Dia Internacional da Mulher: Mulheres do Backstage

“No dia 08 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, dia esse que foi marcado pela luta de mulheres da classe trabalhadora, que sofreram demais e ainda sofrem. Eu iria tentar escrever sobre diversas mulheres do Underground, mas quem sou eu, não tenho esse local de fala, mas no Headbangers Brasil contamos com a Jessica Mar, aquela Menina Que Colecionava Discos, uma fotógrafa exímia e ótima jornalista para falar com vocês sobre a importância da mulherada no nosso cenário Underground Nacional, que, mesmo ainda sendo machista, temos uma mulherada forte e foda fazendo acontecer. Então com vocês, minha querida amiga Jessica Mar, parabéns pelo seu dia minha amiga.” – Augusto Hunter (Redator)

Jéssica Mar, fotógrafa, assessora e redatora e colecionadora

Começamos nossa matéria especial com preâmbulo maravilhoso do nosso redator Augusto. Agora, vamos apresentar algumas mulheres que também estão na luta no Underground Nacional. Sabemos que existem milhares de Mulheres que trabalham na area da música, mas convidei algumas que tive o prazer em conhecer e sempre encontro nos shows, além de acompanhar o trabalho maravilhoso que fazem. Eu gostaria de citar muitas mulheres aqui,mas infelizmente é impossível, a matéria é simples, mas a intenção é dar voz á essas mulheres que fazem o Show Business acontecer. Desejo um Feliz dia á todas as mulheres, todo dia é nosso dia e queremos mais respeito e reconhecimento.

Carla Maio, uma jornalista punk rock!

Fale um pouco sobre você. O que faz no mundo na música e como descobriu que era com isso que queria trabalhar?

Meu nome é Carla Maio, uma jornalista punk rock com 47 anos. Sou diretora de Comunicação da Associação Cultural Rock Guarulhos e colaboradora da Rádio Web Stay Rock Brazil desde 2016. Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo (1995) pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) tenho especialização em Jornalismo Cultural (2017) pela FMU e curso pós-graduação em Canção Popular – Produção, Criação e Performance (2020) na Faculdade Santa Marcelina. Também produzo reportagens para os sites Headbangers News e Cena Independente, e atuo como repórter e assessora de imprensa do Guaru Metal Fest.

O Rock e Metal, sempre foi um ramo com a maioria masculina. Sempre vimos mais homens nos palcos, backstage, resenhando, colecionando CDS, fotografando, produzindo shows… Você mulher, como se sente nesse meio e o que você considera como um desafio nessa area?

Sempre que vou cobrir um show, coloco-me à disposição do acaso, e permito, de alguma forma, que aquela banda ou artista seduza meu intelecto, acredito que seguir essa metodologia é um dos meus maiores desafios. Trocando em miúdos, isso quer dizer que nunca crio expectativas. Comecei a flertar com o metal há pouco mais de 6 anos, quando passei a me dedicar intensamente a entender o gênero e a escrever sobre ele. Isso sempre me deu muito mais trabalho do que normalmente dava para os rapazes headbangers tradicionais quando eles tinham que falar sobre os shows. Por outro lado, me proporcionou um amplo campo de pesquisa e distanciamento, um envolvimento não apaixonado, mas ao mesmo tempo próximo do objeto que me permite cobrir um evento e olhar para detalhes que o fã de carteirinha e longa data perdeu no meio da fé cega e na admiração do artista.

Pode nos contar algum acontecimento que te deixando incomodada relacionando a você ser mulher e trabalhar na area? Posso dizer… algum ato machista já aconteceu com você?

Felizmente, nunca fui vítima de machismo ou assédio no meio artístico, as inevitáveis “cantadas” foram sempre ditas de modo respeitoso. Homens que disfarçam a baixa autoestima com agressividade e vulgaridade estão em todos os lugares, lido com isso numa boa, afinal, o problema está com eles e não comigo.

Todo dia é nosso dia, dia de mulheres guerreiras e que mostrar que podemos estar onde quisermos! Você quer deixar algum recado para outras mulheres (e homens também) que sonham em seguir carreira no “Backstage”?

Muita gente quer estar sob a mira dos holofotes. Para chegarem ali, dependem, sobretudo, de um trabalho de produção cuidadoso, que também exige talento e profissionalismo. É um enorme prazer estar no backstage, sentir a satisfação de ver o espetáculo acontecendo, observar o público curtindo o evento, os músicos dando o melhor de si e recebendo em troca a gratidão e carinho do público. Com relação à cobertura dos shows, também é emocionante transformar momentos em cliques magníficos e palavras únicas, um dom especial que poucos têm. Esse é um universo mágico, entregue-se!

Heloísa Vidal,Pprodutora e Tour Management

Fale um pouco sobre você. O que faz no mundo na música e como descobriu que era com isso que queria trabalhar?

