02.08.2025 – O Último dia do maior festival do mundo.

O sábado amanheceu cinzento, com chuva fina caindo sobre o solo enlameado do Wacken. A cada passo em direção ao festival sentíamos o cheiro da terra molhada e o frio úmido no rosto, mas a eletricidade no ar superava tudo. Era impossível não sorrir, reviver cada momento vivido nos dias anteriores e sentir aquela alegria intensa de estar no solo sagrado do Metal — mesmo que uma pontinha de tristeza lembrasse que o festival estava chegando ao fim.
O dia começou no Faster Stage com Trollfest, que trouxe seu humor irreverente e folk metal contagiante. Pulávamos e cantávamos junto com milhares de fãs, entre “Trolltramp” e “Bukkene Bruse”, criando aquele carnaval de caos e alegria que só o Wacken oferece.

Quando O Mastodon subiu ao palco, a atmosfera ficou mais intensa. “Blood and Thunder” cortava o vento frio, e cada riff pesado parecia aquecer corpos e almas. Pulando e cantando, trocávamos olhares sobre a perfeição de cada acorde, e quando tocaram “Oblivion”, a chuva e a lama pareciam dançar junto com a música, envolvendo a multidão em uma experiência quase hipnótica.

À noite, Within Temptation transformou o palco em espetáculo cinematográfico. Luzes refletiam nas gotas de chuva, a multidão cantava em uníssono, e músicas como “Mother Earth” e “Stand My Ground” criavam uma atmosfera mágica. Entre uma música e outra, sentíamos o frio na pele, mas a energia coletiva nos mantinha aquecidas.

O encerramento do Faster Stage ficou por conta de Machine Head, que fez o chão tremer com “Imperium” e “Davidian”. Lama, chuva e suor se misturavam em uma explosão de adrenalina pura, e todos ao redor compartilhavam aquela sensação de euforia completa.

No Harder Stage, Floor Jansen emocionou com sua presença imponente e voz cristalina, tocando o público com “Ghost Love Score” e “Élan”. Poucos momentos nos faziam sentir tão conectadas com cada pessoa ao redor, mesmo em meio ao frio e à chuva.

Em seguida, W.A.S.P. trouxe o peso do heavy metal clássico, com riffs poderosos, solos marcantes e a teatralidade de Blackie Lawless. “I Wanna Be Somebody” e “L.O.V.E. Machine” incendiaram a multidão, que cantava junto e levantava punhos no ar, criando uma energia elétrica que se espalhava pelo festival.


Na sequência, o Gojira mergulhou o palco em atmosferas densas e complexas. O death metal progressivo de “Flying Whales” e “Stranded” fez o chão tremer, enquanto o público respondia com headbanging sincronizado. Cada riff e batida de bateria parecia dialogar com a chuva e a lama, como se todos fossem uma única entidade conectada ao Metal.

Enquanto isso, no Louder Stage, Destruction elevou o thrash metal a outro nível, com “Mad Butcher” e “Nailed to the Cross”. Logo depois, Decapitated trouxe “Spheres of Madness” e “Homo Sum”, mantendo a multidão totalmente imersa, com chuva pingando no rosto e lama grudando nas botas.

Na mesma sequência, Obituary despejou todo o peso do death metal clássico em “Redneck Stomp”, “By the Light” e “Slowly We Rot”. O público cantava e batia cabeça em perfeita sintonia — foi simplesmente demolidor!

O encerramento do Louder Stage ficou nas mãos do lendário King Diamond, que trouxe ao Wacken não apenas um show, mas um verdadeiro espetáculo teatral de horror e heavy metal. O palco foi transformado em um cenário sombrio, com candelabros, vitrais góticos, cruzes invertidas e a tradicional boneca demoníaca do cantor. Assim que as cortinas se abriram, a plateia foi tomada pelo grito agudo inconfundível do vocalista, provando que, mesmo após tantos anos, sua voz segue intacta e cortante. Empunhando o microfone em forma de cruz invertida feita de ossos, King conduziu a multidão como um mestre de cerimônias do oculto.
Entre os momentos mais marcantes estiveram “Welcome Home”, acompanhada da aparição teatral de Grandma no palco — quando o vocalista brincou dizendo que a “avó na cadeira de rodas” poderia interagir com os presentes no backstage após o show —, e a poderosa “Halloween”, que fez o público cantar em coro em meio a efeitos visuais de abóboras iluminadas.
A homenagem a Ozzy Osbourne veio com a execução de “Masquerade of Madness”, recebida com emoção pela plateia. A clássica “The Family Ghost”, com iluminação dramática em tons vermelhos e verdes, trouxe ainda mais peso ritualístico à apresentação. O grande ápice chegou com “Abigail”, talvez sua obra-prima, que encerrou o set de forma arrebatadora, levando fãs a lágrimas e gritos, em celebração a um dos álbuns mais cultuados do metal. Mesmo no caminho de volta para os acampamentos, a energia daquela apresentação permanecia viva em todos nós.

Um dos momentos mais marcantes do dia foi o anúncio das atrações do Wacken 2026, acompanhado de um impressionante show de drones no céu. Def Leppard, In Flames, Powerwolf, Savatage e Nevermore foram os primeiros confirmados, enquanto drones desenhavam logotipos e mensagens de boas-vindas, refletindo nas gotas de chuva. A grandiosidade do Wacken se fez sentir de maneira única, lembrando a dimensão global e a magia do festival.
Pelas áreas do Wacken United, o clima era de despedida e gratidão. Profissionais de imprensa de todo o mundo se
abraçavam, trocavam agradecimentos e comemoravam a oportunidade de levar para seus países a experiência viva do maior festival de Metal do mundo. Nós, da Headbangers Brasil, sentimos profunda gratidão por estar mais uma vez registrando cada riff, cada grito e cada salto no lamaçal. Já sonhamos com 2026 e cada detalhe que ele trará.
Sob o céu escuro, iluminado por holofotes e drones, sorrimos uma para a outra — sujas, cansadas, mas completamente vivas. O Wacken 2025 terminou épico, intenso e inesquecível: uma celebração de tudo que o Metal representa e a certeza de que o espírito do festival nunca termina, apenas se prepara para voltar ainda mais forte.
Obrigado, Wacken, por nos acolher novamente este ano. É sempre uma honra para a Headbangers Brasil estar presente no maior espetáculo de Heavy Metal do planeta. 2026, nos aguarde — rain or shine!
TEXTO POR CINDY SEIDEL e CAMMY MARINO
FOTOS POR WACKEN OPEN AIR e CINDY SEIDEL





