Mais um show do Stratovarius em Fortaleza, mais uma experiência inesquecível para os fãs da banda finlandesa de power metal. Promovido pela D Music em 29 de abril, o show foi parte da turnê mundial de lançamento do novo álbum da banda, “Survive” e das Summer Tours, shows de algumas atrações do festival SUMMER BREEZE em outras capitais além da sede brasileira do festival, São Paulo. O público presente pôde conferir um espetáculo de luzes, som e energia, com um repertório que mesclou clássicos como “Black Diamond“, “Hunting High and Low” e “Eagleheart” com algumas novas faixas do disco. O vocalista Timo Kotipelto mostrou toda a sua potência e carisma, interagindo com a plateia e arriscando algumas palavras em português. O guitarrista Matias Kupiainen impressionou com seus solos virtuosos e precisos. O tecladista Jens Johansson brilhou com seus arranjos sinfônicos e sua técnica apurada. O baixista Lauri Porra e o baterista Rolf Pilve completaram a formação com muita competência e entrosamento. Antes deles, a OMMINOUS subiu ao palco pra mostrar porque todos os dias adiciona alguns fãs à sua base, inclusive uns certos finlandeses. Continue conosco para saber mais detalhes desta noite memorável para os amantes do metal melódico e da música de qualidade.
Omminous
Behind All The Consent foi a primeira música da noite, quando Lenine Matos (vocal), Cesário Filho (guitarra), Pasknel Ribeiro (bateria) e João Lucas (baixo) subiram no palco do Complexo Armazém. Com som de banda gringa (tanto na qualidade do que compuseram quanto no equipamento que lhes foi fornecido no palco). “Behind All the Consent” iniciou com Lenine arrebentando e Cesário mandando ver. “Vile Maxim” é mais uma oportunidade pro baixinho humilhar na guitarra. Que solo lindo. Papa Cesário domina.
Não à toa, Lenine aponta para a área do camarote lateral e revela que Matias Kupiainen e Lauri Porra, guitarrista e baixista do STRATOVÁRIUS estavam ali assistindo ao show da banda cearense. Pronto. Acabou o sossego dos caras. Enquanto a OMMINOUS tocava “Prisoner of a Present Time” e “Into Decay” muita gente foi lá tietar os dois finlandeses. Quem não conseguiu chegar perto (o Armazém estava lotado como poucas vezes se viu), não perdeu a oportunidade de “frescar”. “Porra, Porra, Porra”, repetiam, gaiatos, o nome do baixista.
“Quero ver vocês batendo cabeça com essa agora”, conclama Lenine antes da mais pesada “Overcasting Skies”. E botando ainda mais peso, pediu moshpit para “Master of Disguise”. Uma hora dessas, o baixista já tinha ido embora, de volta ao camarim, mas Matias continua ali, vítima dos muitos pedidos de fotos. Ele não seria nem doido de sair e perder os solos-aula de Cesário. O Malmsteen do Ceará ficou sozinho no palco, responsável pelo show. E respondeu tocando música clássica, concertos para a juventude. Em “Rising Force” o seu único defeito foi não ser antipático como Yngwie.
A OMMINOUS fechou o show com a clássica “Nova Era”, com o público cantando junto e Lenine praticamente em meio ao público.
Stratovarius
Exatamente às 10:10 da noite, todos os celulares já estão à postos. O Armazém se transforma um mar de quadriculados luminosos. Todos os celulares estavam a postos para capturar Survive, primeira faixa (e título) do álbum mais recente, lançado ano passado. E com muita emoção o público recebeu “Firefly” também do mesmo álbum.
“Boa noite, Fortaleza. Tudo bem:”, começou, em português, Timo Kotipelto o seu diálogo com os bangers, uma conversa que duraria praticamente a noite inteira. “É bom estar de volta. Temos um álbum novo lançado em setembro, então, vamos tocar algumas canções, mas somos uma banda de Power Metal e vamos tocar material antigo também”, continuou ele, em inglês. O povo ficou muito feliz com “Speed of Light” e cantou junto, fez “Ooooo” cantando as notas da intro de “Eagleheart” e recebeu bem também mais algumas das novas, “Broken“, mais puxada para o prog., e “World on Fire“. Esta, com mais um belo solo de guitarra e, apesar de nova, vi muitas caras emocionadas no Armazém.
“Nós gostaríamos de cantar uma música que nunca cantamos no Brasil”, disse Timo sobre a canção composta por Jens Johansson para o álbum “Polaris“, de 2009. Esta foi não só o contraponto à anterior, em tema e ritmo, mas a bela balada, fortemente baseada nos teclados de seu criador, também serviu pra esfriar um pouco o calor do Armazém, literal e figuradamente.
