O Sodom, formado em 1981 na cidade de Gelsenkirchen, Alemanha, é uma das bandas pioneiras do Thrash Metal, ao lado de nomes como Kreator e Destruction. Com uma carreira sólida, a banda lançou dezessete álbuns de estúdio, sendo o mais recente “Genesis XIX” em 2020.

Hoje, 21 de março de 2025, o Sodom se apresenta em São Paulo no festival Março Maldito, que acontece no Carioca Club – Pinheiros. Este evento reúne bandas importantes do metal underground mundial, proporcionando uma noite memorável para os fãs do gênero.

Outras bandas do lineup:

Bewitched (Suécia): Conhecida por sua explosiva fusão de black/thrash metal com influências do metal tradicional, esta é a primeira apresentação da banda no Brasil.

Desaster (Alemanha): Veteranos da cena, o Desaster é um nome familiar para os headbangers brasileiros, trazendo seu som agressivo e enérgico aos palcos do festival.

Sacramentum (Suécia): Após uma performance marcante no setembro Negro de 2023, a banda retorna ao país, prometendo mais uma apresentação brutal.

The Black Spade (Brasil): Representando a cena nacional, os guerreiros do The Black Spade abrem o festival, mostrando a força do metal brasileiro.

A partir de agora, apresento a vocês a discografia comentada do Sodom, destacando os álbuns de estúdio.

In the Sign of Evil (1984) – O nascimento do Sodom

O EP “In the Sign of Evil” é um dos lançamentos mais importantes da história do black/thrash metal. Lançado em 1984, ele ajudou a definir a sonoridade extrema que inspiraria tanto o black metal norueguês quanto o thrash metal mais agressivo.

Esse trabalho apresenta uma sonoridade crua, caótica e satânica, diretamente influenciada pelo Venom e pelo Motörhead, mas com um toque ainda mais sombrio. A produção é primitiva, com guitarras barulhentas, bateria descontrolada e vocais diabólicos de Tom Angelripper, criando um clima obscuro e violento.

A capa do disco apresenta “Knarrenheinz”, o icônico mascote da banda, que se tornaria uma figura recorrente na arte dos álbuns seguintes.

O “In the Sign of Evil” continua sendo um dos discos mais cultuados do metal extremo e um verdadeiro marco para o thrash metal underground

Faixas de destaque: “Blasphemer”, “Witching Metal”, “Sepulchral Voice”.

“Obsessed by Cruelty” (1986) – O primeiro full-length

O álbum de estreia do Sodom ainda trazia fortes influências do black metal e do Venom. As músicas são caóticas, a produção é suja, e a banda parecia mais preocupada com a agressividade do que com a técnica. Isso fez com que o disco se tornasse um dos pilares do black/thrash, influenciando o que viria a ser o black metal norueguês.

Curiosamente, “Obsessed by Cruelty” foi gravado duas vezes: a versão europeia foi registrada no estúdio Hilpoltstein, enquanto a versão americana foi regravada nos estúdios Berlin Music Lab. Essa segunda versão é mais rápida e tem uma produção um pouco melhor.

Faixas de destaque: “Deathlike Silence”, “Obsessed by Cruelty”, “Proselytism Real”

Persecution Mania (1987) – A evolução do som

A entrada de Frank Blackfire na guitarra mudou a cara do Sodom. Este álbum é muito mais técnico que o anterior, trazendo um thrash metal mais bem trabalhado e riffs memoráveis. Além disso, as letras começam a abordar temas de guerra, um elemento que se tornaria característico do Sodom.

A faixa de abertura, “Nuclear Winter”, já demonstra que a banda havia evoluído, com uma bateria mais precisa e riffs bem encaixados. “Electrocution” e “Christ Passion” seguem essa linha. Já o cover de “Iron Fist”, do Motörhead, mostra a influência de Lemmy na sonoridade do Sodom.

Faixas de destaque: “Nuclear Winter”, “Electrocution”, “Iron Fist”

Agent Orange (1989) – O clássico absoluto

Este é o álbum mais clássico do Sodom e um dos marcos do thrash metal mundial. A produção está no ponto certo: suja, mas ainda audível, permitindo que os riffs cortantes de Frank Blackfire brilhem.

A faixa-título, “Agent Orange”, fala sobre os horrores da Guerra do Vietnã e se tornou um dos maiores hinos da banda. “Remember the Fallen” aborda soldados mortos em combate, enquanto “Exhibition Bout” e “Tired and Red” mostram a versatilidade do grupo.

Este álbum foi um dos primeiros de thrash metal a entrar nas paradas alemãs, provando que o Sodom havia se tornado uma das bandas mais importantes do estilo.

