Rompendo o universo do Thrash Metal rumo ao mainstream.
Mais uma semana começando e acredite ou não, já sobrevivemos a mais de 60 dias nessa luta. Vale reforçar que ainda não acabou. Evite ficar em aglomerações. Se for preciso ir ao mercado ou qualquer outra coisa importante, use uma máscara, se proteja. Aguentem firmes e vamos continuar acreditando que isso vai passar. Agora, vamos falar de música.
Como vocês já se acostumaram, à ideia aqui é propor alguma coisa para que você ocupe um tempinho do seu dia conhecendo algumas curiosidades e o mais importante, preenchendo um pedaço do seu tempo com uma boa dose de música pesada. E a dica de hoje é o álbum do Megadeth, Countdown to Extinction.
“Countdown to Extinction” é o quinto álbum de estúdio da banda americana Megadeth, lançado em 14 de julho de 1992, pela Capitol Records. Foi o segundo lançamento em estúdio do grupo com a chamada formação “clássica”: Dave Mustaine, Marty Friedman, David Ellefson e Nick Menza. O registro foi produzido por Mustaine e Max Norman no estúdio The Enterprise em Burbank, Califórnia, EUA, enquanto a mixagem foi entregue por Norman com a ajuda de Fred Kelly. Todo o processo foi desenvolvido entre os meses de janeiro e abril de 1992. Em “Countdown to Extinction” o Megadeth começou a incorporar mais melodia e ritmos intermediários em seu som, se distanciando um pouco do seu característico thrash metal.
O “Black Album” do Metallica, lançado em 1991, abriu as portas para um novo mundo, que caso as bandas mais extremas da época resolvessem também atravessar, era preciso fazer algumas concessões. Fazendo uma analogia matemática utilizando ‘Razão e Proporção’, podemos relacionar dessa maneira: “Battery” está para “Wake up Dead” assim como “Sad But True” está para “Sweating Bullets“. Explico: As duas primeiras são agressivas e rápidas, portanto teoricamente estão limitadas aos fãs mais ardorosos da música pesada. Já as duas seguintes são mais lentas, com mais groovy e uma produção bem mais ‘limpa’. Prontas para serem aceitas por um público maior, podendo fazer parte das rotinas das rádios rock ou nas MTV’s da vida não ficar limitadas a programas específicos de heavy metal. Mais exposição significava mais fãs e consequentemente mais vendas. Óbvio, que as músicas citadas não são meros rock comerciais do tipo pasteurizado. Muito pelo contrario, mas a transição do som foi acentuada nos casos das duas bandas, apesar da qualidade continuar presente.
“Countdown to Extinction” entrou direto no número dois parada Billboard 200, com vendas na primeira semana superando as 150.000 cópias, brigando de igual para igual com os principais nomes dos cenários pop, country e do hip hop americano. Dois anos após seu lançamento original, “Countdown to Extinction” foi certificado com platina tripla nos EUA, com mais de três milhões de discos vendidos. O disco foi indicado para ‘Melhor Performance de Metal’ no Grammy Awards de 1993. Já a faixa-título ganhou o ‘Prêmio Genesis da Humane Society’ por aumentar a conscientização sobre questões de direitos dos animais. O grande sucesso em outros países pode ser confirmado com o Top 5 nas paradas no Reino Unido e na Nova Zelândia. Ele também entrou no Top 10 na parada de álbuns japonês e norueguês, e foi certificado com tripla platina no Canada, com 300.000 cópias vendidas.
Para divulgação foram lançados quatro singles/clipes com ótima repercussão e rotatividade nas MTVs pelo mundo. Foram eles: “Symphony of Destruction“; “Foreclosure of a Dream“; “Sweating Bullets” e “Skin o’ My Teeth“. A promoção do disco envolveu anúncios de capa inteira em revistas especializadas, chamadas curtas nas TVs e uma longa tour de shows. A primeira parte ainda em 1992 tendo como bandas de apoio Pantera, Suicidal Tendencies e White Zombie. Foi o headline do Festival Roskilde em Copenhague, Dinamarca, além de passar por diversos países do velho continente. Começam 1993 na estrada com o STP abrindo os shows nos EUA. Em junho de 1993, o Megadeth tocou no Milton Keynes National Bowl com Diamond Head, para logo depois fazer novamente as malas e rumar para a Europa como open-act dos shows do Iron Maiden e do Metallica. Depois de terminar sua turnê europeia, a banda iniciou uma nova pelos EUA, que terminou em 8 de dezembro de 1993.
Se lá fora “Countdown to Extinction” foi um sucesso, aqui não foi nada diferente. Os clipes foram bem divulgados pela MTV Brasil no programa Furia Metal e na programação normal também. As radio rock receberam bem músicas como “Symphony of Destruction” e “Foreclosure of a Dream“. A EMI lançou o trabalho nos formatos LP, K7 e CD. Comprei minha cópia, um CD, na loja Aqualung, na Galeria do Rock, em 3 de agosto de 1992. Várias promoções, anúncios e concursos foram veiculados em rádios, revistas especializadas como a Rock Brigade e até um conhecido fanzine carioca chamado Backstage, que estava na transformação para se tornar uma revista. A chamada no anúncio era assim: “Acabou a Eco 92! Começou a contagem regressiva para a extinção”. Vale dizer para quem não lembra ou nem sabe o que foi: A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, batizada como Eco-92, foi uma reunião de chefes de estado organizada pelas Nações Unidas e realizada de 3 a 14 de junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Seu objetivo foi debater os problemas ambientais mundiais.
Deu para perceber que “Countdown to Extinction” foi protagonista naqueles dias. O único senão foi a não inclusão do Brasil na tour de shows do álbum. O Megadeth que tinha se apresentado no Rock in Rio 2 em 1991, só regressaria ao nosso pais em 1994, já na tour do disco “Youthanasia”, para depois se tornar um cliente assíduo e nos visitar diversas outras vezes ao longo dos anos.
É um clássico, que marcou bem a linha que colocou a banda de Dave Mustaine com um pé dentro do mainstream, mas sempre mantendo o nível do som, que é o mais importante. Muitos chamam isso de evolução, outros de traição, não importa. As coisas, as pessoas mudam, e negar a qualidade de “Countdown to Extinction” é ser radical demais. Se for o seu caso, pega lá sua cópia de “So far, So Good… so What!” e OK – adoro esse disco também. Agora se quiser ouvir um excelente disco de heavy, coloca o volume no 11, aproveita os links lá no final da matéria e divirta-se. A banda estava no seu auge. Até a próxima.
Dados:
Lançamento: 14 de julho de 1992.
Selo: Capitol (EUA); EMI (Brasil).
Produção: Max Norman e Dave Mustaine.
Singles:
“Symphony of Destruction” lançado em 21 de julho 1992;
“Foreclosure of a Dream” lançado em 13 de outubro 1992;
“Sweating Bullets” lançado em 16 de fevereiro 1993;
“Skin o’ My Teeth” lançado em 12 de abril 1993;
Certificações:
– Canada, 3x disco de Platina (+300.000 cópias)
– Reino Unido, disco de Prata (+60.000 cópias)
– EUA, 3x disco de platina (+ 3.000.000 cópias)
Megadeth:
Dave Mustaine – lead vocals, lead and rhythm guitars
David Ellefson – bass, backing vocals
Marty Friedman – lead and rhythm guitars, acoustic guitar, backing vocals
Nick Menza – drums, backing vocals
Faixas:
1.”Skin o’ My Teeth”
2.”Symphony of Destruction”
3.”Architecture of Aggression”
4.”Foreclosure of a Dream”
5.”Sweating Bullets“
6.”This Was My Life”
7.”Countdown to Extinction”
8.”High Speed Dirt“
9.”Psychotron”
10.”Captive Honour”
11.”Ashes in Your Mouth“