Sem dúvidas, Edu Falaschi vive mais uma ótima fase em sua carreira, que completou 3 décadas, passando por bandas consagradas como Symbols, Angra e Almah. Em carreira solo, lançou o álbum “Vera Cruz” (2021), que agradou em cheio aos fãs do power metal cantado pelo vocalista.

O músico de 49 anos (completos no dia 18 de maio, quando ocorreu o lançamento oficial do álbum no Brasil), junto ao time renomado da banda, com Aquiles Priester (bateria), Fabio Laguna (teclados), Roberto Barros (guitarra), Diogo Mafra (guitarra) e Raphael Dafras (baixo) alcançou números positivos nos streamings desde o lançamento de Vera Cruz. 

 

Para se ter uma ideia, só nos seis primeiros dias, foram mais de meio milhão de reproduções no Spotify Brasil, segundo o vocalista, que disse estar surpreso com a grande repercussão do trabalho. Este que tem participações renomadas, como Elba Ramalho e Max Cavalera. Para saber mais detalhes do trabalho, leia a nossa resenha.

Em entrevista ao Headbangers Brasil, Edu Falaschi falou sobre a recepção positiva do público brasileiro com o “Vera Cruz” e relembrou momentos especiais durante as gravações, além de outras curiosidades. Confira abaixo como foi o nosso bate-papo!

Headbangers Brasil – Conte mais como é voltar para essa sonoridade mais Power Metal em um álbum oficial, depois de alguns anos de experimentações em outros estilos nos seus trabalhos?

Edu Falaschi – O disco é de 30 anos de carreira, é uma celebração de tudo que eu fiz. Tem um apanhado desses elementos dos 30 anos. Desde o Symbols, Almah e Angra, que basicamente foi power metal, é de resgate, em especial das técnicas que eu usava até o Rebirth. Então eu resgatei. É um disco de festa, coletânea de tudo que já entreguei. 

Headbangers Brasil – Como foi chamar cantores de estilos tão diferentes do seu para participar do Vera Cruz? E a experiência de cantar com Max Cavalera e Elba Ramalho?

Edu Falaschi – Foi muita emoção poder trabalhar com os dois que são meus ídolos. E eles já eram a primeira opção na minha cabeça para essas participações. Tive muita sorte de eles aceitarem de primeira. Não precisei adaptar nada. As músicas eu fiz para eles, dentro do estilo deles. O aceite deles deixou tudo perfeito. Várias vezes me emocionei ouvindo. 

A Elba foi maravilhosa, parecia que a gente já se conhecia há muitos anos, uma grande honra ter essas participações em meu disco de estreia como artista solo e de 30 anos de carreira.

HBR – Com a Elba a gravação foi presencial?

Edu – Sim, nos encontramos no estúdio na casa dela, no Rio de Janeiro. Foi muito maneiro conhecer a equipe dela, todo mundo, os familiares. 

HBR – O que você tem achado dos comentários falando que  o álbum é uma cópia do ToS? Queria confirmar com vc, realmente foi sua intenção fazer uma continuação deste trabalho que participou, ou foi algo natural, que resulta das influências de sua formação musical?

Edu – Foi algo bem natural, porque cantei no Angra por 11 anos. A voz do Angra e o DNA está do Vera Cruz. O fã tem que fazer o cálculo contrário, porque isso é natural. Assim, se o Brian Johnson, por exemplo, lançar um álbum solo, ele vai remeter ao AC/DC. 

Não tem para onde correr. As pessoas estranhariam se depois de 30 anos, cantando power metal, nesse estilo e eu vou fazer um disco de celebração, ele soar como reggae (risos). É o mesmo cara que compôs, cantou no Symbols, no Temple of Shadows ou Rebirth. Então o que podemos dizer é que a galera tem que aceitar. Eu fiz parte de tudo isso. 

Chega a ser engraçado esses comentários negativos. Não tem jeito, você vai ouvir os discos e lembrar do Angra, Almah, então é isso. So sorry my friend (risos).

HBR – Por curiosidade, se você fosse fazer um disco de outro estilo, seria qual?

Edu – Faria um disco de jazz dos anos 40, bem diferente. O que eu faria, eu acho. 

HBR – Conte mais para gente mais sobre a sua parceria com o Roberto Barros, que já dura alguns anos, não apenas como guitarrista de sua banda, mas também na composição e produção?

Edu – Que difícil falar do Roberto, pois como diz o Roberto Carlos, muitas emoções (risos). O Roberto Barros é um gênio na guitarra, e no processo também vi que ele é muito bom compositor e produtor. 

Por exemplo, o arranjo da Land Ahoy. O solo de violão, ele que fez, criou aquilo lá. O cara não é só virtuose, só metal, ele é um monstro na música. Ele tem as ferramentas nas mãos para fazer. Um artista completo. Uma honra e não podia ser uma parceria melhor. 

HBR – Edu, o Japão atualmente é sua prioridade nos lançamentos do trabalho, porque você adotou essa visão de mercado?

EDU – Na verdade, o lançamento do Vera Cruz ter sido primeiro no Japão foi apenas uma questão de estar em todas as plataformas de contrato com a gravadora. Mas o digibook, com o livro em português, só tem no Brasil. O Brasil saiu na frente. Assim como  box com vários produtos, feito com qualidade, tem só no Brasil. O Brasil é o privilegiado da vez nos lançamentos.

