Após sua última apresentação em 2019 no Brasil ser em um evento voltado exclusivamente para o horror, a Horror Expo, a banda sueca de metal industrial Deathstars volta a São Paulo, dessa vez em uma nublada e fria sexta-feira 13. Coincidência? Eu acho que não.

Abrindo a noite na casa de shows Fabrique Club, pontualmente às 20h sobe ao palco a banda carioca Drama, liderada pela voz potente e versátil de Eddie Torres. Fundada em 2006, tocam gothic rock com elementos de industrial, sendo totalmente coerente a escolha deles como banda de abertura. Carismáticos e competentes, tocaram um setlist consistente, interagiram com o público com muito bom humor e até mesmo tocaram um cover de Lovesong. Em alguns momentos o som chegou a ficar estourado, especialmente para quem estava ali perto do palco, mas isso não abalou a performance da Drama, que durou por volta de 45 minutos. Quem quiser conhecer mais o trabalho da banda, pode encontrá-los no Instagram @bandadrama.

Com 17 minutos de atraso e um público impaciente, enfim começa a grande atração da noite. O baterista Nitro é o primeiro a entrar, seguido do guitarrista Cat Casino e do baixista Skinny Disco, deixando a plateia eufórica. Começam os primeiros riffs de Night Electric Night e entra o último integrante: o vocalista Whiplasher Bernadotte, recebido com muitos gritos e animação. Novamente, a turnê latino-americana não teve a presença do fundador da banda, Nightmare Industries.

Como a turnê é de divulgação do seu novo disco, Everything Destroy You, a segunda música já foi uma das novas, Between Volumes and Voids. Surpreendentemente, o devoto público que estava na frente sabia cantá-la como se fosse um de seus hits mais antigos. Ao final, Cat Casino fala algo em sueco no microfone, provavelmente para a equipe de som. De fato, em diversos momentos o microfone de Whiplasher ficava muito mais baixo do que o som dos instrumentos. Felizmente a plateia deu conta do recado e cantou a plenos pulmões independentemente de problemas técnicos.

Seguimos com All the Devil’s Toys e Ghost Reviver, ambas do cd The Perfect Cult – último lançado antes de 2023 – sempre com uma presença de palco incrível de todos os integrantes. Whiplasher coloca o microfone para o público cantar, Skinny e Cat andam pelo palco a fim de que todos tenham um bom close deles.

Midnight Party é a próxima a ser tocada, também do cd novo, e assim que ela acaba, Whiplasher conversa um pouco com os presentes antes do Fabrique vir abaixo com Tongues. A partir daí o público ficou ensandecido, pulando e gritando cada vez mais, o que não é para menos, já que os grandes clássicos começaram. Com uma sequência absurda de músicas, presenciamos as performances de Cat, Skinny e Whiplasher levarem a plateia à loucura enquanto tocavam The Greatest Fight on Earth, Death Dies Hard, This is (também do cd novo, mas já bem conhecida por ter sido lançado um clipe alguns meses atrás), New Dead Nation – que foi um espetáculo tanto pelo público animado quanto pela banda – e Fire Galore. Em Metal as pessoas deram uma breve desacelerada, apenas para voltar com toda a força com Synthetic Generation, uma das músicas mais conhecidas do Deathstars.

Diferentemente do restante dos shows ocorridos nessa turnê pela América Latina até o momento, aqui no Brasil a banda resolveu trocar a música Anti All por Everything Destroys You, do novo cd de mesmo nome. Mudança essa que foi muitíssimo bem recebida e, novamente, cantada a plenos pulmões, visivelmente deixando felizes o quarteto já satisfeito pelo excelente retorno.

Blood Stains Blonde e Chertograd arrancaram gritos de animação, dando ainda mais gás para o final que se aproxima.  Um jogo de luzes insano, pessoas pulando, Whiplasher vai de um lado a outro dando atenção para todos os presentes ali na frente, Cat e Skinny tocam habilmente enquanto fazem poses para vídeos e fotos; Blitzkrieg faz jus ao nome. Fechando a noite, temos Cyanide, outro grande clássico que foi recebido da forma mais calorosa possível na fria noite de sexta-feira.

Existiram alguns problemas técnicos, como já mencionado anteriormente, porém, devido ao grande carisma da banda, que a todo momento fez questão de mostrar o quanto estavam em êxtase por estarem de volta e o quanto apreciaram a recepção e animação do público, isso não chegou a ser um grande problema ou atrapalhar seriamente esse espetáculo. A atenção deles com os fãs durante o show é algo digno de ser mencionado, assim como a presença de palco de absolutamente todos os integrantes. Era impossível desviar os olhos, a todo momento algo estava acontecendo no palco, alguém estava em movimento interagindo. Além, é claro, de apresentarem um metal industrial de peso e excelência.

Quem teve paciência e aguardou, teve a chance de tirar foto com os integrantes, todos muito simpáticos e agradecidos pela noite que o público brasileiro proporcionou a eles. Falo com tranquilidade, ninguém que visse de fora diria que tinha apenas por volta de 350 pessoas ali. Mesmo com números reduzidos, sabemos como retribuir à altura o show que nos proporcionaram.

Setlist: 

  1. Night Electric Night
  2. Between Volumes and Voids
  3. All the Devil’s Toys
  4. Ghost Reviver
  5. Midnight Party
  6. Tongues
  7. The Greatest Fight on Earth
  8. Death Dies Hard
  9. This Is
  10. New Dead Nation
  11. Fire Galore
  12. Metal
  13. Synthetic Generation
  14. Everything Destroys You
  15. Blood Stains Blondes
  16. Chertograd
  17. Blitzkrieg
  18. Cyanide

Texto por Louise C. S. Minski e fotos por Eddie Junior