Fala, galera, tudo certo? Biel Furlaneto na área, e hoje eu venho com um Além do Óbvio tão previsível quanto o andamento das músicas do AC/DC, que recentemente anunciou shows no Brasil e esgotou três noites no Morumbi. Foram mais de 200 mil ingressos vendidos em pouco mais de quatro horas.
Brincadeiras à parte, eu preciso dizer que este é um “AdO” no mínimo curioso, pois pela primeira vez estou falando de uma banda que eu declaradamente não curto tanto assim. Ainda assim, foi extremamente prazeroso mergulhar nesse universo de faixas lado B para trazer esta edição do Além do Óbvio.
Vamos lá?
Soul Stripper — Jailbreak (1974)
Começando com uma da fase Bon Scott, abrimos com linha de baixo e bateria bem marcadas, enquanto o riff de guitarra se destaca. Em seguida, uma guitarra bluesy assume o protagonismo. Muito groove e quase dois minutos de instrumental delicioso até o vocal entrar. Refrão característico, com o nome da música repetido, também está presente.
Ride On — Dirty Deeds Done Dirt Cheap (1976)
Quem disse que o AC/DC é tudo igual? Tá, fui eu. Mas aqui temos algo completamente diferente. Nada de refrões de estádio, riffs acelerados e Angus pulando de shortinho. Aqui encontramos melancolia pura. Uma balada que te faz imaginar desabafando com o garçom em algum bar dos anos 70 enquanto toma um bom whisky. Vale demais a audição.
You Ain’t Got a Hold on Me — Jailbreak (1974)
Mais uma faixa de clima menos festivo. Vale lembrar que o AC/DC com Bon apresenta nuances bem distintas do hard rock da fase Brian Johnson. Não chega a ser tão sentimental quanto a anterior, mas traz um tom mais ameno em comparação ao restante da discografia, com um riff bem mais limpo que o habitual. Certamente merece atenção.
Night of the Long Knives — For Those About to Rock (We Salute You) (1981)
Agora temos algo mais próximo do que consagrou os australianos, mas com diferenças importantes. Você provavelmente conhece a faixa-título do álbum, cheia de pompa e certa dramaticidade. Se você sempre ouviu o disco esperando o disparo dos canhões, experimente ouvir esta com calma. Direta e envolvente.
Rock N Roll Dream — Black Ice (2008)
Outra balada, quem diria? Apesar de ganhar intensidade no refrão, segue sendo uma música mais lenta. Não chega a ser romântica, mas é lenta nos padrões do AC/DC, com guitarra marcada e cozinha em total sintonia. Interessante notar a voz mais madura de Brian, já que este é um álbum do século XXI.
Kicked in the Teeth — Powerage (1978)
Logo de início, Bon surge gritando sozinho, sem banda, como quem perde a paciência e resolve colocar tudo para fora. Sem introdução, sem preparação. De repente tudo explode e temos uma faixa extremamente poderosa. Refrão usando o nome da música, como de costume. E ainda sobra tempo para mais um solo incrível.
Two’s Up — Blow Up Your Video (1988)
Quase uma Shot in the Dark. Essa foi minha impressão ao ouvir o começo. Interessante ouvir Brian cantando com voz um pouco mais limpa nos versos, especialmente para quem está acostumado a músicas como Back in Black. Me parece uma estrutura um pouco menos simples que a fórmula tradicional da banda.
Burnin’ Alive — Ballbreaker (1995)
A faixa começa rasteira, quase silenciosa, como se você estivesse caminhando num beco vazio sentindo algo estranho no ar. Angus solta acordes isolados, tensos, e a bateria anda na ponta dos pés. O clima misterioso do início prende a atenção antes de tudo voltar ao lugar. A guitarra remete mais ao blues dos anos 70 do que ao rock de arena dos anos 80, e isso em plena década do grunge.
Overdose — Let There Be Rock (1977)
Overdose é o AC/DC mergulhando no blues dramático de coração partido, sem abandonar a sujeira, o sarcasmo e a energia bruta. Começa lenta, arrastada, quase bêbada, e vai esquentando aos poucos. Quando o riff cresce, parece que o chão treme. Vira um turbilhão de guitarras e intensidade, paixão transformada em tempestade elétrica.
First Blood — Fly on the Wall (1985)
Escolhi encerrar com esta por um motivo. Como eu não sou fã da banda, não tenho certos vícios. Quando falam desse disco, muita gente considera o mais fraco da banda. Ao ouvir esta faixa, achei bastante interessante. O riff familiar e o refrão de arena continuam ali, como em tantos sucessos, mas isso não é necessariamente ruim. Riff seco, bateria mais direta, vocal rasgado e um solo incrível no meio de tudo.
E aí, o que achou do Alem do Obvio do AC/DC? Conta tudo pra gente aqui nos comentários!
