O ano “metálico” de Fortaleza começou nesta sexta-feira, 20, com shows arrasadores das algumas das bandas mais adoradas da cena cearense e dos mestres paulistas do grindcore ROT, no Esconderijo Bar, uma produção da Underground Produções, mostrando como se produz bons shows (e, sim, se você soube o que aconteceu na sexta-feira seguinte, entendeu a referência). O local é pequeno, mas adequado. O som estava perfeito. E o mosh comeu de esmola.

Logo cedo, o evento foi aberto com a RUIM, que de RUIM só tem o nome, seguida pela seminal LIXORGANICO, fronteada por Vinícius Vertigem, do selo Vertigem Discos. No show e nas palavras de Vinícius, muita crítica social, dirigida principalmente ao último ocupante do Palácio do Planalto, seus apoiadores e similares.

Fotos RUIM

Fotos Lixorganico

 

Setlist:

  1. Podre e Burro
  2. Doutrinador
  3. Vida Ameaçada
  4. A Sua Ignorância
  5. Donzelas da Torre
  6. Operários
  7. Nazicracia
  8. FTB
  9. Ocupar Resistência
  10. Raça Ruim
  11. Nunca Mais
  12. Chutem as Galinhas Verdes
  13. Nada
  14. Stalingrado
  15. 39kg
  16. Veias Abertas da América Latina

Outra banda muito querida da cena de Fortaleza a se apresentar no Esconderijo foi a DIAGNOSE, com seu crust nervoso. A apresentação foi dedicada a Jean, primeiro vocalista da Diagnose, e também ao Bucho, da ROT. Matagato, Dejane e demais fizeram o Esconderijo virar do avesso no mosh. O show ainda teve a participação de Fernando Gomes, da DEAD ENEMY, em “Morte Marcada no Relógio“, e de Vinícius Vertigem em “Império do Medo“. Ao fim, Matagato declarou: “Eu amo estar vivo porque é isso que me faz estar aqui com vocês”.

Setlist:

  1. Cidade Objeto
  2. Trincheiras Urbanas
  3. Corpos que Não Aguentam Mais
  4. Subjulgar
  5. Negacionismo que Mata
  6. Servir ou Reagir
  7. Neurose XXI
  8. Fascinante Absurdo
  9. Midiota
  10. Solte as Muletas
  11. Quem São Seus Reais Inimigos?
  12. Morte Marcada no Relógio
  13. Império do Medo
  14. Morrer de Tédio

A entidade FACADA foi a próxima no palco do Esconderijo. Show direto, reto, mas, no meio, Carlos James desistiu de brigar com a correia do baixo (que tinha arrebentado) e fez o resto do show sem baixo mesmo. Ninguém reclamou. O importante é expurgar os demônios num mosh maior que todo o Bairro Damas. Rolou até Nirvana, provando que até o grunge pode virar grind.

Foto: Vinícius Vertigem

Setlist:

  1. Intro/Tu Vai Cair
  2. Socorro
  3. O Joio
  4. Amanhã Vai Ser Pior
  5. Descendo Sangue Igual Torneira
  6. 9mm de Redenção
  7. Tudo me Faltará
  8. Playing with Souls
  9. Tourette’s
  10. Feliz Ano Novo
  11. Nadir
  12. Emptier
  13. Apocalipse Agora
  14. Cidade Morta
  15. Falta Excesso
  16. Podem Vir
  17. Instagrinder
  18. Hybrid Moments
  19. O Cobrador
  20. Chovendo Baratas
  21. Guarda Esse Mantra pra Ti

O momento mais esperado era sem dúvida a presença dos paulistas do ROT no palco. A banda, em excursão pelo Nordeste, fez sua primeira apresentação em Fortaleza. E digo, foi linda. O momento agridoce foi proporcionado apenas pela ausência de Alexandre “Bucho”, mais uma das vítimas, em 2021, do descaso governamental brasileiro com a pandemia de Covid 19. “Vítima desse governo desgraçado“, nas palavras do vocalista Henrick Dário. “Bucho Vive” estava no cartaz ao fundo do palco e no merchandising da banda.

Num passeio pela extensa discografia (são mais de trinta trabalhos, entre Full Lenghts, EPs e splits, incluindo o último, Organic), Henrik, Mendigo, Emiliano e Diego entregaram um show ainda melhor do que o que presenciamos no Festival Setembro Negro. Ora, ali eram apenas mais uma entre trinta outras atrações de peso. Aqui, foram headliners. O caos era tamanho que até fotógrafo fez crowd surfing (e jornalista perdeu os óculos).

Parabéns para a Underground, que organizou essa festa. Parabéns para as bandas que deram o seu melhor. E parabéns para o público, que saiu de lá entendendo que tinha sido atropelado por um caminhão. E muito feliz.

Fotos gentilmente cedidas por Joaquim Santos e Vinícius Vertigem.