No feriado mais Carioca possível, no dia de São Jorge (Ogum pros mais “chegados”), aonde na cidade diversas Escolas de Samba fazem uma Feijoada, a cidade se veste de vermelho e é uma grande festa em diversos pontos da cidade, mas a Rider2 (antiga OnStage) preparou uma celebração completamente diferente para esse feriado tipicamente Carioca e colocou no Circo Voador o retorno de um dos maiores nomes do Hardcore Mundial, o Biohazard retornaria a cidade, mas agora com a sua formação original em palco e para a abertura, uma das maiores bandas de Rock dos anos 90, o Raimundos.

Bem, chegando ao Circo Voador, na Lapa Carioca, o clima de festa era nítido, várias rodas de Samba em homenagem ao dia, pessoas diversas na rua, mas em frente a casa mais clássica, um vazio estranho e eu já imaginaria o porquê, mas credencial pega, dei entrada na casa, que já estava com o palco pronto para a banda de abertura, o Raimundos, que entrou em palco às 20:00hr e Digão (guitarra e vocal), com seus companheiros subiram em palco, com um som falhando, já que a primeira música, Deixa Falar, a guitarra simplesmente não tocou, mas depois de resolvido, até que a qualidade melhorou, mas mesmo assim, sem pressão nenhuma. Foi extremamente triste ver a trilha sonora de tantos ali presentes, sendo tão mal recebido e pouquíssimo celebrado, muito por conta das recentes confusões e declarações dadas pelo próprio Digão, a algum tempo. O Hardcore não perdoa e cobra. E, pelo menos, ontem o Rio de Janeiro de um pagamento, pouca gente entrou no Circo para ver um show triste e pífio dessa que um dia foi uma das maiores do país e nem o setlist repleto de clássicos de outrora aqueceu o pouco público presente, que só respondeu com o “apelo” por parte da banda à Metallica (Creeping Death) e Slayer (Raining Blood), um triste final pra uma banda que lotou tantos estádios Brasil à fora.

Depois dessa abertura que foi mais um banho de água fria do que um aquecimento em si, o palco começa a ser desmontado e a querida DJ Cammy assume de novo os PA´s do Circo, tocando diversos clássicos do nosso cenário e eu vou ser sincero, se a Dj tivesse continuado a tocar somente, seria muito melhor do que aturar aquela hora de uma banda que está congelada no tempo, há tempos. Mas depois de pouco tempo, o palco do Circo Voador está pronto, uma checada no som da casa e é chegada a hora e com uma casa visivelmente mais cheia, porquê será né??

CAN YOU DIG IT? CAN YOU DIG IT!!! E é sobre esse berro que a banda, que com a sua formação clássica sobe ao palco, Billy “Bio” Graziadei (guitarra e vocal), Evan Seinfeld (baixo e vocal), Bobby Hambel (guitarra) e Danny Schuler (bateria) já chegam no palco sem pena tocando Urban Discipline, Shades Of Grey Tales From The Hard Side. Palavras serão completamente ínfimas para tentar passar pra vocês a força do Biohazard em palco, isso sim é uma banda de Hardcore. Enquanto Evan cantava no meio do palco, estapeando o seu baixo e Danny conduzia o groove da banda, Billy Bobby eram dois monstros com suas guitarras, sempre correndo de um lado pra outro, Bobby em diversos momentos pulava e rodada em seu canto no palco, enquanto Billy na outra ponta pulava e subia nos retornos, se comunicando com o seu público, que já estava entregue, o Circo Voador era do Biohazard. 

O show foi repleto de clássicos, um setlist simplesmente matador, tocando canções dos 4 primeiros discos e como o show foram somente doze músicas, faltou muita coisa, mas ainda assim, o Biohazard em palco é uma aula de vitalidade!! Mas, depois dessas três clássicas, tivemos Retribution, Five Blocks to the Subway, Victory e antes de anunciar Love DeniedEvan Seinfeld faz um belo discurso sobre família e mostra o seu moleque, que está em tour com a banda, gravando tudo para posterior divulgação. Já começaríamos para a parte final do show, mas o Biohazard não perdoa e vem com o maravilhoso cover para Bad ReligionWe´re Only Gonna Die e depois meus amigos, segura: Punishment Hold My Own e posso falar que ouvir o baixo de Punishment ao vivo foi enlouquecedor e me mantive em frente ao palco, berrando esse hino como se não houvesse amanhã, até que, Hold My Own começa a ser executada e Billy em determinado momento, tem a brilhante idéia de ficar em pé, com a sua guitarra em riste, com a galera segurando! Ok, mas eu estava ali, ele me olha e gestualmente faz o pedido e não poderia deixar de atender o desejo desse “regente do Hardcore” e assim aconteceu, eu e mais alguns fãs conseguimos manter o guitarrista em pé, bem mais perto do seu público.

Show do Biohazard foi uma aula de New York Hardcore, eles ontem mostraram o porquê, nos anos 90, ao lado do Pantera e do Sepultura foram os gigantes do tempo, groove, peso, originalidade, show contagiante e o mais importante, música de qualidade, ontem foi uma noite no qual o guerreiro homenageado e tão cultuado pelo Rio de Janeiro ficou feliz, em ver Guerreiros (mesmo que de outra batalha), celebrando ao som das ruas, sejam elas Nova Iorquinas ou Cariocas. Agradecemos ao pessoal da Rider2 no qual confiou em nosso trabalho, nos garantindo a entrada para essa cobertura acontecer.

TODAS AS FOTOS POR ADRIANA DE ALMEIDA