Fala, galera, beleza?

Biel Furlaneto na área! Hoje vamos mergulhar no sombrio e fantasioso mundo do Halloween. Não vamos falar só de músicas sobre fantasmas ou monstrinhos, mas de canções com sonoridade intensa, desconfortável e arrepiante.

Chega de “alimentar o Frankenstein” da Tia Alice, de ter medo do escuro com o Maiden ou de ouvir a missa negra do Black Sabbath.

Abaixo, dez faixas para você ouvir e sentir aquele arrepio na nuca.

Trick or Treat? Bora lá!

King Diamond – The Possession (Abigail, 1987)

Não começaria essa lista com outro que não fosse o maior contador de histórias macabras do rock. O Rei Diamante narra a possessão que Miriam sofre pelo espírito de Abigail. Riffs rápidos e cortantes, bateria que parece uma metralhadora e os agudos inconfundíveis e inalcançáveis do lendário vocalista. Indispensável.

Blue Öyster Cult – Nosferatu (Spectress, 1977)

Conhecida principalmente por “Don’t Fear The Ripper”, a banda explora uma atmosfera densa e sombria. A música é inspirada diretamente na figura clássica do vampiro que dá nome à faixa. A letra não aborda terror explícito, mas relata a melancolia e a dor de ser imortal à força, basicamente condenado a assistir tudo o que ama desaparecer com o tempo. Destaque para a performance consternada do vocalista Buck Dharma.

Alice Cooper — Former Lee Warmer (Dada, 1983)

Recentemente, minha colega Nayara Sabino fez uma análise brilhante do obscuro álbum de Tia Alice (clique AQUI para conferir).

Alice não grita; ele envolve, quase como um narrador de contos de terror, conduzido por riffs de guitarra que aumentam a inquietação. A vibe claustrofóbica da faixa é agonizante: você sente o espaço apertado, o silêncio pesado e a iminência de algo acontecer.

Não é terror explícito, mas tem um tom profundamente macabro.

Type O Negative – All Hallows Eve (World Coming Down)

O vocal sussurra no início e se desespera depois, o baixo pulsa, e o instrumental arrastado evolui para um industrial intenso. Peter Steele rouba a cena completamente. Os teclados reforçam a sensação de transe que a música transmite. É uma canção que abraça a escuridão e mostra a beleza no que assusta.

The Cure — Lullaby (Disintegration, 1989)

Embora seja um dos grandes sucessos de Robert Smith e sua turma, essa faixa é Alem do Obvio porque poucos percebem sua vibe extremamente perturbadora.

Um terror psicológico sobre algo que você sabe que se aproxima e é inevitável. A voz sussurrante de Robert reforça o medo de ser descoberto pelo mal que ronda. A música prende você na cama do pesadelo, sem saída do medo invisível. O baixo pulsa como um coração acelerado, e as guitarras criam sombras que se movem sozinhas. É basicamente uma paralisia do sono em forma de canção.

W.A.S.P. – Kill Your Pretty Face (K.F.D., 1997)

Vou usar duas músicas da mesma banda, pois se complementam demais. Inclusive, fiz um Bom ou Bomba desse álbum subestimado, de onde tirei o texto das duas músicas (clique AQUI para conferir as outras).

A faixa é quase um filme de terror de seis minutos. A atmosfera assustadora desde o primeiro segundo é claustrofóbica. Você sente a respiração ofegar enquanto algo terrível se aproxima. Blackie sussurra, fala, canta, profana e aterroriza com maestria. Chris Holmes, Mike Duda e Stet Howland criam o clima dramático para que Lawless libere o demônio em um refrão desesperador e apoteótico. Uma das melhores da carreira da banda.

W.A.S.P. – The Horror (K.F.D., 1997)

Sonoramente, é a continuação de “Kill Your Pretty Face”, mas com mais intensidade. Não tem aquele ímã de terror absoluto, mas ainda é inquietante e ameaçadora. Nos oito minutos e meio, K.F.D. deixa de ser um álbum e se transforma em uma experiência psicológica. Risadas, sussurros, gemidos e trechos de Blackie recitando frases fragmentadas que parecem saídas de um sonho ou interrogatório:

KNEEL BEFORE THE HORROR! PIGS WILL DIE!!! KILL, FUCK, DIE! KILL, FUCK, DIE!! KILL, FUCK, DIE!!

Uma verdadeira epopeia na mente de um ser errático e demoníaco. O ato final de um grande filme de terror.

Black Sabbath – Lord of This World (Master of Reality, 1971)

Como deixar de fora uma das bandas com músicas mais assustadoras de todos os tempos? Não falaremos da faixa que dá nome a banda, mas de uma do terceiro álbum. O Sabbath era mestre em criar sons inquietantes.

O riff pesado de Iommi casa perfeitamente com o baixo ameaçador de Geezer Butler, e os vocais de Ozzy Osbourne, sempre desesperados, dão o tom. Lenta, escura e hipnótica, faz você sentir a música como um ritual sombrio. Não há monstros perseguindo ninguém; o horror é psicológico e existencial, como se uma força invisível manipulasse e dominasse sem que você percebesse.

Joy Division – Atmosphere

Ian Curtis é sinônimo de perturbação, inquietude e arrepio. O homem que viveu pouco personificou, como poucos, uma alma melancólica e aterrorizada. Em Atmosphere, a letra minimalista é poderosa, transmitindo solidão, luto e vazio absoluto. O terror é interno: uma crise existencial intensa que rondou a vida de Ian. A canção dá a sensação de caminhar por corredores silenciosos, cercado por algo invisível, um peso inexplicável.

Misfits – London Dungeon

A lendária banda de horror punk é figurinha carimbada no Halloween. O riff acelerado e cru, junto aos vocais gritados de Glenn Danzig, coloca você no meio de um pesadelo: corredores escuros, gritos e perigo iminente. Diferente das outras faixas, o terror aqui é real e visceral, como testemunhar cada horror descrito na música, que se torna ainda mais arrepiante ao saber que foi inspirada em uma experiência real de Danzig e Bobby Steele em uma prisão de Brixton, Londres. Rápida, intensa e fantástica, a trilha sonora perfeita para um Halloween sem sutilezas.

Bônus – Série: Hysteria!

Uma série de terror misturada com comédia e suspense dos anos 80 sobre o “Pânico Satânico” (Satanic Panic), que acompanha uma banda de amigos do ensino médio que finge se envolver com o ocultismo para ganhar fama, mas acaba envolvida em eventos sinistros.

É basicamente um Stranger Things lado B, mas com muito heavy metal. Prestem atenção nos nomes dos episódios, sempre homenageando alguma música da década em que a história se passa. Disponível no streaming da HBO Max.

E aí, curtiu o nosso Além do Óbvio temático? Conta pra gente o que mais quer ver por aqui!

Valeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu!