Veja como foi a festa de lançamento em São Paulo.
Nesta sexta-feira (18), a banda mineira Traste lançou oficialmente seu novo álbum de estúdio, Rastros, Resquícios y Otras Cositas Más. Ontem, em um evento realizado no The Metal Bar, em Pinheiros, São Paulo, escutamos em primeira mão uma audição junto aos músicos. O disco, com 13 faixas lançadas pela Psywar Records, marca um novo momento na trajetória do trio, que aposta em uma sonoridade intensa, crítica e politizada.
Criada em 2013 em Juiz de Fora (MG), a Traste é formada por Guilherme Melich (voz e guitarra), Victor Polato (baixo e voz) e Felipe Spinelli (bateria). O projeto do novo álbum começou no ano passado, com o lançamento do single “Sete Palmos e Meio”, seguido por “MM’s” e a densa “Pietà”.
Durante a festa de lançamento, além da audição, o público pôde conferir o novo merchandising da banda, totalmente desenhado por Guilherme Melich. Entre os produtos originais estão toucas, camisetas e até sedas personalizadas e com referências as músicas — todos com design autoral que reforça a identidade estética do grupo.
Misturando hardcore, punk, stoner e sludge, Rastros, Resquícios y Otras Cositas Más aposta em uma estética sonora propositalmente crua, suja e instável. A sensação de colapso iminente percorre todo o álbum, que se sustenta na tensão entre caos e crítica social.
Em uma conversa com o HeadBangers Brasil, o baixista Victor Polato explicou que algumas faixas foram reaproveitadas de lançamentos anteriores, agora com nova produção e mixagem voltadas também para prensagens em vinil. Já outras ganharam nova roupagem com a entrada do músico na banda. “Essas versões têm outra cara e intensidade. Faixas como ‘Canto ao Câncer’ e ‘Estelar’ vêm do nosso segundo EP e ganham nova vida aqui. Já ‘Raspa de Cipó’ e ‘Tudo É Marketing’ são do Retalhos, nosso EP anterior”, afirmou.
O vocalista Guilherme Melich complementa: “De certa forma, é um apanhado de nossa história como banda, que reúne elementos importantes de toda nossa trajetória. As raízes hardcore punk preservadas, mas com aquele flerte constante com o stoner e com sons mais extremos”
Entre os destaques do álbum estão músicas que abordam temas como o corpo, a cultura de consumo e a política nacional. Em “Brasília do Pedrocks”, a banda ataca diretamente o cenário político com ironia e agressividade. Já “Tudo É Marketing” escancara a superficialidade das relações contemporâneas e o culto à imagem.
A faixa de abertura, “Sete Palmos e Meio”, funciona como um manifesto de resistência. Com riffs acelerados e vocais gritados, a letra traz versos como: “Persistir enquanto posso / Desistir, jamais!”, resumindo o espírito do álbum.
Outra faixa marcante é “Pietà”, que ressignifica a figura religiosa da mãe que chora o filho ao abordar o luto de vítimas de guerras e violências sociais. A sonoridade arrastada e sombria dialoga com o videoclipe em preto e branco, carregado de simbologia e direção cuidadosa. A produção audiovisual, como em todo o disco, reforça o caráter autoral da banda.
A preocupação com o visual sempre acompanhou a trajetória da Traste, mas em Rastros, Resquícios y Otras Cositas Más essa linguagem atinge novo patamar. Os videoclipes lançados para os singles mantêm o tom cru e politizado da música, e ajudam a consolidar a banda como um projeto que une som, imagem e discurso.
Essa coerência estética se reflete também na arte dos produtos, na identidade gráfica dos lançamentos e na postura da banda nas redes.
Gravado em Juiz de Fora, o álbum tem produção assinada por Tierez Oliveira e masterização internacional de Chris Hanzsek, conhecido por trabalhos com nomes do underground americano. O resultado é um disco que soa como ferrugem: bruto, direto, sincero.
Com mais de uma década de atividade, a Traste reafirma sua posição como um dos nomes mais relevantes da cena independente nacional, unindo identidade visual forte e uma discografia coerente. O trio entrega um trabalho maduro, provocador — e impossível de ignorar.
ESCUTE: “Rastros, resquícios y otras cositas mas”
Acompanhe Traste nas redes sociais: https://instagram.com/trasteoficial
Gênero: Hardcore Punk
Selo: Psywar Records
Tracklist:
1 – Sete Palmos e Meio
2 – Cabeça de Papel
3 – Pietá
4 – Canto ao Câncer
5 – Estelar
6 – Velhos Quintais
7 – Tudo é Marketing
8 – Raspa de Cipó
9 – MM’s
10 – Brasília do Pedrocks
11 – Dois Gumes
12 – Pseudo crentes
13 – The devil (made me do it)
Produção e gravação: Tierez Oliveira na Rise Together Studio (Juiz de Fora, MG)
Mixagem: Tierez Oliveira
Masterização: Chris Hanzsek, no Hanzsek Audio (EUA)
Arte da Capa: Guilherme Melich
Fotografia: Clarice Carneiro
Formação:
Guilherme Melich (Guina) – voz e guitarra
Victor Polato – baixo e voz
Felipe Spinelli (Fil) – Bateria
