Nesse decorrer de mais de uma década acompanhando bandas que pipocam todos os dias, de novos estilos, de novas promessas, de músicas que chegam e batem no ouvido e as vezes passam despercebidas, outras nem tanto, que ficam pelo caminho e também há sempre aquelas que desde muito novo nos acompanham, talvez não com aquele mesmo impacto conforme vamos ganhando novos anos, mas com seu lugar separado, que quando toca essa mesma música, te faz pensar, “opa, conheço isso aí e conheço bem”.
A primeira fixação que tive por uma banda foi com o Nirvana, era incrível ouvir aquela voz rouca, ver aquela loucura de Kurt no palco, a quebradeira no fim de show, tudo era mágico e novo para mim, ainda à época com 15 anos.
Mas antes de “Come As You Are” causar um impacto em mim que mudaria os rumos musicais da minha vida para sempre, uma outra melodia que todas as tardes tocava na casa de um vizinho me enchia os ouvidos. Me cativava e me fazia curioso em descobrir do que se tratava e era “In the End“, que só vim a descobrir tempos depois numa conversa aleatória na 5° série, onde um amigo disse ter o CD da banda e com essa música. Peguei o CD e uma leve decepção me bateu, era o “Reanimation“, e a versão da música ali não era a que eu ouvia, não me cativou da mesma forma, então numa época em que acesso à essas coisas não eram tão simples como hoje e por morar em cidade pequena, levei um tempo até conseguir achar o disco que queria, até descobrir que um outro amigo tinha uma cópia, paguei pelo CD em versão pirata ainda e finalmente consegui o “Hybrid Theory“. Ali sim estava a versão que eu queria e muito mais, descobri a banda que me identifiquei, que me ganhou com aqueles berros, sem nem saber do que se tratavam até então, do que de fato eles estavam transmitindo, mas eram mágicos e me arrebatavam a cada audição. E que mágico foi quando vi o vídeo da canção pela primeira vez no programa “A Cor do Som“, do canal Rede Minas, ainda na época em que gravar clipes em VHS era legal.
Eu adotei aquela banda como preferida e logo ela ganhou o espaço que o Nirvana tinha, e foi além. Queria tudo que fosse possível com o nome Linkin Park, camisetas, pôsteres, revistas, tudo. Me vestia igual aquela figura central, de cabelos verdes na época, sempre com um óculos escuros no rosto e calça larga, era a imagem que eu quis imitar, que eu quis reproduzir e assim foi, me sentia o próprio Chester Bennington com o controle remoto na mão em frente à TV e berrando suas músicas enquanto o dvd de “Live in Texas” rolava.
O tempo passou, a banda se enveredou por outros caminhos e eu também, acabou ficando de lado, separamos nossa trajetória, já não tinha a visão daqueles mesmos olhos dos 15 anos, mas suas músicas ainda continuavam na playlist, e sempre rolava algo, ainda tinha várias deles como preferidas.
Enfim, há três anos atrás, no dia 20 de julho de 2017, me deparo com a triste notícia que o mesmo Chester Bennington tinha ido embora, tinha perdido a longa batalha que sempre travou, se entregou e foi embora, dizendo alguns adeus entrelinhas em seu último disco, ele se foi. De um forma bastante trágica, triste e deixando o mundo um pouco mais quieto, um pouco mais órfão. Era o ídolo de uma geração toda, aquela dos anos 2000 indo embora muito cedo.
Chester se foi, mas deixou uma legião de fãs pelo mundo, alguns já saudosistas e agora mais velhos, mas que ainda tinham respeito pela figura daquela fase. Conseguiu se consagrar, esteve à frente de uma de suas bandas favoritas, o Stone Temple Pilots, deu voz aqueles jovens, fez história no rock, mesmo sendo o vocalista da “banda modinha”, mas quem se importa? Fosse no Linkin Park, Dead by Sunrise, STP ou no Grey Daze, ele sabia o que queria fazer e fazia muito bem.
Ali foi a primeira perda que tive nesse nível, mesmo a partida de Chris Cornell, alguns meses antes também tenha sido sentida, mas não dessa forma, de algo que fez realmente parte de mim e isso viria acontecer novamente dois anos depois, com a partida de Andre Matos. Naquele dia 20 de julho, Chester se foi e levou junto um pedaço da minha formação, da minha juventude, foi doído, ainda dói, a gente nunca supera de fato não é?!
Mas, agora ele está em paz e deve estar fazendo muitos duetos em algum lugar ao lado de Cornell. Que esteja bem e encontre o que a vida aqui não pode dar à ele, descanse em paz Chester, sua falta aqui é irreparável, mas sua história está conosco, faz parte da minha e para sempre lhe seremos gratos.