Faixas de destaque: “Agent Orange”, “Remember the Fallen”, “Tired and Red”

Better Off Dead (1990) – Melodia sem perder o peso

Aqui, o Sodom começou a explorar um som mais polido, com produção melhor e músicas um pouco mais acessíveis, sem perder a agressividade. O álbum continua abordando temas de guerra e destruição, com faixas marcantes como “The Saw Is the Law”, que se tornou um hino da banda.

“An Eye for an Eye” traz um dos melhores riffs do disco, enquanto “Shellfire Defense” e “Bloodtrails” seguem o padrão pesado do álbum anterior. A banda também inclui um cover de “Cold Sweat”, do Thin Lizzy, mostrando suas influências.

Faixas de destaque: “The Saw Is the Law”, “An Eye for an Eye”, “Shellfire Defense”

Tapping the Vein (1992) – O ápice da brutalidade

Este é o álbum mais brutal do Sodom. Aqui, a banda flerta com o death metal, principalmente nos vocais de Tom Angelripper, que estão mais guturais e agressivos do que nunca.

A faixa de abertura, “Body Parts”, já mostra que o disco é um verdadeiro massacre sonoro. “Skinned Alive” e “Reincarnation” são rápidas e impiedosas. “Wachturm” é uma curiosidade, pois tem letras em alemão, algo incomum na época.

Faixas de destaque: “Body Parts”, “Skinned Alive”, “Reincarnation”

Get What You Deserve (1994) – O Sodom flertando com o hardcore

Aqui, o Sodom passa por uma mudança radical, incorporando elementos de punk e hardcore. As músicas são curtas, diretas e com uma produção mais suja.

A faixa-título “Get What You Deserve” já mostra esse novo direcionamento, assim como “Jesus Screamer” e “Die Stumme Ursel”. Apesar da mudança de estilo, o álbum ainda tem momentos thrash, como “Sodomized”.

Faixas de destaque: “Get What You Deserve”, “Jesus Screamer”, “Sodomized”

Masquerade in Blood (1995) – Um dos discos mais injustiçados da banda

Seguindo a linha do disco anterior, “Masquerade in Blood” mantém as influências punk, mas também adiciona um toque de groove metal.

Músicas como “Scum”, “Hydrophobia” e “Fields of Honour” mostram essa fusão de estilos. Apesar de não ser um dos discos mais amados pelos fãs, ele mantém a identidade agressiva da banda.

Faixas de destaque: “Scum”, “Hydrophobia”, “Fields of Honour”

Til Death Do Us Unite (1997) – Uma fase de transição

Depois da fase mais punk e groove dos anos 90, o Sodom voltou a um som mais thrash metal, ainda mantendo algumas influências mais diretas. A capa do álbum chamou atenção, mostrando um homem obeso e uma mulher grávida tocando suas barrigas, algo que gerou controvérsia na época.

O álbum equilibra faixas rápidas e agressivas com algumas composições mais cadenciadas. “Frozen Screams” é um dos destaques, trazendo um riff envolvente e vocais de Tom mais ferozes. “Fuck the Police”, uma música com forte pegada punk, virou um hino de rebeldia nos shows. Outras faixas, como “Hanging Judge” e “Gisela”, também apresentam ótimos momentos de peso e velocidade.

Faixas de destaque: “Frozen Screams”, “Fuck the Police”, “Hanging Judge”

Code Red (1999) – O retorno à brutalidade

Com a chegada do guitarrista Berneman e do baterista Bobby no disco anterior, o Sodom retomou seu estilo thrash metal clássico, abandonando de vez as experimentações anteriores. Esse álbum é uma volta às raízes, com um som rápido, direto e violento.

A faixa-título, “Code Red”, já começa com tudo, trazendo uma pegada intensa e uma das performances vocais mais agressivas de Tom. “Tombstone” e “What Hell Can Create” são exemplos da pegada old school que permeia o disco. A produção é mais limpa, permitindo que os riffs se destaquem mais.

Faixas de destaque: “Code Red”, “Tombstone”, “Spiritual Demise”

M-16 (2001) – O conceito de guerra

Esse álbum conceitual aborda a Guerra do Vietnã e é um dos trabalhos mais marcantes da banda nos anos 2000. A sonoridade aqui está mais elaborada, combinando momentos extremamente rápidos com passagens mais cadenciadas, criando uma atmosfera de batalha.

A introdução de “Napalm in the Morning”, com helicópteros e explosões, já coloca o ouvinte no clima do álbum. “Among the Weirdcong” e “Cannon Fodder” são agressivas e bem construídas. “Marines” e “Minejumper” também se destacam pela precisão dos riffs.

Faixas de destaque: “Napalm in the Morning”, “Cannon Fodder”, “Marines”

Sodom (2006) – Retorno às raízes

O álbum autointitulado traz uma banda renovada e muito pesada. Com uma produção mais moderna, o som é extremamente agressivo, mas sem perder o feeling do thrash old school.