HBR – E como você analisa a questão da repercussão do Vera Cruz entre os fãs brasileiros?

 

Edu – Não imaginei que a galera ia gostar tanto assim do Vera Cruz! Claro que já havia os fãs que eu acompanhei a expectativa mas a repercussão tá muito animal. Já batemos meio milhão de reproduções do Vera Cruz só no Spotify Brasil. Desde o dia 18 até a segunda-feira (24). Ou seja, esse número em apenas seis dias. Estou muito feliz com essa repercussão no Brasil. Sem contar o Spotify mundial. E imagine como deve estar muito maneiro (risos). 

HBR – Uma vez que o álbum saiu em streaming no Japão, era esperado que ele chegasse rapidamente ao resto do mundo. Você ficou chateado com isso ou já era algo esperado?

Edu – A gente sabia que isso ia rolar, mas como tem o contrato, não tem o que fazer. Mas eu achei que se espalhou muito rápido, e isso foi uma grande e boa surpresa. Horas depois praticamente o mundo inteiro já tinha. É o mundo da internet, precisamos conviver com esta situação.

HBR – Você já planeja um próximo álbum?

 

Edu – Já, e inclusive estou com muitos planos legais, mas que não posso falar ainda. É para o ano que vem, obviamente a turnê. A cabeça já está fervilhando. 

HBR – Você já adiantou que não pode falar, mas mesmo assim vamos perguntar. Como será o show do Vera Cruz?  o álbum seria tocado na íntegra, uma vez que é conceitual?

Edu – Você acertou na mosca, não posso falar (risos). 

HBR – Mas você já tem convites para shows no exterior, uma vez que por lá a pandemia já está acabando?

Edu – Não, por enquanto prefiro esperar, até por questão de segurança. Convites já surgiram, mas enquanto não tiver todo mundo vacinado. Não poderemos sair em turnê. Mas a expectativa é que ano que vem vamos focar mais nisso. 

HBR – Fale mais sobre a arte da capa, o que significa esses símbolos?

Edu – A arte é do Carlos Fides., ele que fez o design. A capa tem o personagem principal, o Jorge,  e alguns personagens como o próprio Pedro Álvares Cabral, a Janaína, o Cacique Piatã e a caravela Frol de la Mar. Então são elementos que compõem a história. 

É um épico que mistura a cultura europeia  com a do Brasil. Eu queria muito trazer uma atenção para a história de nosso povo. Tem bastante atenção para os elementos do Brasil. Bem rica a história, com muitos elementos. O Fábio Caldeira me ajudou a fazer o conceito com todos os arranjos e orquestras, pra ficar bem cinematográfico. Tudo é conectado, capa, áudio letra, tudo tem uma conexão

HBR – Tem algum plano para lançar essa história em algum formato, talvez filme, livro ou graphic novel?

Edu – Eu não posso contar muitas coisas mas tudo é possível

HBR – Ainda há algo no horizonte pro Almah?

Edu – Não, no momento o foco total é em minha carreira solo, estou seguindo por este caminho. Entendo o sentimento de quem gosta do Almah, mas é um direcionamento, uma fase atual da minha carreira. 

HBR – Como foi todo o clima para a gravação do Vera Cruz? Algum momento especial?

Como o Max  mora nos Estados Unidos, toda a gravação foi online. Mas felizmente deu tudo certo. Com a Elba, como falei, estive no Rio de Janeiro. Nossa gravação teve vários momentos maravilhosos. Gravamos a bateria com o Liminha, uma lenda da música. O estúdio tem muito disco de ouro, de platina. É algo fenomenal. Aprendi muitas coisas com eles. 

Poder gravar de novo com o Aquiles, disco novo, o último foi em 2006, com o Aurora Consurgens. Matamos a saudade. Teve o Thiago Bianchi, ele foi pro Rio de Janeiro e destruiu também o estúdio dele em São Paulo, tirando som de guitarra, baixo e bateria.

Trabalhar de novo com o Dennis Ward, que produziu o Rebirth, Tos e Aurora foi muito bom porque realmente ele é muito bom no que faz. Foi um alto astral generalizado. Tudo funcionou como queríamos. Os corais também foram um brilho à parte, com o Fabio Caldeira, o Thiago e a Raissa. O meu irmão Tito gravou um solo da Bonfire of The Vanities e quando ele mostrou o solo, me emocionei. 

O Tiago Mineiro, pianista renomado, o percussionista Marcos Cesar, que tocou até com o Phil Collins, foi uma grande honra, O Federico Puppi no cello, domina o instrumento como ninguém, o Rafael Meninão, sanfoneiro que toca com a Elba, que aceitou na hora o convite para participar de rainha do Luar. 

A minha esposa me ajudou na letra de Rainha do Luar. Em resumo, o disco teve um trabalho cuidadoso, incluindo a distribuição desse material, da empacotadora, até os músicos, só profissionais top. Foi fenomenal. Tudo no Vera Cruz foi maravilhoso. Um exército de verdade e as coisas funcionaram muito bem, porque teve verdade no projeto. 

HBR – Manda um recado para os fãs que acompanham o Headbangers Brasil.

Galera do Headbangers Brasil, obrigado pelo apoio e espero revê-los em breve,  na próxima turnê ano que vem. A gente vai se ver ao vivo e vai ser legal demais!

Entrevista realizada por Jéssica Alves.

Apoio: Daniel Tavares

Fotos: Divulgação