No sábado, dia 28 de Outubro de 2023, o gigante Roger Waters retornou à Cidade Maravilhosa para um show de sua turnê de despedida, This Is Not a Drill. A Headbangers Brasil, pelos olhos e ouvidos do nosso colaborador Juliano Mattos não poderia ficar de fora. Então, fiquem com o texto e, no final, as fotos do Marcos Hermes.

Em talvez sua última passagem por essas terras, Roger Waters mais uma vez hipnotizou o público com uma performance notável na turnê “This Is Not a Thrill”.

Nas palavras do próprio fundador e ex-integrante do Pink Floyd, a turnê parte de uma “acusação impressionante da distopia corporativa na qual todos nós lutamos para sobreviver e um apelo à ação para amar, proteger e compartilhar nosso precioso e precário lar planetário”.

O concerto foi uma jornada épica pelas músicas icônicas do Pink Floyd e pelo seu próprio repertório.

Como era de se esperar por qualquer presente minimamente informado, foi uma experiência não apenas musical, mas também política e socialmente densa, embora revigorante. Waters é conhecido por incorporar mensagens políticas em suas apresentações, sempre mantendo uma atmosfera de profundo ativismo e denúncia, e esta turnê não foi exceção.

O primeiro set começou com uma versão estilizada de “Comfortably Numb“, com o imenso e impressionante telão ainda cobrindo a visão que o público teria de sua competente banda para dar lugar a uma performance teatral de Waters.

A multidão foi levada a uma viagem pelos clássicos, incluindo “Another Brick on the Wall” e “Shine On You Crazy Diamond (parts VI-IX)”, com o lendário músico mostrando seu domínio no palco. “Sheep” foi realmente intensa, com projeções visuais impressionantes e uma gigantesca ovelha percorrendo os céus do Estádio Nilton Santos (mais conhecido como Engenhão).

“Have a Cigar” e “Wish You Were Here” (essa particularmente emocionante pela narrativa em português no telão e a constante lembrança do falecido fundador da banda, Syd Barret) trouxeram à tona as críticas de Waters à indústria da música e à superficialidade.

Ainda no primeiro set antes de um pequeno intervalo, sua carreira solo foi lembrada com “The Powers That Be” e “The Bravery of Being Out of Range”, duas faixas que abordam questões de autoritarismo e controle estatal.

O segundo set trouxe a poderosa presença de “In the Flesh” e a energia de “Run Like Hell”. O álbum “Is This the Life We Really Want?” também teve destaque com músicas como sua faixa título e a excelente “Déjà Vu” , mostrando a relevância contínua de Waters como compositor e intérprete.

A tirar pela reação do público, o ponto alto foi a execução do lado B inteiro de “Dark Side of the Moon”, com destaque para “Us and Them”, “Brain Damage” e “Eclipse”, proporcionando um clímax emocional e visual, com uma incrível projeção de lasers tendo como referência a icônica capa do álbum. O concerto terminou de forma intimista, com um Roger Waters visivelmente satisfeito e comovido.

A turnê “This Is Not a Thrill” demonstrou, mais uma vez que, Roger Waters continua sendo uma força imparável na música, cativando multidões com seu legado e sua habilidade de transmitir mensagens poderosas. Foi um espetáculo inesquecível que trouxe à tona o brilhantismo atemporal de um dos maiores músicos de todos os tempos.

Mais do que simplesmente um show de rock, Waters deseja tirar seu público de sua privilegiada posição de conforto, com mensagens às vezes incômodas, porém de um trágico realismo. Foi uma manifestação de protesto e crítica voraz, onde as músicas e as projeções visuais intercaladas transmitiram as preocupações de Roger Waters sobre o estado do mundo.