“Vocês querem mais power metal?”, incitou a turba apaixonada o finlandês. E começa novamente o ataque rápido com milhões de notas, empolgando a galera com “Stratosphere“, “Holy Light” e “Father Time“. Timo até bota o microfone pro pessoal cantar. Ao fim, o coro de centenas de vozes dizia uma só palavra.
Stratovarius
Stratovarius
Stratovarius
Várias vezes
“Obrigado. Vocês são fantásticos”, agradeceu um emocionado Timo.
E tanto os clássicos como novas canções como “Demand” e “Frozen in Time“, intercaladas pelo solo de Lauri Porra (e pelas inevitáveis brincadeiras com seu nome), empolgam mesmo. Isso vale até quem não é fã do estilo. Ora, tinha gente que sabia as letras de cor. Aquém da expectativa mesmo foi só o curto solo de Jens. Esperávamos mais. No entanto, quando seu teclado (inclinado para que todos pudéssemos prestar atenção a cada toque de seus dedos) começou a soar como um cravo, o público enlouqueceu de vez. Claro que estamos falando de “Black Diamond“.
Era gente cantando.
Era gente com as mãos pra cima.
Era gente gritando.
Era gente chorando.
E Timo regia tudo isso, enquanto seus amigos duelavam em uma verdadeira briga de foice e se pacificavam em “Destiny“.
“É hora de dizer adeus. Voltaremos um dia para vocês”. Era Timo anunciando que estava na hora de fingir que iriam embora, enquanto o público (mais uma vez) ficou repetindo o nome da banda
De volta ao palco, “vamos tocar mais algumas. Essa é uma balada velha”. Era a bela “Forever“, do “Episode“, com apenas Timo, Jens e Matias.
“Fortaleza vocês ainda têm energia”, encaminhando o show para seu final, “vamos precisar da sua energia. Sem vocês não seríamos nada, mas com vocês somos inquebráveis”, usou o nome da canção, “Unbreakable” (que é relativamente nova, mas já assumiu posto e postura de clássico.
Mas vocês estão pensando que cearense é besta? O público gritava por “Paradise”
Paradise
Paradise
Depois de um sem-número de pedidos, o Stratovarius fez o que não é comum ver em shows de metal. “Vocês querem Paradise? A gente não era pra tocar, mas pelos pedidos de vocês vamos tocar”. E todo headbanger sabe o quanto é difícil incluir uma música no set. O estilo demanda além de muita energia de suas bandas, um nível de complexidade que praticamente torna improvisos proibitivos. O mais comum é que canções sejam cortadas do set, infelizmente. Mas na noite de sexta, em Fortaleza, o quinteto estava curtindo tanto que abriu uma exceção. “Paradise” entrou. Ao fim, Timo aparentava muito cansado, mas tinha cara de quem estava bastante satisfeito. E feliz.
Pra realmente fechar a noite, “Agora, uma que a gente nunca tocou”, claro, a música do A-Ha (SQN). E Timo pode estar cansado, com calor, mas segura a voz. Pelo menos até a hora de deixar o público cantar sozinho com Rolf Pive. E, como sempre nesta canção, Timo relembrou o último show (em Buenos Aires) e o próximo (em São Paulo, no Summer Breeze). Aquela velha brincadeira de abaixar e levantar gritando, pra ver quem grita mais alto.
Finalmente, está claro que não só para os headbangers, mas também para a banda finlandesa, este show foi ainda melhor que o primeiro. É certeza de que todos vão aguardar um retorno em alguma turnê no futuro.Havia um certo temor de que a banda tocasse um set reduzido devido ao fato de que a maioria dos últimos shows foram de festival e os sets não passavam de 10 músicas. Acreditava-se que, por serem aqui os headliners, chegariam a 12, 13 no máximo. Ao contrário, eles não só prepararam um repertório muito satisfatório, como o ampliaram para agradar ainda mais os fãs. E a si próprios.
A produção está de parabéns pelo evento, som, iluminação e todo o conjunto da obra, inclusive pele convite à OMMINOUS, que encantou bangers brasileiros e escandinavos naquela noite. Quanto à casa, o Armazém continua sendo o local mais apropriado para shows de metal desse porte, mas o inexplicável fosso que separa palco de público (e inviabiliza um pit para fotógrafos), o local centralizado para pagamento de bebidas (causando sempre muitas filas) e o palco baixo (impedindo que muitas vezes possamos ver toda a arte do backdrop das bandas) continuam sendo pontos de atenção.
Agradecimentos:
D Music, pela atenção e credenciamento (especialmente Maurílio e Denor, pelos muitos anos de amizade).
Rubens Rodrigues, pelas obras de arte que ilustram esta matéria. Confira mais na galeria abaixo.