Desde jovem, por volta dos 13 anos, estudava com amigos que já eram envolvidos de com a música, tinham bandas no ABC Paulista. Então já frequentava ensaios, inclusive alguns produtores e músicos famosos hoje em dia também frequentavam conosco. A partir daí, me interessei muito pelo assunto. Comecei a trabalhar informalmente com produção de shows no primeiro BMU (Brasil Metl Union), em 2000. A partir daí tive interesse em aprender mais e trabalhar no meio da música.

O Rock e Metal, sempre foi um ramo com a maioria masculina. Sempre vimos mais homens nos palcos, backstage, resenhando, colecionando CDS, fotografando, produzindo shows… Você mulher, como se sente nesse meio e o que você considera como um desafio nessa area?

No começo foi difícil. Para uma área onde predomina o sexo masculino, é complicado “receber ordens”de uma mulher. No entanto, pouco a pouco, fui conseguindo respeito pelo meu trabalho, independente de ser mulher. Hoje em dia, fico bem à vontade nesse meio. Me sinto como um “deles”, e sou tratada igualmente. O segredo é respeitar e exigir respeito.

Pode nos contar algum acontecimento que te deixando incomodada relacionando a você ser mulher e trabalhar na area? Posso dizer… algum ato machista já aconteceu com você?

Hoje em dia não tenho problema com nenhum (ou quase nenhum) tipo de situação. Trabalho com artistas que, na sua grande maioria são homens, e às vezes temos que lidar com gente trocando de roupa, etc etc. Mas como citei na questão anterior, sou muito respeitada neste meio. Tenho que aceitar brincadeiras, mas isso faz parte da boa convivência. Depois geram boas risadas!

4Todo dia é nosso dia, dia de mulheres guerreiras e que mostrar que podemos estar onde quisermos! Você quer deixar algum recado para outras mulheres (e homens também) que sonham em seguir carreira nesse ramo?

Meu recado para as mulheres que querem trabalhar no meio da música, principalmente na área de produção/ tour management, que é o meu caso, é: Mostrem que são tão competentes quanto (ou mais) do que qualquer um. Exijam respeito. Respeitem. Sejam profissionais sempre. Tudo vem no seu tempo.

Bárbara Martins, fotógrafa

Fale um pouco sobre você. O que faz no mundo na música e como descobriu que era com isso que queria trabalhar?

Minha carreira como fotógrafa se iniciou devido a música. Comecei fotografando shows de metal em 2010, e até então já colaborei para diversos sites, revistas, rádios e tornei possível grandes realizações nas minhas metas pessoais, justamente por ser apaixonada por música e fotografia. Juntar ambas as coisas causa em mim uma emoção muito grande, mesmo após 10 anos fazendo isso é indescritível até hoje. O pouco tempo dentro de um photopit sentindo a emoção entre banda e público e a adrenalina que isso gera é sensacional.

O Rock e Metal, sempre foi um ramo com a maioria masculina. Sempre vimos mais homens nos palcos, backstage, resenhando, colecionando CDS, fotografando, produzindo shows… Você mulher, como se sente nesse meio e o que você considera como um desafio nessa area?

Olha, posso dizer que nesses 10 anos no meio musical, o número de mulheres aumentou absurdamente. Já me encontrei em diversas ocasiões que só tinha eu de mulher no photopit, mas hoje já é notável em como construímos o nosso espaço. Os desafios rolam, mas isso temos em todas as áreas. O importante é trabalhar com dedicação e ter paixão no que se faz. Já vi muitas mulheres ganhando oportunidades no meio e se destacando demais por isso.
Minha fotógrafa preferida é uma mulher, e ela se destaca muito pelo trabalho primoroso que faz.

Pode nos contar algum acontecimento que te deixando incomodada relacionando a você ser mulher e trabalhar na area? Posso dizer… algum ato machista já aconteceu com você?

Sim, já rolou várias situações. Desde precisar pular grade de saia em show pra conseguir fotografar, como também estar sozinha em um ambiente cheio de homem chamando a sua atenção. Já passei por algumas situações bem desconfortantes.
Mas como eu disse, nós construímos o nosso espaço e a cena mudou bastante no decorrer dos anos. Hoje já vejo diversas fotógrafas unidas para fazer desse ambiente muito mais leve, e isso dá muito orgulho, porque sei que estive no meio e influenciei em conseguir melhorar isso também. Quanto mais nós nos unirmos, melhor ficará!

Todo dia é nosso dia, dia de mulheres guerreiras e que mostrar que podemos estar onde quisermos! Você quer deixar algum recado para outras mulheres (e homens também) que sonham em seguir carreira nesse ramo?

É um meio difícil, com vários desafios, mas tudo é possível! Dedique-se, seja focada, descubra a sua paixão e vai em frente! Trabalhar com música, viver e respirar música é maravilhoso e um dos sentimentos mais gratificantes que existem é poder fazer parte disso, junto também com outras mulheres incríveis, que fazem a diferença no que fazem, sempre fazendo com maestria. Não desista de correr atrás dos sonhos!