Tive a oportunidade de ouvir e resenhar The Blood Red Horizon, álbum de estreia da Stormsorrow, banda idealizada pelo vocalista e guitarrista Kahlil Souto, cuja concepção remonta a 2005. 

Natural de Pernambuco e com passagem por diferentes cenas do metal extremo no Piauí e, posteriormente, em Goiânia, Kahlil desenvolveu ao longo de quase duas décadas um trabalho totalmente autoral, influenciado inicialmente pelo thrash metal clássico, mas que evoluiu para uma sonoridade mais ampla, incorporando elementos de death metal melódico e thrash moderno. 

Inspirada por nomes como Sepultura, Slayer, Kreator, Iced Earth, In Flames e Arch Enemy, Stormsorrow se consolidou como banda com a entrada de Vicente Luiz (guitarra solo e produção), Arthur Albuquerque (bateria) e Yuri Passos (baixo), dando forma definitiva a um projeto que nasce ambicioso e conceitual, inaugurando uma trilogia narrativa com este debut.

Assim como é a prática do site, as notas serão dadas entre 0 e 5.

Após ouvir The Blood Red Horizon repetidas vezes, minha percepção sobre a Stormsorrow se consolidou de forma bastante clara. 

Trata-se de uma banda extremamente consciente das próprias influências e tecnicamente muito bem preparada, mas que opta por caminhar dentro de um território estilístico seguro, sem grandes desvios ou riscos criativos.

Instrumentalmente, a presença da escola do Iced Earth é evidente — especialmente na construção dos riffs, na condução rítmica das guitarras e no caráter épico que permeia boa parte do álbum. Essa influência funciona como um alicerce sólido: as músicas são bem estruturadas, os solos são técnicos e bem executados, e a base rítmica impressiona pela precisão. 

O pedal duplo é constante, limpo e muito bem controlado, sustentando as composições com segurança do início ao fim.

Os vocais seguem uma abordagem clássica do death metal melódico, com dobras bem trabalhadas entre screams mais rasgados e guturais extremamente graves. 

É um registro competente, agressivo e coerente com a proposta do disco, ainda que bastante convencional dentro do estilo. 

Não há experimentações vocais ousadas, mas há consistência e bom gosto. 

As participações especiais de nomes relevantes do underground nacional agregam peso e variedade ao álbum, funcionando como reforço artístico e não apenas como atrativo promocional. 

As colaborações são bem encaixadas e ajudam a dar identidade a faixas específicas, sem descaracterizar o conjunto.

Do ponto de vista composicional, as músicas oscilam, para mim, entre 2.5 e 2.8 em uma escala de avaliação individual. 

Tecnicamente, quase todas são muito bem executadas, bem arranjadas e eficientes dentro do que se propõem. 

No entanto, o álbum como um todo não me soa realmente diferencial dentro do cenário do death/thrash metal melódico. 

Falta aquele elemento que provoque surpresa, ruptura ou uma identidade sonora imediatamente reconhecível além das referências. 

Isso faz com que The Blood Red Horizon dialogue com um público-alvo bastante específico — ouvintes já familiarizados com o metal extremo, especialmente aqueles que transitam entre o heavy/thrash épico e o death metal melódico mais tradicional.

No saldo final, o álbum se sustenta pela competência técnica, pela clareza de proposta e pela seriedade com que foi concebido. Não é um disco fraco, tampouco descartável — mas também não é um trabalho que redefina parâmetros ou empurre limites criativos.

 

Nota final: 3.2 

 

Considerando o conjunto da obra, a execução técnica elevada e o fato de o álbum não soar realmente inovador, 3.2 é uma nota justa e honesta. 

Um disco bem feito, sólido, com identidade dentro do estilo — recomendado para quem já está inserido nesse universo, mas sem grandes promessas de surpresa ou revolução sonora.

 

Ficha técnica – The Blood Red Horizon

 

Banda: Stormsorrow

Álbum: The Blood Red Horizon

Data de lançamento: 10 de dezembro

Produção, mixagem e masterização: Vicente Luiz

 

 

Faixas:

Intro

1 Burning Skies

2 The Blood Red Horizon

3 Face the Obliteration

4 Hellgate Assembly

5 Rebellion Burns Within

6 Darkest December

7 Scars of My War

8 Post-Truth Warfare

9 Times of Decay

10 The Storm Will Remember My Name

 

Participações especiais:

Lord Vlad (Malefactor)

Mário Pastore (Pastore, ex-Acid Storm)

Victhor De Victhorian (Victhorian)

Alexandre Grunheidt (ex-Ancesttral)

 

Redes sociais:

Instagram: @stormsorrow_official

YouTube: @stormsorrow_official

 

Texto por: Cindy Seidel