O ano “metálico” de Fortaleza começou nesta sexta-feira, 20, com shows arrasadores das algumas das bandas mais adoradas da cena cearense e dos mestres paulistas do grindcore ROT, no Esconderijo Bar, uma produção da Underground Produções, mostrando como se produz bons shows (e, sim, se você soube o que aconteceu na sexta-feira seguinte, entendeu a referência). O local é pequeno, mas adequado. O som estava perfeito. E o mosh comeu de esmola.
Logo cedo, o evento foi aberto com a RUIM, que de RUIM só tem o nome, seguida pela seminal LIXORGANICO, fronteada por Vinícius Vertigem, do selo Vertigem Discos. No show e nas palavras de Vinícius, muita crítica social, dirigida principalmente ao último ocupante do Palácio do Planalto, seus apoiadores e similares.
Fotos RUIM
Fotos Lixorganico
Setlist:
- Podre e Burro
- Doutrinador
- Vida Ameaçada
- A Sua Ignorância
- Donzelas da Torre
- Operários
- Nazicracia
- FTB
- Ocupar Resistência
- Raça Ruim
- Nunca Mais
- Chutem as Galinhas Verdes
- Nada
- Stalingrado
- 39kg
- Veias Abertas da América Latina
Outra banda muito querida da cena de Fortaleza a se apresentar no Esconderijo foi a DIAGNOSE, com seu crust nervoso. A apresentação foi dedicada a Jean, primeiro vocalista da Diagnose, e também ao Bucho, da ROT. Matagato, Dejane e demais fizeram o Esconderijo virar do avesso no mosh. O show ainda teve a participação de Fernando Gomes, da DEAD ENEMY, em “Morte Marcada no Relógio“, e de Vinícius Vertigem em “Império do Medo“. Ao fim, Matagato declarou: “Eu amo estar vivo porque é isso que me faz estar aqui com vocês”.
Setlist:
- Cidade Objeto
- Trincheiras Urbanas
- Corpos que Não Aguentam Mais
- Subjulgar
- Negacionismo que Mata
- Servir ou Reagir
- Neurose XXI
- Fascinante Absurdo
- Midiota
- Solte as Muletas
- Quem São Seus Reais Inimigos?
- Morte Marcada no Relógio
- Império do Medo
- Morrer de Tédio
A entidade FACADA foi a próxima no palco do Esconderijo. Show direto, reto, mas, no meio, Carlos James desistiu de brigar com a correia do baixo (que tinha arrebentado) e fez o resto do show sem baixo mesmo. Ninguém reclamou. O importante é expurgar os demônios num mosh maior que todo o Bairro Damas. Rolou até Nirvana, provando que até o grunge pode virar grind.
Setlist:
- Intro/Tu Vai Cair
- Socorro
- O Joio
- Amanhã Vai Ser Pior
- Descendo Sangue Igual Torneira
- 9mm de Redenção
- Tudo me Faltará
- Playing with Souls
- Tourette’s
- Feliz Ano Novo
- Nadir
- Emptier
- Apocalipse Agora
- Cidade Morta
- Falta Excesso
- Podem Vir
- Instagrinder
- Hybrid Moments
- O Cobrador
- Chovendo Baratas
- Guarda Esse Mantra pra Ti
O momento mais esperado era sem dúvida a presença dos paulistas do ROT no palco. A banda, em excursão pelo Nordeste, fez sua primeira apresentação em Fortaleza. E digo, foi linda. O momento agridoce foi proporcionado apenas pela ausência de Alexandre “Bucho”, mais uma das vítimas, em 2021, do descaso governamental brasileiro com a pandemia de Covid 19. “Vítima desse governo desgraçado“, nas palavras do vocalista Henrick Dário. “Bucho Vive” estava no cartaz ao fundo do palco e no merchandising da banda.
Num passeio pela extensa discografia (são mais de trinta trabalhos, entre Full Lenghts, EPs e splits, incluindo o último, Organic), Henrik, Mendigo, Emiliano e Diego entregaram um show ainda melhor do que o que presenciamos no Festival Setembro Negro. Ora, ali eram apenas mais uma entre trinta outras atrações de peso. Aqui, foram headliners. O caos era tamanho que até fotógrafo fez crowd surfing (e jornalista perdeu os óculos).
Parabéns para a Underground, que organizou essa festa. Parabéns para as bandas que deram o seu melhor. E parabéns para o público, que saiu de lá entendendo que tinha sido atropelado por um caminhão. E muito feliz.