
- False Prophet
- The Healers
- Code Of Hammurabi
- Curse Of Osiris
- Catacombs