“Blood on Your Lips” é uma faixa brutal que mostra a energia do disco. “City of God” tem um dos melhores riffs da fase moderna da banda e é especial para os fãns brasileiros pois fala do filme Cidade De Deus. “Lords of Depravity” e “Bibles and Guns” também são destaques, trazendo letras pesadas e instrumentais afiadas.

Faixas de destaque: “Blood on Your Lips”, “City of God”, “Lords of Depravity”

The Final Sign of Evil (2007) – O retorno da formação original

Em 2007, o Sodom surpreendeu os fãs ao reunir a formação original — Tom Angelripper (baixo/vocal), Grave Violator (guitarra) e Chris Witchhunter (bateria) — para regravar e expandir o lendário EP In the Sign of Evil (1984). O resultado foi The Final Sign of Evil, um álbum que não apenas regravou as cinco faixas originais, mas também incluiu músicas inéditas que haviam sido compostas na mesma época, mas nunca lançadas.

A produção manteve uma sonoridade crua e sombria, respeitando o espírito primitivo do EP original, mas com um som mais encorpado. No entanto, a execução não teve o mesmo impacto feroz do passado, devido às limitações técnicas e à passagem do tempo, o que dividiu opiniões entre os fãs.

Infelizmente, esta reunião foi apenas para as gravações, sem planos de seguir adiante com essa formação. Pouco tempo depois, em 2008, Chris Witchhunter faleceu aos 42 anos, marcando o fim definitivo dessa era do Sodom. Seu legado, no entanto, permanece imortalizado tanto nas gravações clássicas quanto nesta última colaboração com a banda que ajudou a fundar.

Faixas de destaque: “Blasphemer”, “Witching Metal”, “Sons of Hell”

In War and Pieces (2010) – Peso e técnica equilibrados

Esse álbum mostra um Sodom moderno e afiado. A produção de Andy Sneap (famoso por trabalhar com Judas Priest e Megadeth) deixa o som mais limpo e poderoso.

“In War and Pieces”, a faixa-título, traz um riff marcante e um refrão forte. “Hellfire” e “Through Toxic Veins” são rápidas e diretas. Já “Knarrenheinz”, uma música sobre o mascote da banda, se tornou um dos momentos mais aguardados dos shows.

Faixas de destaque: “In War and Pieces”, “Hellfire”, “Knarrenheinz”

Epitome of torture (2013) – Sodom afiando as lâminas

Mantendo a linha do álbum anterior, este disco é pesado e técnico, mas sem perder a agressividade. A banda explora temas de tortura, guerra e violência, trazendo um álbum intenso do começo ao fim.

Destaques incluem “S.O.D.O.M.”, uma música que celebra a história da banda, e “My Final Bullet”, que tem uma pegada melancólica e reflexiva, algo raro no Sodom. “Stigmatized” e “Into the Skies of War” são outros pontos altos.

Faixas de destaque: “S.O.D.O.M.”, “My Final Bullet”, “Stigmatized”

Decision Day (2016) – O Sodom renovado

O Sodom mantém sua energia com um álbum que fala sobre guerras e crises mundiais. O disco tem um som encorpado e letras que abordam desde eventos históricos até distopias políticas.

Destaques incluem “Rolling Thunder”, “Caligula” e “Belligerence”, que mostram a banda ainda afiada e relevante no thrash metal.

Faixas de destaque: “Rolling Thunder”, “Caligula”, “Belligerence”

Genesis XIX (2020) – A volta ao som extremo

Este disco marca o retorno do guitarrista Frank Blackfire, trazendo o Sodom de volta às suas raízes. A produção é mais crua e orgânica, lembrando os clássicos dos anos 80.

A faixa de abertura, “Sodom & Gomorrah”, já chega esmagando, enquanto “Euthanasia” e “Indoctrination” mantêm o nível de agressividade no topo. “Friendly Fire” traz um dos riffs mais marcantes do disco.

Faixas de destaque: “Sodom & Gomorrah”, “Euthanasia”, “Friendly Fire”

40 Years at War – The Greatest Hell of Sodom (2022) – Comemorando quatro décadas de destruição

Esse é um álbum comemorativo que celebra os 40 anos do Sodom. Em vez de apenas lançar uma coletânea, a banda decidiu regravar uma música de cada um de seus álbuns, atualizando-as com a sonoridade moderna.

O resultado é uma viagem pela história do Sodom, com versões renovadas de clássicos como “Agent Orange”, “Nuclear Winter” e “Tired and Red”.

Faixas de destaque: “After the Deluge”, “Tired and Red”, “The Saw is the Law”

O Sodom continua sendo uma das bandas mais influentes do thrash metal, sempre mantendo sua agressividade e postura autêntica. Qual desses álbuns é o seu favorito?