Nada de novo no front – Texto por Diogo Franco

Bandas cristãs (ou de White Metal, se preferirem), fazendo rock pesado e veloz não é necessariamente uma novidade para amantes de Heavy Metal. Há os que não conseguem ouvir, visto que temáticas bíblicas não são muito bem aceitas por todos e há aqueles que não se importam tanto com a temática e avaliam os aspectos sonoros, a qualidade do trabalho e principalmente, se a música apresentada lhes toca de verdade.

O Allos é uma banda mineira de Belo Horizonte, que faz um Power Metal com pitadas de progressivo, como se fosse um mutante meio Dream Theater meio Stratovarius, com pitadas de Thrash e alguns corais sinfônicos pra dar o toque apocalíptico característico. A produção é maravilhosa, os músicos são estupendos e os arranjos são intrincados e complexos. O maior problema aqui é que as canções soam muito parcidas entre si, sem variação de timbres, especialmente nas guitarras e no baixo (pesadíssimo e muito técnico por sinal). Por exemplo, Tele Visione Of Reality é uma canção que impressiona pela parte técnica, mas soa como um amontoado de clichês, parecendo uma colcha de retalhos que foi costurada por Michael Romeo e John Myung.

Essa música foi lançada como single, ao lado de All Your Days (uma poderosa semi balada prog que lembra os melhores momentos do Queensryche) e Letter From Heaven, essa sim uma balada tocante e emotiva com um solo pra lá de emocionante, o que nos deixa com a sensação de que se investissem num lado mais melódico soariam mais agradáveis. Não há porque criticar uma banda por soar pesada, pelo contrário. A questão aqui é soar de forma pretensiosa e esquecível, já que ao ouvir todo o disco temos a impressão de já termos escutado tudo isso em outros álbuns, de outras bandas, e ao final, nenhuma melodia permanecer na mente por mais do que 2 minutos. A ausência de refrães marcantes torna esse álbum uma experiência que demanda uma atenção surreal do ouvinte, pois não prende a atenção da maneira que esperamos.

Pra não dizer que tudo é ruim (porque de fato não é), Suffering & Evil tem um vocal potente e instrumental preciso, com destaque para a bateria de Wallace Ryan, cheia de peso, bumbos duplos e tudo mais que o estilo pede. Inhuman Mind é curiosa, com teclados sinfônicos e destaque para os vocais limpíssimos de Celso Alves, que canta como se declamasse um poema (deixando clara sua influência clássica nas composições).

Se a originalidade não é bem o forte desse trabalho, as letras são um ponto positivo. Com temas versando sobre  destruição, colapso global e logicamente, a esperança de salvação, é um prato cheio pra quem curte temas atuais e apocalípticos, teorias da conspiração, etc… No geral, fica a sensação de que poderia ser um álbum melhor, mais coeso e mais atraente pro tipo de público a que se propõem.

Nota 3,5