Hoje, 2 de maio de 2025, marca os 12 anos da morte de Jeff Hanneman, um dos guitarristas mais influentes da história do metal. Como se não bastasse essa data simbólica, no próximo domingo o também guitarrista e fundador do Slayer, Kerry King, se apresentará no festival Bangers Open Air com sua nova banda solo — um momento de celebração e lembrança para os fãs do Slayer e do legado deixado por Hanneman.
Show No Mercy (1983)
O disco de estreia do Slayer é um documento cru e apaixonado de uma banda ainda encontrando sua identidade. Gravado com um orçamento mínimo e influenciado fortemente por Judas Priest, Mercyful Fate e Venom, Show No Mercy transborda energia juvenil. A produção caseira e os vocais mais agudos de Tom Araya contrastam com o que o Slayer se tornaria nos anos seguintes, mas há aqui uma urgência e agressividade inconfundíveis. Riffs cortantes, solos caóticos e letras mergulhadas em ocultismo já delineavam o caminho sombrio da banda. Apesar da falta de maturidade técnica, o disco ganhou status cult entre os fãs.
Destaques: “Evil Has No Boundaries”, “The Antichrist”, “Metal Storm / Face the Slayer”.
Haunting the Chapel (EP, 1984)
Apesar de ser um EP com apenas três faixas, Haunting the Chapel marca uma evolução significativa no som do Slayer. Longe do metal mais tradicional de Show No Mercy, o EP aponta para a direção mais sombria, agressiva e visceral que a banda seguiria a partir de Hell Awaits. As composições são mais violentas, os riffs mais elaborados, e a performance de Dave Lombardo na bateria já revela um estilo mais agressivo e técnico. É aqui que o Slayer começa a criar sua identidade definitiva dentro do thrash metal. “Chemical Warfare” tornou-se um clássico absoluto ao vivo, sendo tocada frequentemente ao longo de toda a carreira da banda.
Destaques: “Chemical Warfare”, “Captor of Sin”, “Haunting the Chapel”.
Hell Awaits (1985)
Com Hell Awaits, o Slayer se afastou do heavy metal tradicional e mergulhou em estruturas mais complexas e sombrias. As faixas são longas, com andamentos mutáveis e uma sensação constante de caos iminente. A atmosfera é densa, quase sufocante, e a temática satânica é levada às últimas consequências. A produção é rúcea, e os riffs de Kerry King e Jeff Hanneman mostram uma banda com visão mais ampla e ambição sonora. Este é o Slayer tornando-se um dos pilares do metal extremo.
Destaques: “Hell Awaits”, “At Dawn They Sleep”, “Kill Again”.
Reign in Blood (1986)
Considerado um marco definitivo do thrash metal, Reign in Blood é o Slayer em sua forma mais concentrada e brutal. Com apenas 28 minutos, o álbum é uma metralhadora de riffs, blast beats e letras perturbadoras. A produção de Rick Rubin deu clareza à violência sonora da banda, tornando tudo mais cortante. É um álbum sem excessos, direto ao ponto, onde cada segundo conta. “Angel of Death” e “Raining Blood” tornaram-se canões do gênero, mas o disco todo funciona como uma entidade indivisível.
Destaques: “Angel of Death”, “Piece by Piece”, “Raining Blood”.
South of Heaven (1988)
O Slayer faz uma escolha ousada ao desacelerar o ritmo em South of Heaven. A aposta em composições mais lentas, letras introspectivas e atmosferas fúnebres gerou um disco maduro e cheio de nuances. A produção é limpa, mas sombria, e o tom é quase de filme de horror. Esse é um Slayer mais cerebral, mas não menos ameaçador. A faixa-título tornou-se uma das mais emblemáticas da carreira da banda, e outras como “Mandatory Suicide” mostraram uma nova profundidade na abordagem.
Destaques: “South of Heaven”, “Mandatory Suicide”, “Silent Scream”.
Seasons in the Abyss (1990)
Considerado o álbum mais equilibrado da banda, Seasons in the Abyss funde a agressividade de Reign in Blood com o peso cadenciado de South of Heaven. É o último disco com a formação clássica original antes da saída de Dave Lombardo. A produção é polida, e as músicas transitam entre a fúria pura e a atmosfera soturna. A faixa-título é uma obra-prima do metal sombrio, enquanto “War Ensemble” é um ataque frontal.
Destaques: “War Ensemble”, “Dead Skin Mask”, “Seasons in the Abyss”.
Divine Intervention (1994)
Primeiro disco com Paul Bostaph na bateria, é um trabalho mais técnico, seco e com letras ainda mais niilistas. A sonoridade é menos orgânica, mas a banda mantém a brutalidade em alta. Temas como tortura, loucura e morte são abordados com frieza cirúrgica. Não tão celebrado quanto os anteriores, mas é um disco que cresceu com o tempo.
Destaques: “Killing Fields”, “Dittohead”, “213”.
Undisputed Attitude (1996)
Disco de covers punk/hardcore que homenageia as influências subterrâneas da banda. Inclui faixas de Minor Threat, D.R.I., T.S.O.L., entre outros. Embora divisivo, mostra a energia e o respeito do Slayer por suas raízes. É o disco mais “fora da curva” da discografia. Reza a lenda que a banda tentou fazer um disco de covers normais, com músicas de Deep ´Purple e Rainbow inclusas, mas que não deu certo e a ideia de ser um disco de Punk veio de um ascesso de fúria de Jeff Hannem ao ver a MTV dizendo que Green Day e Offspring eram bandas punks.
Destaques: “Disintegration/Free Money”, “Filler/I Don’t Want to Hear It”, “Gemini” (inédita).
Diabolus in Musica (1998)
O álbum mais polêmico da banda. Flertando com afinações baixas e um som mais moderno, foi erroneamente associado ao nu metal. Mas apesar da sonoridade diferente, é um disco agressivo, sombrio e ousado. A recepção mista à época obscureceu o valor do álbum, que hoje é reavaliado por muitos fãs. Inclusive é um disco quase que inteiramente por Jeff Hanneman.
Destaques: “Bitter Peace”, “Stain of Mind”, “Scrum”.
God Hates Us All (2001)
Lánçado em 11 de setembro de 2001, o disco soa como uma trilha sonora do caos moderno. A produção é seca, violenta e sem ornamentos. Liricamente, aborda religião, autodestruição e niilismo com intensidade. A faixa “Disciple” é uma das mais memoráveis da fase moderna. Um disco ríspido, agressivo e que hoje cresceu no gosto dos fãs.
Destaques: “Disciple”, “God Send Death”, “War Zone”.
Christ Illusion (2006)
Com o retorno de Dave Lombardo, a banda entrega um disco que resgata elementos da era clássica. É brutal, político e afiado. A produção é moderna, mas o espírito é old school. Ganhou o Grammy por “Eyes of the Insane” e reafirmou o lugar do Slayer no topo do metal. Um dos melhores discos de retorno, já ue agoraa formação clássica estava de volta. Destaque para as insanas baterias de Dave Lombardo ao longo do disco.
Destaques: “Flesh Storm”, “Eyes of the Insane”, “Catatonic”.
World Painted Blood (2009)
O último disco com Jeff Hanneman e Dave Lombardo. Uma espécie de retrospectiva sonora da banda, trazendo riffs caóticos, letras apocalípticas e uma energia de fim de ciclo. Apesar de irregular em alguns momentos, tem grandes faixas e um espírito feroz e mostra um Slayer bem variado e mais trabalho que seu disco anterior.
Destaques: “World Painted Blood”, “Hate Worldwide”, “Not of This God”.
Repentless (2015)
O último álbum do Slayer. Sem Hanneman, mas com Gary Holt (Exodus) assumindo bem o papel. É um disco raivoso, direto e que, apesar da perda, mostra a banda com energia. É uma despedida honesta, carregada de memória e peso emocional. Contém a última música composta por Jeff Hanneman, intitulada “Piano Wire”.
Destaques: “Repentless”, “When the Stillness Comes”, “Chasing Death”.
O Slayer construiu uma discografia que moldou o Metal Extremo. Em cada álbum, há uma faceta diferente da banda: o peso, a técnica, a ousadia, a fúria. Poucas bandas mantiveram-se tão fiéis a si mesmas por tanto tempo. E mesmo após o fim,pelo menos em estúdio, já que a banda está tocando em shows esporádicos, seu legado permanece tatuado na pele do metal mundial.













